Café com a Oficina: Tudo para mim X Ubuntu

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Por vezes as pessoas confundem ESTAR com o SER. Quem está diretor de qualquer coisa, é uma pessoa que merece o mesmo respeito que aquele que tem o menor cargo na empresa. Quem está em um cargo público em uma democracia, assim está temporariamente, para fazer o melhor para todos e não para alguns e, muito menos, para ele próprio.

Existe uma belíssima filosofia de alguns povos africanos que se denomina Ubuntu. Ela trata da humanidade com os outros, de como se comportar em sociedade. Sua essência é a generosidade, a solidariedade e a compaixão com os necessitados, que se traduz em ação concreta que faz compartilhar o que se sabe e o que se tem.

Corre por aí uma história, que pela filosofia Ubuntu pode mesmo ser verdadeira, que diz que um antropólogo que estudava os usos e costumes de um povo africano, em seu tempo livre resolveu brincar com as crianças, e pensou em uma brincadeira que achou inofensiva: colocou ao pé de uma árvore uma bela cesta com doces e guloseimas e avisou as crianças que a seu sinal, deveriam correr e quem chegasse primeiro seria o vencedor e ganharia a cesta com todos os doces. Ele demarcou uma linha, as crianças se posicionaram ali e quando ele deu o sinal, instantaneamente elas deram-se as mãos, correram juntas até a árvore e distribuíram os doces entre si. O antropólogo, muito admirado, perguntou por que agiram assim e elas responderam: “Ubuntu. Como um de nós poderia ficar feliz se todos os outros estivessem tristes?” Ele descobriu então a essência do Ubuntu: Sou quem sou, porque somos todos nós!

Essa atitude ocorreu naturalmente sem a necessidade de uma lei obrigar as crianças a agir assim. Empresas têm seus códigos de ética e países têm suas leis, mas por melhor que sejam, servem para quase nada se as pessoas não tiverem valores pessoais e confundam o ESTAR com o SER.

Para ficar em um pequeno exemplo, se uma pessoa ganha brindes no exercício do seu cargo é justo e direito destinar esses brindes à instituição que a pessoa ESTÁ representando, já que ela não É a instituição. Existem leis para regular isso, mas realmente elas não seriam necessárias se as pessoas pensassem com a filosofia Ubuntu ou, pelo menos, tivessem vergonha de usufruir o que não é seu. E esses brindes poderiam fazer bela diferença em museus, bibliotecas, escolas. Ou, se estes não forem bons destinos, poderiam ser leiloados e com o dinheiro arrecadado comprar ao menos um equipamento de radioterapia e dar uma força para cerca de 120 brasileirinhos (ou mais) por mês, que fazem uso do equipamento.

Muitos problemas acontecem e acontecerão não apenas porque algumas pessoas levam vantagens que não deveriam ser para elas, mas para todos. Acontecem porque muitas pessoas, que não levam vantagem alguma, nem se apropriam de nada que não é seu, não denunciam quem o faz. E por que não denunciam? Por medo. Medo de perder o emprego, medo de não ser querido, medo de não ser promovido.

Os bons precisam se rebelar, e rápido. Se não, as empresas e instituições deste país vão desmoronar e seus destroços atingirão a todos. E não é esse tipo de compartilhamento que a filosofia Ubuntu prega.

Para saber mais, esta é a regra para o recebimento de brindes na presidência do Brasil: http://goo.gl/9QuCke

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