Polinizando ideias: O mentor e a imaginação

reencontro

“O Reencontro” traz de forma suave, porém contundente, a importância de um Mentor. Esse termo aparece na mitologia grega, sendo o nome de uma pessoa que aconselha, compartilha sabedoria.

Este filme mostra o ganho que qualquer pessoa tem ao buscar inspiração e aprendizado com pessoas que já viveram experiências diferentes e que tenham habilidade de transferir não apenas conhecimento, mas de inspirar novos comportamentos. Mostra também que esta é uma típica relação onde todos ganham, pois o próprio mentor se transforma, se reencontra.

Outro aspecto pelo qual vale assisti-lo é por ele falar e demonstrar a força da imaginação, já que a procura pelo que não está lá é o que mobiliza o ser humano para o novo, para o porvir que vale a pena.

Morgan Freeman interpreta um escritor e se você quiser se encantar e viver um pouco a força que tem a imaginação, fique atento à história do elefante, com a qual ele presenteia a filha da vizinha em seu aniversário, além é claro de seu papel de mentor, que é o tema central deste texto.

Nesta época onde a informação está na palma da mão, um mentor ainda tem importância e relevância para o desenvolvimento de profissionais melhores, de pessoas melhores e é disso que as empresas e o mundo estão precisando mais que nunca.

O Reencontro (The Magic of the Belle Isle)
Diretor: Rob Reiner
Com: Morgan Freeman 
EUA
2012

Polinizando ideias: Blade Runner 2049 e o poder de uma lembrança

BladeRunner2049
Blade Runner 2049 quase se chamou na tradução em português: “Blade Runner – Androides Sonham”, nome que se refere ao livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick e que inspirou o primeiro filme “Blade Runner” lançado há 30 anos.
A imaginação humana é capaz de alguns inusitados carinhos, como neste Blade Runner 2049, onde lembranças de infância, cuidadosamente imaginadas para parecerem verdadeiras, são implantadas nos replicantes (androides) que foram criados à imagem e semelhança de humanos adultos, para serem seus escravos em tarefas que não interessam aos homens e mulheres de uma terra imprópria para a vida.
A justificativa para as lembranças (que são vitais ao roteiro) é a de propiciar acalanto à dura vida dos replicantes.
Pequenos carinhos podem ser grandes diferenciais, por propiciar momentos de prazer e felicidade que, por vezes, grandes esforços seriam incapazes de proporcionar.
Uma toalha quente para higienizar as mãos em um restaurante japonês, um bombom de boa qualidade sobre o travesseiro de um hotel, um bilhete de boas vindas no trabalho na volta das férias, uma janelinha para a terra (dizem os astronautas), um atendente de padaria que já sabe o que você deseja e o prepara com cuidado, um desenho do seu filho te abraçando.
Se uma empresa consegue encontrar esse meio gentil, carinhoso e genuíno de propiciar um momento de felicidade ao seu cliente, ela se aproxima de uma relação de confiança que tem valor inestimável. Agora, se uma empresa consegue ter ações de carinho e cuidado genuíno com seus empregados, certamente fará com que seu produto, serviço e imagem sejam da melhor qualidade.
Blade Runner 2049
Direção: Denis Villeneuve
Com: Ryan Gosling, Harrison Ford, Robin Wright, Dave Bautista
Estados Unidos
2017

Polinizando Ideias: O homem que viu o infinito

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A genialidade de um dos maiores matemáticos de todos os tempos já seria um bom motivo para um filme, porém esta história mostra aspectos reais, que interessam ainda mais por se aproximarem dos problemas que o mundo continua enfrentando, apesar de passados quase cem anos do período retratado. Ele traz as diferenças culturais criando barreiras entre povos, o racismo mostrando suas perversas garras mesmo entre eruditos, os aspectos religiosos ainda causando divisões pelos opostos incredulidades e fé irrestrita.

O indiano Rāmānujan (1887–1920), demonstrava extraordinária inteligência matemática desde a infância e, apesar de grandes percalços, acabou, em 1913, por ser indicado e aceito na Universidade de Cambridge, Inglaterra, sob a tutela do professor Hardy. Mesmo sem formação acadêmica, Rāmānujan contribuiu definitivamente em diferentes áreas da matemática.

O diretor Matt Brown se apaixonou pela história real retratada no livro de Robert Kanigel e por querer ser o mais fiel possível ao retrato de Rāmānujan contido no livro, viajou com o autor pela Inglaterra e pelo sul da Índia. As locações do filme foram autênticas, sendo realizadas gravações na própria Trinity College, em Cambridge, na Inglaterra, e no Sul da Índia, demonstrando cuidado nos mínimos detalhes.

