Café com a Oficina: Sussurrofone e a professora genial

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O Banco Mundial, em fevereiro deste ano, divulgou um dado terrível: o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível de leitura dos países desenvolvidos e 75 anos para atingir esse nível em matemática. O cálculo foi baseado no desempenho dos estudantes brasileiros em todas as edições do PISA, que é a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
 
Esse é um dado que compromete não apenas a educação e cultura brasileiras, mas também a competência profissional brasileira, uma vez que os trabalhadores de todos os níveis têm desempenho inferior ao que poderiam ter, caso compreendessem melhor o português e a matemática.
 
Para servir como um fio de esperança nessa lama educacional em que estamos, a professora Adélia Muniz, da rede municipal de ensino do estado do Piauí, povoado de Cacimba Velha, zona rural de Teresina, criou um equipamento por apenas R$ 3,50 a unidade, feito manualmente com canos e joelhos de PVC.
 
É o “sussurrofone” que é um aparelho parecido com um telefone e que tem como objetivo incentivar a leitura em crianças do 4º e 5º anos. A criança fala no bocal e ouve a ela mesma com certa ampliação na voz, o que a ajuda a controlar o medo e a ansiedade em falar em público, a perceber os próprios erros e a reduzi-los, tanto na leitura, quanto na escrita.
 
Bom demais é que uma escola municipal de Ponta Grossa, no Paraná, gostou da ideia e também a adotou, percebendo ganhos, não apenas na leitura e escrita, mas também na matemática, pois os alunos conseguem se concentrar melhor na descrição do problema, compreendê-lo e achar mais facilmente a solução.
 
Soluções brilhantes não precisam ser caras, nem complexas. A simplicidade tem uma força de realização que permite com que testes sejam feitos rapidamente e as ideias cada vez mais aprimoradas. Você e sua empresa podem incentivar as escolas de primeiro grau a utilizarem o sussurrofone para abreviar o abismo em que estamos frente aos países desenvolvidos.
 
E, para soluções do seu dia-a-dia, busque o simples.
 
Assista: bit.ly/2MmET7e

Polinizando ideias: Ferida desenhada

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O Brasil, infelizmente, foi o país em que a escravidão durou mais tempo. Mais de 3 séculos explorando humanos, de tal forma que hoje não é suportado nem sobre animais. Mais da metade de toda a história do Brasil foi construída pelos escravos.
 
Os livros retratam essa “página infeliz da nossa história” sempre do ponto de vista dos senhores brancos, sejam visões assépticas, negativas ou positivas, mas sempre sem considerar o olhar e o sofrer dos escravizados.
 
Márcio D’Salete, mestre em história da arte pela USP, professor da Escola de Aplicação também na Universidade de São Paulo, quadrinista e ilustrador, escreveu o livro “Cumbe” onde por meio dos quadrinhos, reconta a história aa partir do ponto de vista desprezado pelos livros escolares: o ponto de vista dos escravizados. Eles são os protagonistas das 4 histórias que compõem o livro.
 
“Cumbe” é uma palavra da língua banto, que significa quilombo, mas significa também, o sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. E é essa nova luz que D’Salete lança sobre esta história de horror, que repercute gravemente até os dias atuais.
 
Publicado em 2014, o livro mostra, com poucas palavras e muita força imagética, a esperança e a resistência dos escravos no período colonial brasileiro. Passa longe dele a abordagem superficial ensinada nas escolas. Os escravos que fugiam, por vezes são retratados nos livros escolares como bandidos e os quilombos, como uma estrutura mal feita e provisória e não como quase cidades autossuficientes, que alguns deles se tornaram.
 
Como protagonistas, têm direito de terem retratadas suas histórias de vida, de luta pela liberdade e amplia a visão do leitor sobre este período tenebroso da história. A expressividade dos traços e a força da voz dos escravos, que até agora foram silenciados, reforça a correção histórica e chacoalha a sensibilidade sobre esta questão e as suas trágicas consequências sociais.
 
Por toda a força e luz sobre o passado, a obra foi indicada ao prêmio máximo dos quadrinhos dos EUA, o Eisner Awards.
 
Buscar conhecer o passado, a história verdadeira de sua empresa, sua cidade, seu país, possibilita reduzir os riscos de cometer os mesmos erros e, mais que tudo, lhe torna possível ser capaz de fazer análises mais justas sobre a realidade atual.
 
