Café com Oficina: Um novo Sesc para São Paulo

Sesc

O coração de São Paulo está pulsando em ritmo de emocionada expectativa: no dia 19/08/2017, finalmente será inaugurado um novo Sesc em pleno centro de uma cidade tão carente desta beleza, desta boa energia que faz com que uma instituição que tem 70 anos seja tão vivaz quanto as milhares de crianças que têm a sorte de ter educação não formal no projeto Curumim, que também aniversaria seus 30 anos neste mês.

Nada menos que o arquiteto Paulo Mendes da Rocha é quem capitaneou esta obra, que já traz vivacidade para um pedaço da cidade onde passam milhares de pessoas todos os dias e já são recepcionadas pelos acolhedores funcionários do novo Sesc 24 de Maio que mostram a que vieram, convidando a todos para inauguração, que tem também o papel de encerrar as comemorações dos 70 anos de atividades do Sesc no estado de São Paulo.

O ousado projeto arquitetônico propôs uma piscina de 500 metros quadrados no alto do 13º andar que jorra em e cortina d’água para o 12º piso, para isso, foi preciso reforçar a estrutura, erguendo-se uma coluna roliça de concreto desde as fundações do edifício até o teto. O edifício todo é um convite à interação com as pessoas, com a cidade, com a arte, com a cultura, com a educação.

O diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos Miranda, disse: “entendemos que Um legado material, com construções bem feitas, bem trabalhadas, se forma também a partir de um espaço convidativo para prática da cidadania.”

Quem viveu um momento que seja em uma das unidades do Sesc espalhadas pelo Brasil sabe que, sim, temos possibilidades de fazer bem feito, de gerar bem-estar, de apoiar e facilitar o acesso à cultura da mais alta qualidade e de sermos educadores e educandos para um país melhor.

Incentivar e apoiar as práticas do Sesc é uma forma de empresas e pessoas contribuírem para que este sonho seja sempre realidade e continue realizando e sonhando com passos ainda mais grandiosos.

Foto: ©Matheus José Maria. Divulgação

Polinizando Ideias: O Japão em São Paulo

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São Paulo tem a maior população de japoneses e descendentes fora do Japão. Provavelmente este foi um dos motivos para ser escolhida para abrigar um dos três centros culturais Japan House, que o Japão construiu para propagar sua cultura milenar. As outras localidades escolhidas são Londres, na Inglaterra, e Los Angeles, nos Estados Unidos, mas a de São Paulo foi a primeira a ser inaugurada, no dia 06/05/2017.

A cultura japonesa é muito popular em São Paulo, pois têm uma história que começou com a imigração japonesa no Brasil em 1908. No início, os imigrantes japoneses foram impostos aos trabalhos agrícolas extremamente mal remunerados. Mas, a cada geração, japoneses e seus descendentes melhoraram suas vidas. Em São Paulo e em diversas cidades do Brasil, a cada ano, inúmeros festivais japoneses são realizados e os restaurantes de culinária japonesa fazem sucesso em centenas de cidades brasileiras.

A Japan House paulistana tem uma biblioteca com cerca de 2 mil livros, em português, japonês e inglês, divididos em categorias como design e viagem. Além do acervo tem um restaurante japonês, um café, cinema, lojas e curiosidades como o banheiro em estilo japonês. O prédio tem três andares com atrações gratuitas voltadas à arte, gastronomia e tecnologia. A primeira exposição fica em cartaz até 9 de julho e aborda a relação dos japoneses com o bambu: “Bambu – histórias de um Japão”.

Nesse mundo tão globalizado, há tanta cultura desconhecida a ser desvendada e vir a inspirar ações que valem a pena para toda a humanidade.

Para saber mais: http://www.japanhouse.jp/saopaulo

Café com a Oficina: Os bebês Finlandeses e o pensamento enxuto

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Desde a década de 1930 a Finlândia distribui aos futuros papais uma caixa contendo presentes para o bebê. Vem com roupinhas adequadas ao clima finlandês, fraldas, produtos de banho e até um álbum para as fotografias da primeira fase da vida, mas o mais surpreendente é que a própria caixa é o principal presente, pois vem com um colchãozinho e pode ser usada como o primeiro berço. Em meados do século passado, a taxa de mortalidade infantil na Finlândia era de 65 a cada mil bebês, uma das piores da Europa. No ranking da UNICEF de 2013, a Finlândia tem uma das melhores taxas de mortalidade infantil de todo o mundo: até os 5 anos, é de 2 a cada 1000 nascimentos. Para comparação, o pior índice de 2013 é de 167, pertencente à Angola.

