Café com a Oficina: “Quem tem fome tem pressa”

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Ter iniciativa é uma das competências mais requeridas em todos os campos da vida. Gente que não se mexe cansa até a mãe e o pai, imagine no trabalho a dificuldade em se manter empregado aquele que é lento, desatento e desinteressado. Claro que a iniciativa tem de vir de mãos dadas com o conhecimento e com a habilidade, mas sem iniciativa, nada se faz, ou se faz a passos tão lentos que nem se percebe a ação.
 
Tenente Ossuci, diretora de uma escola em uma região de bastante necessidade, resolveu que uma boa ideia seria terem plantadas bananeiras ao redor de toda a escola. Isso embelezaria o local e também traria um nutritivo acréscimo à merenda escolar. Como dinheiro não é algo disponível nas escolas brasileiras, alguns apoiadores da ideia se embrenharam no mato e começaram a trazer mudas de bananeira para iniciarem o plantio. A diretora, quando viu as plantas tão pequenas ficou um tanto chateada e disse: “Mas quando é que isso vai dar cacho de banana, eu quero para logo!” Eles disseram que não é assim que funciona, que é preciso plantar a mudinha e esperar pacientemente ela crescer. Ela então conseguiu uma pickup emprestada, se embrenhou no mesmo mato e trouxe bananeiras enormes, algumas já com cacho, as plantou muito bem plantadas. Todas se desenvolveram e os cachos estão cada dia maiores.
 
Este é um pequeno exemplo da ação desta jovem mulher, que é, há apenas 3 anos, diretora de uma escola na cidade de Jaci-Paraná, estado de Rondônia. Ela está revolucionando a vida de mais de 800 jovens que têm a possibilidade de estudar no Colégio Tiradentes. A ação provocou uma reviravolta em um local onde o destino de muitas daquelas crianças era a prostituição, as drogas e o crime. Hoje é berço de pessoas elegantes em seus uniformes impecáveis, que sabem (e vários já até receberam prêmios) que existem possibilidades nas robótica, na música, na matemática e nos estudos.
 
O Mateus é um desses exemplos, de um menino que deixava a mãe e os professores sem saberem como agir, passou a ser o responsável pela fanfarra da escola e desempenha este papel com orgulho e qualidade.
 
Vale frisar que o Colégio Tiradentes é Militar. Antes de se arrepiar e torcer o nariz imaginando que as crianças estão sendo forjadas para a submissão, é bom ler sua missão, que realmente dita os rumos por ali: “Através do humanismo e por elevados padrões de exigência, disciplina e responsabilidade, que valoriza o conhecimento como condição de acesso ao mundo, prestar à comunidade um serviço educacional de excelência contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos. Capazes de atuar como agentes de mudança, num ambiente participativo, aberto e integrador.”
 
A frase título deste Café com a Oficina é de autoria de Betinho. Sim, quem tem fome tem pressa e não é somente a fome física, mas nas empresas, o reconhecimento por um trabalho bem feito, a alegria de ter desafios interessantes, a paz de estar fazendo o país crescer vivendo Valores, sendo Ético.
 
Para conhecer mais sobre o Colégio Tiradentes, sua Diretora-Tenente Ossuci e o Mateus: goo.gl/JJAAV3

Café com a Oficina: A leitura pode revelar um tesouro escondido

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Os benefícios da leitura são aclamados em prosa e verso a cada dia, desde que o homem inventou a escrita, e um aspecto interessante destes benefícios, que é o de aumentar o poder pessoal, foi trazido à luz pela reflexão de um ex-presidiário americano, Nick Yarris, que foi inocentado após 23 anos de prisão.

Sua pena de morte por matar uma jovem foi anulada, quando os avanços das técnicas de análise do DNA puderam provar que ele era inocente e estava injustamente na prisão.

Ele relata que, em seus primeiros anos de confinamento, sentia-se tão desesperado que dava cabeçadas na parede com raiva e desespero e queria morrer. Foi preso com apenas 20 anos e com baixíssima educação básica, o que fez com que não pudesse ajudar a si mesmo, reagindo sempre com palavrões e com falta de clareza. Segundo sua análise, por não ter educação, por não saber se expressar, além da espera pela morte em uma cela solitária pela morte, ele sofreu agressões físicas e morais.

Tudo começou a mudar quando um carcereiro se apiedou dele e não apenas lhe emprestou alguns livros, mas o ensinou a como ler. Yarris diz que, a partir daí, deixou de ser amargo e passou a se educar. Acabou usando o tempo na prisão para melhorar sua educação, seu vocabulário e seu domínio da língua. Nos anos em que ficou preso leu 10.000 livros.

Ele foi tema de um documentário que se chama Fear of 13 (“Medo do 13”). O nome do documentário vem de uma das palavras que aprendeu com a leitura em seu projeto pessoal de saber mais na prisão, é a palavra triscaidecafobia – medo irracional do número 13. Hoje mora na Inglaterra, escreveu dois livros de memórias e dá palestras falando sobre a importância da leitura e educação no empoderamento dos jovens e de como a passagem pelo sistema carcerário o ajudou a ser uma pessoa melhor. Ele diz que o tesouro que levou da prisão foi o belíssimo conhecimento que adquiriu sobre ele mesmo e uma educação maravilhosa.

O líder Nelson Mandela, também relatou o quanto a leitura o tornou capaz de conhecer aqueles que eram seus inimigos de então, os africaners (brancos que dominavam seu país de maioria negra) para tornar-se o presidente de todos, brancos e negros da África do Sul. Em seus 27 anos de prisão (sua condenação era de prisão perpétua) ele aprendeu a língua, leu seus livros, refletiu sobre sua poesia, para finalmente triunfar e fazer história.

A leitura contribui para aumentar a compreensão do mundo, para entender pessoas de diferentes personalidades e capacidades e para ampliar as análises sobre as situações complexas do cotidiano. E, mais que tudo, para que cada um de nós entenda melhor a si mesmo, como fez Nick Yarris descobrindo possibilidades que nem mesmo imaginava existirem dentro de si.