Isso incluiu o rigor com a própria matemática, pois apesar de retratar esta ciência com leveza, o diretor e os atores contaram com a assessoria do Professor Ken Ono, da Universidade Americana de Emory, para que não houvesse erros que danificassem a correta imagem do matemático. O professor é um dos responsáveis por desvendar mistérios matemáticos ainda surpreendentes deixados em um caderno de Rāmānujan, que ficou perdido por muitos anos. O professor Ono é indignado com o estado da educação da época de Rāmānujan e que se preserva nos dias atuais, onde um aluno excepcional pode ser reprovado por regras em excesso. Rāmānujan foi reprovado na Índia, por não se sair bem em inglês e o próprio Ono largou o sistema educacional e depois entrou na Universidade de Chicago sem um diploma escolar.

O autor Kanigel e o diretor Brown acabaram por se tornar grandes amigos e nos interessa neste texto ressaltar este aspecto da importância (em todos os sentidos) de boas relações profissionais como as mostradas no filme, onde Rāmānujan e o professor Hardy, pessoas de características pessoais, culturais e religiosas diametralmente opostas, buscam a força de sua relação no claro interesse comum. Essa relação possibilitou um grande avanço do conhecimento matemático e das conquistas da humanidade.

A clareza de objetivos pode ser o fator que nos apoia a superar divergências e a realizar feitos que valem a pena para todos.

Título original: The Man Who Knew Infinity
(O homem que viu o infinito)
2015
Baseado no livro: The Man Who Knew Infinity de 2015, escrito por Robert Kanigel
Diretor: Matt Brown

Polinizando ideias: As crianças argentinas e o cinema

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A Argentina tem um padrão cultural muito diferenciado, quando tomamos por base, por exemplo, a relação livrarias X habitantes de Buenos Aires em comparação com São Paulo, percebe-se nitidamente que são muitas páginas de distância. Em 2015, São Paulo tinha 390 livrarias, ou 3,5 livrarias por grupo de 100 mil habitantes, enquanto Buenos Aires tinha 734 ou seja, 25 livrarias a cada 100 mil habitantes. Interessante é, que as livrarias independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro argentino, sendo poucas as redes, o que dá um caráter de maior proximidade e influência do livreiro no seu público leitor.

A arquitetura, a música, a ópera, o teatro, os museus também sempre foram grande marcos culturais, apesar das agruras políticas e econômicas que varreram o país nos últimos 50 anos, pelo menos. O tango e a milonga atraem turistas de todo o mundo e também bailarinos em importantes competições de dança locais e internacionais. Assim, a arte é pulsante na sociedade Argentina.

A prova definitiva de que eles sabem unir arte e educação é a nova estratégia que está sendo testada nas escolas primárias: As crianças terão o cinema como matéria curricular. A iniciativa é feita em parceria com a França, que já tem um programa parecido para as crianças na escola primária.

O que o programa prevê, é que as crianças assistirão filmes produzidos pela indústria cinematográfica argentina e aprenderão a analisá-los, sendo assim, o cinema para essa crianças, passará da categoria entretenimento para ser um elemento de desenvolvimento cultural e pessoal na vida dessas crianças.

O desejo é que esta iniciativa, que se chama “Escola vai ao cinema” e é apoiada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina (INCAA) e pela agência do cinema francês CNC, transforme-se em uma estratégia de longo prazo e passe a fazer parte da política de educação nacional.

Para fazer diferença, em qualquer campo de qualquer indústria e da vida é preciso traçar o futuro desejado e trilhar os caminhos necessários para se chegar lá. Buenos Aires é pioneira no desenvolvimento da indústria criativa na América Latina desde 2001, quando o governo municipal lançou um plano cultural estratégico com objetivo de reforçar o papel da cidade “como um centro regional para a criação, produção e difusão da cultura”. Em meio a esse fervilhar cultural, o cinema argentino têm impressionado o mundo com sua sensibilidade, simplicidade e criatividade.

Conhecer o cinema argentino seja para reflexão ou entretenimento é um bom uso para o tempo de todos que gostam de cinema.

Confira algumas títulos argentinos, que nós da Oficina adoramos:

Plata quemada
Ano: 2000
Argentina/Uruguai/Espanha/França
Direção: Marcelo Piñeyro
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Filho da Noiva
(El hijo de la novia)
Argentina/Espanha
2001
Direção: Juan José Campanella
Prêmio: Premio Ondas de Cine a la Mejor Actriz

Historias Mínimas
Direção: Carlos Sorín
Ano: 2002
Argentina/Espanha
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Clube da Lua
(Luna de Avellaneda)
Ano: 2004
Argentina
Direção: Juan José Campanella
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Segredo dos Seus Olhos
(El Secreto de Sus Ojos)
Argentina/Espanha
Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Homem ao Lado
(El Hombre de al Lado)
Ano: 2011
Argentina
Direção: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Prêmio: Sundance Film Festival Excellence in Cinematography Award: World Cinema Dramatic

Las Acacias
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Pablo Giorgelli
Prêmio: Caméra d’Or – Cannes
Indicações: Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro

Medianeras
Ano: 2011
Argentina/Espanha/Alemanha
Direção: Gustavo Taretto

Um Conto Chinês
(Un cuento chino)
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Sebastián Borensztein
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes)
Argentina/Espanha
Ano: 2014
Direção: Damián Szifron
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro, Critics’ Choice Award: Melhor Filme Estrangeiro
Indicações: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Truman
Espanha/Argentina
2015
Direção: Cesc Gay
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

* Capa – arte sobre fotografia de:
Infância Clandestina
Argentina
2010
Direção: Benjamín Avila
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Polinizando Ideias com a força das pessoas.