Vários países estão imitando a simpática e útil caixa finlandesa, adaptando o conteúdo às necessidades e características locais, pois percebeu-se que ela tem o ganho direto de manter a proximidade do bebê com os pais sem o risco de dormir na mesma cama e também é um atrativo para que as gestantes frequentem regularmente as importantes consultas de pré-natal.

Uma boa relação que podemos fazer com essa ideia finlandesa e uma boa prática que se pode incentivar nas empresas, nas casas, no planejamento de férias, nas cidades é a técnica do pensamento enxuto (lean thinking), que é a realização do que precisa ser realizado, sem perda de qualidade, porém evitando desperdícios. O desperdício aumenta  custo, reduz o lucro, aumenta a carga de tempo para se realizar algo e é extremamente prejudicial ao meio ambiente, por utilizar materiais que não precisariam fazer parte do processo.

Passos do Pensamento Enxuto:

  1. Identifique o que é valor para o cliente interno ou externo, a partir do ponto de vista dele.
  2. Localize os desperdícios no processo produtivo.
  3. Garanta que os fluxos sejam contínuos.
  4. Atenda a demanda (de forma a evitar estoques).
  5. Melhore continuamente o processo.

O pensamento enxuto na caixa finlandesa para bebês:

1. Valor: A caixa finlandesa é vista pelos papais clientes como tendo alto valor, não apenas pelo conteúdo adequado, mas pelo carinho e qualidade nela contidos.

2. Desperdícios: Quando a caixa, além de conter presentes adequados, é o próprio e principal presente, além de que é reciclável, é certo que não há desperdícios.

3. Fluxos contínuos: Quando a ideia teve início, o foco eram apenas as famílias com baixo rendimento. Mas desde 1949, a ideia mudou, passando a abranger qualquer família, desde que as mães começassem a frequentar uma clínica pré-natal antes do quarto mês de gravidez. Isso aumentou o fluxo das gestantes ao pré-natal e a produção das caixas ganhou fluidez.

4. Atenda a demanda: Não há relatos de nenhuma família que ficou sem a caixa. Os países que estão entrando nesse programa precisam cuidar de atender a demanda, pois este momento especial de nascimento de um filho aumenta a sensibilidade de qualquer pessoa. O pensamento enxuto ensina a não produzir o que não é necessário e não deixar faltar o que é necessário.

5. Melhoria contínua: A Finlândia deu prova de cuidar de melhorar continuamente este programa. Uma região da Ásia que ofertará esta caixa já pretende colocar um véu para impedir a transmissão da malária. Um país africano pretende fazer uma caixa impermeável para possibilitar usá-la como banheira para o bebê, pois essa é uma grande necessidade por lá.

+ sobre a caixa finlandesa: goo.gl/8qHP6d

+ sobre Pensamento Enxuto: http://trilhaprojetos.com.br/home/sites/default/files/plean.pdf

Polinizando ideias: As crianças argentinas e o cinema

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A Argentina tem um padrão cultural muito diferenciado, quando tomamos por base, por exemplo, a relação livrarias X habitantes de Buenos Aires em comparação com São Paulo, percebe-se nitidamente que são muitas páginas de distância. Em 2015, São Paulo tinha 390 livrarias, ou 3,5 livrarias por grupo de 100 mil habitantes, enquanto Buenos Aires tinha 734 ou seja, 25 livrarias a cada 100 mil habitantes. Interessante é, que as livrarias independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro argentino, sendo poucas as redes, o que dá um caráter de maior proximidade e influência do livreiro no seu público leitor.

A arquitetura, a música, a ópera, o teatro, os museus também sempre foram grande marcos culturais, apesar das agruras políticas e econômicas que varreram o país nos últimos 50 anos, pelo menos. O tango e a milonga atraem turistas de todo o mundo e também bailarinos em importantes competições de dança locais e internacionais. Assim, a arte é pulsante na sociedade Argentina.

A prova definitiva de que eles sabem unir arte e educação é a nova estratégia que está sendo testada nas escolas primárias: As crianças terão o cinema como matéria curricular. A iniciativa é feita em parceria com a França, que já tem um programa parecido para as crianças na escola primária.

O que o programa prevê, é que as crianças assistirão filmes produzidos pela indústria cinematográfica argentina e aprenderão a analisá-los, sendo assim, o cinema para essa crianças, passará da categoria entretenimento para ser um elemento de desenvolvimento cultural e pessoal na vida dessas crianças.