Livro: Cumbe
Editora: Veneta – Edição especial
Autor: Marcelo D’Salete (roteiro e arte)

Café com a Oficina: Educação japonesa inspirando empresas no Brasil

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A estrutura escolar japonesa difere bastante da brasileira e pode inspirar as empresas a conquistar maior confiança e autoconfiança de seus empregados. Vejamos:

No Japão todos os grandes eventos têm ligação com a natureza. Assim, o ano escolar inicia em abril que é a época mágica da floração das cerejeiras. A cerejeira simboliza para os japoneses o amor, a felicidade, a renovação e a esperança e essa relação é transportada para o início do ano letivo, dando ainda mais significado às aulas.

E o que as empresas poderiam fazer em relação à ligação com a natureza? O cuidado com o meio ambiente é um dos elementos que, além de contribuir eficazmente com a sustentabilidade da empresa e do mundo, provoca vínculo e dá a tão buscada sensação de se estar fazendo algo com propósito. Além de suas obrigações de cuidado sério com insumos e resíduos, as empresas podem fazer grandes e pequenas coisas que aumentem esse vínculo. Algumas empresas já o fazem e têm muitos bons resultados. Uma ideia simples, mas bonita e já duradoura, é a da Alumar-Alumínio do Maranhão que pertence ao Grupo Alcoa. Cada novo empregado planta uma árvore em um bosque e este momento fica registrado com uma placa em seu nome. Algumas empresas estendem esta prática à visitantes e clientes.

As escolas japonesas colocam uma grande ênfase nas boas maneiras, antes mesmo de testarem conhecimentos, assim os estudantes só fazem prova após a quarta série, mas são responsabilizados desde o primeiro dia pelos cuidados com a sala e todo o ambiente escolar. Algo que seria visto como radical no Brasil é que a maioria das escolas japonesas não contrata faxineiros, a organização e limpeza é feita pelos próprios alunos e um dos objetivos é desenvolver a ajuda mútua e o trabalho em equipe.

Grandes empresas no Brasil ainda têm sérios problemas de destruição de bens comuns como mobiliário, ferramentas e, principalmente, banheiros, pois ficam longe da possibilidade de fiscalização. O Valor disciplina precisa ser deixado claro a todos desde o momento em que deseja fazer parte da empresa até nas menores ocorrências do dia a dia. E isso não apenas porque gera menos custos, mas porque todos sentem-se melhores em fazer parte de um ambiente limpo, organizado e cuidado por todos.

A alimentação equilibrada é um item importante da vida japonesa e é apoiado pelas escolas que contratam chefs para desenvolverem cardápios saudáveis.

Muitas empresas brasileiras têm cardápios que incluem açúcar em doses excessivas (em refrigerantes ou “sucos”), cardápio abarrotadas de carboidratos pobres e poucas opções saudáveis e acabam por ter empregados com baixa energia e que adoecem muito. É possível ter alimentação saudável, apetitosa e a custos competitivos. Todos saem ganhando.

O que a empresa faz para aumentar a qualidade de vida, resulta em cidadãos melhores e um país mais pronto para um futuro com o qual todos se sentem responsáveis.

Imagem:
Excerto de “The Little Mermaid Thinking of the Prince”
Chihiro Iwasaki
1967
Chihiro Art Museum
Japão

 

Café com a Oficina: “Quem tem fome tem pressa”

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Ter iniciativa é uma das competências mais requeridas em todos os campos da vida. Gente que não se mexe cansa até a mãe e o pai, imagine no trabalho a dificuldade em se manter empregado aquele que é lento, desatento e desinteressado. Claro que a iniciativa tem de vir de mãos dadas com o conhecimento e com a habilidade, mas sem iniciativa, nada se faz, ou se faz a passos tão lentos que nem se percebe a ação.
 
Tenente Ossuci, diretora de uma escola em uma região de bastante necessidade, resolveu que uma boa ideia seria terem plantadas bananeiras ao redor de toda a escola. Isso embelezaria o local e também traria um nutritivo acréscimo à merenda escolar. Como dinheiro não é algo disponível nas escolas brasileiras, alguns apoiadores da ideia se embrenharam no mato e começaram a trazer mudas de bananeira para iniciarem o plantio. A diretora, quando viu as plantas tão pequenas ficou um tanto chateada e disse: “Mas quando é que isso vai dar cacho de banana, eu quero para logo!” Eles disseram que não é assim que funciona, que é preciso plantar a mudinha e esperar pacientemente ela crescer. Ela então conseguiu uma pickup emprestada, se embrenhou no mesmo mato e trouxe bananeiras enormes, algumas já com cacho, as plantou muito bem plantadas. Todas se desenvolveram e os cachos estão cada dia maiores.
 
