Para quem não conhece São Paulo, ter seu primeiro contato por meio das marginais Tietê ou Pinheiros é tocar de choque em algumas de suas características mais visíveis.
A primeira, e muito marcante é o odor (para não dizer fedor, que não é uma palavra bonita) característico dos rios, que mostra que a cidade ainda está a milhares de milhas de uma situação no mínimo adequada do tratamento das suas águas, dos seus detritos, do seu meio ambiente.
Outro aspecto é sua considerável organização e educação no trânsito, conquistada a duras penas (multas) e alguma educação que vai avançando um pouquinho a cada dia.
O desejo de ter algum verde no meio de tanto e desordenado concreto, ainda que no meio da fumaça e da fuligem, vem forte na vegetação que margeia os rios. As plantas que ali florescem lindamente representam um pouco de sua população, que não fraqueja diante de uma dificuldade qualquer.
A ponte estaiada na Marginal Pinheiros (Ponte Octavio Frias) mostra muito sobre São Paulo. É forte, é de concreto armado, mas tem a leveza das curvas e dos cabos que a sustentam sobre o vão de 122 metros. É a realização de um projeto que, como a cidade, privilegia os carros. Por ali não podem passar pedestres, nem bicicletas, nem mesmo ônibus…
A ciclofaixa e o trem que margeiam o rio Pinheiros faz, de leve, o contraponto com esse não pensar no todo da população, ainda que voltemos ao caso do odor…
Os edifícios de empresas, bancos e hotéis de luxo convivem de frente com conglomerados de casas populares ou favelas. Como é a cidade, de ricos e de pobres que convivem ou se enfrentam lado a lado.
No entanto, o que um passeio pelas marginais não é capaz de passar nem raspando é por uma das melhores características desta megacidade: Sua convivência secular com migrantes e imigrantes.
Quem vive em São Paulo convive com pessoas de diferentes origens na escola, na igreja, na vizinhança, no boteco, nos restaurantes, nas feiras e com suas culturas na arquitetura, na música, na culinária, no teatro, na dança, nos esportes, nas mais diversas formas de pensar e agir. E essa forma de ser misturada-sem-nem-se-pensar-sobre-isso tem o valor de tornar cada um mais humano, mesmo com tanta dureza ao redor, e mais capaz de enfrentar os desafios seja quais forem, seja de onde vierem.
Só em São Paulo para o time mais paulistano de todos (e também o seu maior rival), terem sido fundados por italianos. Ou para haver um Centro de Cultura Árabe no meio de um bairro que comporta em sua maioria descendentes judeus. Ou para ter a maior colônia japonesa fora do Japão, ou produzir milhões de pizzas por dia. E tantos e tantos outros exemplos assim.
Os parabéns são para São Paulo e sua capacidade de atrair e reter pessoas que a fazem ser culturalmente diversa, pra valer. Firmeza!