A genialidade de um dos maiores matemáticos de todos os tempos já seria um bom motivo para um filme, porém esta história mostra aspectos reais, que interessam ainda mais por se aproximarem dos problemas que o mundo continua enfrentando, apesar de passados quase cem anos do período retratado. Ele traz as diferenças culturais criando barreiras entre povos, o racismo mostrando suas perversas garras mesmo entre eruditos, os aspectos religiosos ainda causando divisões pelos opostos incredulidades e fé irrestrita.
O indiano Rāmānujan (1887–1920), demonstrava extraordinária inteligência matemática desde a infância e, apesar de grandes percalços, acabou, em 1913, por ser indicado e aceito na Universidade de Cambridge, Inglaterra, sob a tutela do professor Hardy. Mesmo sem formação acadêmica, Rāmānujan contribuiu definitivamente em diferentes áreas da matemática.
O diretor Matt Brown se apaixonou pela história real retratada no livro de Robert Kanigel e por querer ser o mais fiel possível ao retrato de Rāmānujan contido no livro, viajou com o autor pela Inglaterra e pelo sul da Índia. As locações do filme foram autênticas, sendo realizadas gravações na própria Trinity College, em Cambridge, na Inglaterra, e no Sul da Índia, demonstrando cuidado nos mínimos detalhes.
Isso incluiu o rigor com a própria matemática, pois apesar de retratar esta ciência com leveza, o diretor e os atores contaram com a assessoria do Professor Ken Ono, da Universidade Americana de Emory, para que não houvesse erros que danificassem a correta imagem do matemático. O professor é um dos responsáveis por desvendar mistérios matemáticos ainda surpreendentes deixados em um caderno de Rāmānujan, que ficou perdido por muitos anos. O professor Ono é indignado com o estado da educação da época de Rāmānujan e que se preserva nos dias atuais, onde um aluno excepcional pode ser reprovado por regras em excesso. Rāmānujan foi reprovado na Índia, por não se sair bem em inglês e o próprio Ono largou o sistema educacional e depois entrou na Universidade de Chicago sem um diploma escolar.
O autor Kanigel e o diretor Brown acabaram por se tornar grandes amigos e nos interessa neste texto ressaltar este aspecto da importância (em todos os sentidos) de boas relações profissionais como as mostradas no filme, onde Rāmānujan e o professor Hardy, pessoas de características pessoais, culturais e religiosas diametralmente opostas, buscam a força de sua relação no claro interesse comum. Essa relação possibilitou um grande avanço do conhecimento matemático e das conquistas da humanidade.
A clareza de objetivos pode ser o fator que nos apoia a superar divergências e a realizar feitos que valem a pena para todos.
Título original: The Man Who Knew Infinity
(O homem que viu o infinito)
2015
Baseado no livro: The Man Who Knew Infinity de 2015, escrito por Robert Kanigel
Diretor: Matt Brown