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Vejam só que belo. Duas mil pessoas compareceram na abertura do 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, que acontece no Memorial da América Latina, e assistiram a pré-estreia de “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert. Não acha grande coisa?

Gente bravíssima, que foram conferir algo gratuito, que não é um show pirotécnico, uma estrela musical ou algum enlatado comercial. Não há “vantagem” nenhuma de soberba, de alguma posse instantânea pelo valor do ingresso. Foram em pleno frio rasante paulistano, com o único intuito de se conectarem com a arte.

Volta e meia isso acontece em solo paulistano. Essa cidade é problemática, mas muitas e muitas pessoas almejam o diferente. São elas que levam esse negócio pra frente. Salve.

Algumas pessoas saudosistas repetem o mantra que “no tempo delas havia mais interesse cultural, havia mais qualidade nas obras.” Essas pessoas que tentam subjugar outras gerações, são as que menos fazem algo que estimule o pensamento de agora. Talvez nunca tenham feito em tempo algum.

Esse tipo de manifestação em prol da cidade é o cerne do progresso. Deveria ser exibida e comentada no jornal em horário “nobre” – seja lá o que for isso – para que se replique cada vez mais. Mas não, repetem os meandros políticos intermináveis, como se apenas eles, os dirigentes políticos, pudessem decidir o chão de amanhã. Há de se louvar os que tentam sair da mesmice, para que tenhamos menos ódio e mais reflexão.

Precisamos louvar todas as pessoas que tentam avançar pelo meio mais difícil, porém mais inteligente. Maquinando sua mente em prol de si e consequentemente facilitando o avanço do próximo. Niemeyer ficaria feliz com essa imagem.

11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo
20 a 27/07
Confira a programação completa:
www.festlatinosp.com.br/2016

Foto: Divulgação Memorial da América Latina

Polinizando ideias: A empatia de uma garota dinamarquesa

garota

Um pequeno animal enfrentou desafios dignos de filmes de terror ou suspense: ursos gigantes, leões, hipopótamos furiosos, serpentes, pernilongos, aranhas e outros tantos insetos venenosos, bactérias e vírus de todos os tipos, fome, temperaturas desesperadoras que congelaram ou queimaram muitos, mas sempre achou um jeito de chegar até aqui e fazer o extraordinário. E se o fez é porque soube viver em bandos, dividir tarefas e isso significou, em grande parte, ajudar ao outro. E assim, sendo capaz de ajudar e de ser ajudado (nem sempre, mas vezes suficientes para prosperar como espécie) o pequeno ser humano chegou até estes tempos atuais…

Deste filme que hoje trazemos para reflexão, que se chama A Garota Dinamarquesa, o que queremos destacar não é o personagem principal, baseado na vida de Einar Wegener, mas sim a outra garota dinamarquesa, personagem baseado na vida da pintora Gerda Gottlieb, esposa de Einar na vida real e no filme. Vamos ficar com o que o filme nos apresentou, pois a vida real, certamente tem milhares de outros complexos elementos.

Este recorte da vida do casal, Einar e Gerda, construído pelo diretor Tom Hooper, faz brilhar e rebrilhar o tão conhecido, mas pouco sabido conceito de empatia, que é dos elementos mais fundamentais para o ser humano conseguir se estabelecer como espécie.

Gerda, no filme, é a pessoa que faz uso da empatia de forma tão absoluta, que foi capaz de sentir o que seu marido sentia, em um momento da história em que (provavelmente) mais ninguém seria capaz de fazê-lo. Foi um exercício real e por vezes dolorido de, figurativamente falando, descalçar os próprios sapatos e calçar os do outro e poder se aproximar mais profundamente de sentimentos e desejos que seriam quase impossíveis de validar se não visse as questões do ponto de vista dele. A decisão dele pode ser que choque pessoas até nos dias atuais, passados quase 100 anos dos fatos acontecidos.

Muitas coisas valem a pena ao assistir esse filme, a história, como já dissemos baseada em fatos reais, a recriação da época, a interpretação dos atores, no entanto, mais que tudo, ele traz uma oportunidade consistente de se aproximar do significado pleno de empatia e, em tantos situações novas nas empresas ou na vida pessoal, lembrar que a prática desse conceito é que fez com que, este pequeno ser humano chegasse até aqui e foi a falta dele que causou buracos imensos nessa jornada – guerras, corrupção, injustiça, escravidão, genocídios e tantos outros males que se fazem mal ao outro, acabam por fazer mal a todos.

Filme: A Garota Dinamarquesa
Título Original: The Danish Girl
Direção: Tom Hooper
Ano: 2015