Um estudo da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, publicado pelo jornal “Daily Telegraph”, mostrou que ler poesia estimula o lado direito do cérebro onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, ajuda a refletir sobre elas e entendê-las a partir de outra perspectiva. Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo.
De acordo com a publicação, os resultados mostram que a atividade cerebral se acelera muito quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não há reação quando o mesmo conteúdo é expresso em linguagem coloquial, com fórmulas de uso cotidiano.
Um livro pequeno e forte, pode ser um boa experiência para ampliação da sensibilidade. É o livro “Sentimento do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade. A poesia a seguir faz parte dele:
Congresso Internacional do Medo
“Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.”
Carlos Drummond de Andrade
Livro: Sentimento do Mundo
Autor: Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Editora: Companhia de Bolso