O desejo é que esta iniciativa, que se chama “Escola vai ao cinema” e é apoiada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina (INCAA) e pela agência do cinema francês CNC, transforme-se em uma estratégia de longo prazo e passe a fazer parte da política de educação nacional.

Para fazer diferença, em qualquer campo de qualquer indústria e da vida é preciso traçar o futuro desejado e trilhar os caminhos necessários para se chegar lá. Buenos Aires é pioneira no desenvolvimento da indústria criativa na América Latina desde 2001, quando o governo municipal lançou um plano cultural estratégico com objetivo de reforçar o papel da cidade “como um centro regional para a criação, produção e difusão da cultura”. Em meio a esse fervilhar cultural, o cinema argentino têm impressionado o mundo com sua sensibilidade, simplicidade e criatividade.

Conhecer o cinema argentino seja para reflexão ou entretenimento é um bom uso para o tempo de todos que gostam de cinema.

Confira algumas títulos argentinos, que nós da Oficina adoramos:

Plata quemada
Ano: 2000
Argentina/Uruguai/Espanha/França
Direção: Marcelo Piñeyro
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Filho da Noiva
(El hijo de la novia)
Argentina/Espanha
2001
Direção: Juan José Campanella
Prêmio: Premio Ondas de Cine a la Mejor Actriz

Historias Mínimas
Direção: Carlos Sorín
Ano: 2002
Argentina/Espanha
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Clube da Lua
(Luna de Avellaneda)
Ano: 2004
Argentina
Direção: Juan José Campanella
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Segredo dos Seus Olhos
(El Secreto de Sus Ojos)
Argentina/Espanha
Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Homem ao Lado
(El Hombre de al Lado)
Ano: 2011
Argentina
Direção: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Prêmio: Sundance Film Festival Excellence in Cinematography Award: World Cinema Dramatic

Las Acacias
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Pablo Giorgelli
Prêmio: Caméra d’Or – Cannes
Indicações: Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro

Medianeras
Ano: 2011
Argentina/Espanha/Alemanha
Direção: Gustavo Taretto

Um Conto Chinês
(Un cuento chino)
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Sebastián Borensztein
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes)
Argentina/Espanha
Ano: 2014
Direção: Damián Szifron
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro, Critics’ Choice Award: Melhor Filme Estrangeiro
Indicações: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Truman
Espanha/Argentina
2015
Direção: Cesc Gay
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

* Capa – arte sobre fotografia de:
Infância Clandestina
Argentina
2010
Direção: Benjamín Avila
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Polinizando Ideias com a força das pessoas.

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Vejam só que belo. Duas mil pessoas compareceram na abertura do 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, que acontece no Memorial da América Latina, e assistiram a pré-estreia de “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert. Não acha grande coisa?

Gente bravíssima, que foram conferir algo gratuito, que não é um show pirotécnico, uma estrela musical ou algum enlatado comercial. Não há “vantagem” nenhuma de soberba, de alguma posse instantânea pelo valor do ingresso. Foram em pleno frio rasante paulistano, com o único intuito de se conectarem com a arte.

Volta e meia isso acontece em solo paulistano. Essa cidade é problemática, mas muitas e muitas pessoas almejam o diferente. São elas que levam esse negócio pra frente. Salve.

Algumas pessoas saudosistas repetem o mantra que “no tempo delas havia mais interesse cultural, havia mais qualidade nas obras.” Essas pessoas que tentam subjugar outras gerações, são as que menos fazem algo que estimule o pensamento de agora. Talvez nunca tenham feito em tempo algum.

Esse tipo de manifestação em prol da cidade é o cerne do progresso. Deveria ser exibida e comentada no jornal em horário “nobre” – seja lá o que for isso – para que se replique cada vez mais. Mas não, repetem os meandros políticos intermináveis, como se apenas eles, os dirigentes políticos, pudessem decidir o chão de amanhã. Há de se louvar os que tentam sair da mesmice, para que tenhamos menos ódio e mais reflexão.

Precisamos louvar todas as pessoas que tentam avançar pelo meio mais difícil, porém mais inteligente. Maquinando sua mente em prol de si e consequentemente facilitando o avanço do próximo. Niemeyer ficaria feliz com essa imagem.

11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo
20 a 27/07
Confira a programação completa:
www.festlatinosp.com.br/2016

Foto: Divulgação Memorial da América Latina