Café com a Oficina: A História das Coisas

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Em 2007 Annie Leonard ficou famosa após a divulgação do vídeo “The Story of Stuff”, onde conta como o ciclo de extrair, fazer e descartar, impacta no meio ambiente e na vida de todos nós. Em 2010 Annie lançou um livro homônimo relatando de onde surgiu esse interesse e como passou investigar a produção de coisas do mundo.

No Greenpeace, seu primeiro emprego, Annie rastreava o descarte do lixo gerado nos Estados Unidos. Após algumas viagens ela notou que havia um problema nessa organização e em outras que protegem o meio ambiente: a superespecialização das equipes. Uns lutavam pelos animais e pessoas, outros pela água, outros pelas florestas.

Onde estava o erro? O consumo de um minério na produção de componentes eletrônicos aumenta a exploração, abuso e mortes de civis na África. Meses depois há um descarte enorme desses mesmos produtos que ficaram obsoletos, poluindo rios, solo, matando florestas e animais que entram em extinção. Annie notou que a economia é um subsistema da biosfera e precisa respeitar os limites dos outros subsistemas. Os desafios são interligados, mas as soluções que buscamos nem sempre são.

Vivemos num sistema capitalista que promove o consumo, mas o problema básico nunca será só deixar de consumir. Não é só o comportamento individual, mas o que ela chama de “máquina fatal do extrair-fazer-descartar” e ao longo do livro detalha a história da produção de várias coisas sugerindo alternativas para um novo sistema ecológico-econômico.

Extrair ouro suficiente para fabricar uma aliança de casamento, por exemplo, produz 20 toneladas de resíduos contaminados com cianeto. A extração de diamantes gera desmatamento, exploração e mortes. “A indústria fez um fabuloso trabalho em divulgar pedras como símbolo de amor, compromisso, riqueza e status. Mas não temos que acreditar nisso. Há inúmeras outras maneiras de demonstrar essas coisas”, enfatiza Annie.

O problema do lixo não é só o descarte inadequado, mas a extração de recursos naturais, a fabricação e seus processos químicos envolvidos, o design das coisas, a distribuição e o marketing que incentiva o consumo.

Os produtos podem durar mais? A fabricação pode ser menos agressiva ao meio ambiente? O consumidor não pode devolver componentes aos fabricantes? Por que não compartilhar ou comprar usado? Não há outro material que se degrade mais rápido? Uma pessoa precisa possuir mais de 10 pares de sapato, inúmeras roupas e acessórios e descartá-los a cada estação?

Soluções que envolvem governos, leis, comunidades e fornecedores são um sinal de que há esperança. Tudo deve estar interligado em busca de uma economia de materiais reduzida e novas formas culturais de consumo compatíveis com os recursos disponíveis.

Reduzindo a abrangência do pensamento de Annie, vemos que nas empresas, o pensamento departamentalizado também traz inúmeras consequências, o que inclui maiores custos, maiores consequências ao meio ambiente e maiores desgastes de todos os tipos na relações. Pensar o todo! Este é o alerta.

VEJA MAIS:

Link para o livro: https://www.estantevirtual.com.br/…/a-historia-d…/3415121322

Link para o vídeo The Story of Stuff: https://www.youtube.com/watch?v=9GorqroigqM

Link para uma versão resumida: https://www.youtube.com/watch?v=3poTJHeBtBM

Livro: A Historia das Coisas – Annie Leonard | Estante Virtual
www.estantevirtual.com.br

Escolhemos a Estante Virtual por ser coerente com a proposta do próprio livro. Ao invés de comprar algo novo, que tal reutilizarmos?

Café com a Oficina: Empresa do bem-Ciclo Orgânico

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Nos últimos tempos, vêm surgindo alguns empresários que têm o propósito majestoso de contribuir para reduzir as mazelas provocadas pelo homem contra a natureza e, consequentemente, contra a própria humanidade. Pensar, investir e arriscar em um campo desses ainda surpreende, principalmente pelos cuidados com os detalhes, que não podem destoar do propósito principal. Um negócio desse tipo não pode ter um processo que polua, que não integre pessoas de várias crenças, raças e culturas, não pode passar perto de hierarquias arcaicas e muito menos não ter respeito com as pessoas que fazem o negócio acontecer. Aí está seu duplo desafio.

Uma destas empresa do bem é a Ciclo Orgânico, que foi criada no Rio de Janeiro pelo engenheiro ambiental Lucas Chiabi, de 26 anos, que se indignava de ver o lixo orgânico lotar aterros, quando poderia ser um perfeito insumo para um adubo de alta qualidade. É um negócio social, que tem como propósito construir uma comunidade sem lixo. Sua meta é mudar a forma como as pessoas veem os resíduos: passam a ser uma solução e não um problema. A iniciativa foi vencedora do programa Shell Iniciativa Jovem, em 2015. Em pouco mais de um ano, o número de clientes passou de 15 para cerca de 300 e hoje já são mais de 600.

O negócio é mesmo um ciclo: com uma pequena taxa mensal, eles entregam baldes com vedação para evitar cheiro ou insetos, de tamanhos adequados à quantidade de resíduos orgânicos. As retiradas semanais dos baldes das casas ou empresas são realizadas utilizando a bicicleta como meio de transporte. Este resíduo entra em processo de compostagem*, vira adubo que é aplicado em hortas. O cliente pode optar por receber mensalmente um pacote de adubo ou mudas de tempero.

*Compostagem é o nome do processo de decomposição de matéria orgânica (principalmente restos de frutas, verduras e legumes, mas também saquinhos de chá, toalhas de papel). O resultado desse processo é o adubo, que é usado para a fertilização do solo.

A empresa já tem 6 funcionários de carteira assinada e, por enquanto, cerca de 25 toneladas de resíduos são recolhidas por mês, reduzindo o peso nos caminhões de lixo e, a médio e longo prazos, a quantidade deste caminhões circulando pela cidade. Alivia também a carga diária de resíduos nos lixões e aterros sanitários. O trabalho deles, desde 2015, fez com que fossem lançadas 150 toneladas de CO2 a menos na atmosfera.

Por enquanto eles atendem somente a cidade do Rio de Janeiro, mas a torcida é que ampliem sua abrangência e apoiem o Brasil todos a dar um tratamento muito melhor a seus resíduos.

Jovens com propósito podem mudar o mundo para muito melhor. Se sua empresa fica no Rio de Janeiro, não fique fora desta iniciativa. Se fica em outro local, por que não incentivar a Ciclo Orgânico a crescer e fazer com que os seus colaboradores sintam-se também fazendo o bem.

https://cicloorganico.com.br/