Este é um pequeno exemplo da ação desta jovem mulher, que é, há apenas 3 anos, diretora de uma escola na cidade de Jaci-Paraná, estado de Rondônia. Ela está revolucionando a vida de mais de 800 jovens que têm a possibilidade de estudar no Colégio Tiradentes. A ação provocou uma reviravolta em um local onde o destino de muitas daquelas crianças era a prostituição, as drogas e o crime. Hoje é berço de pessoas elegantes em seus uniformes impecáveis, que sabem (e vários já até receberam prêmios) que existem possibilidades nas robótica, na música, na matemática e nos estudos.
 
O Mateus é um desses exemplos, de um menino que deixava a mãe e os professores sem saberem como agir, passou a ser o responsável pela fanfarra da escola e desempenha este papel com orgulho e qualidade.
 
Vale frisar que o Colégio Tiradentes é Militar. Antes de se arrepiar e torcer o nariz imaginando que as crianças estão sendo forjadas para a submissão, é bom ler sua missão, que realmente dita os rumos por ali: “Através do humanismo e por elevados padrões de exigência, disciplina e responsabilidade, que valoriza o conhecimento como condição de acesso ao mundo, prestar à comunidade um serviço educacional de excelência contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos. Capazes de atuar como agentes de mudança, num ambiente participativo, aberto e integrador.”
 
A frase título deste Café com a Oficina é de autoria de Betinho. Sim, quem tem fome tem pressa e não é somente a fome física, mas nas empresas, o reconhecimento por um trabalho bem feito, a alegria de ter desafios interessantes, a paz de estar fazendo o país crescer vivendo Valores, sendo Ético.
 
Para conhecer mais sobre o Colégio Tiradentes, sua Diretora-Tenente Ossuci e o Mateus: goo.gl/JJAAV3

Café com Oficina: Um novo Sesc para São Paulo

Sesc

O coração de São Paulo está pulsando em ritmo de emocionada expectativa: no dia 19/08/2017, finalmente será inaugurado um novo Sesc em pleno centro de uma cidade tão carente desta beleza, desta boa energia que faz com que uma instituição que tem 70 anos seja tão vivaz quanto as milhares de crianças que têm a sorte de ter educação não formal no projeto Curumim, que também aniversaria seus 30 anos neste mês.

Nada menos que o arquiteto Paulo Mendes da Rocha é quem capitaneou esta obra, que já traz vivacidade para um pedaço da cidade onde passam milhares de pessoas todos os dias e já são recepcionadas pelos acolhedores funcionários do novo Sesc 24 de Maio que mostram a que vieram, convidando a todos para inauguração, que tem também o papel de encerrar as comemorações dos 70 anos de atividades do Sesc no estado de São Paulo.

O ousado projeto arquitetônico propôs uma piscina de 500 metros quadrados no alto do 13º andar que jorra em e cortina d’água para o 12º piso, para isso, foi preciso reforçar a estrutura, erguendo-se uma coluna roliça de concreto desde as fundações do edifício até o teto. O edifício todo é um convite à interação com as pessoas, com a cidade, com a arte, com a cultura, com a educação.

O diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos Miranda, disse: “entendemos que Um legado material, com construções bem feitas, bem trabalhadas, se forma também a partir de um espaço convidativo para prática da cidadania.”

Quem viveu um momento que seja em uma das unidades do Sesc espalhadas pelo Brasil sabe que, sim, temos possibilidades de fazer bem feito, de gerar bem-estar, de apoiar e facilitar o acesso à cultura da mais alta qualidade e de sermos educadores e educandos para um país melhor.

Incentivar e apoiar as práticas do Sesc é uma forma de empresas e pessoas contribuírem para que este sonho seja sempre realidade e continue realizando e sonhando com passos ainda mais grandiosos.

Foto: ©Matheus José Maria. Divulgação

Empreendedorismo… e garra argentina!

Abrir o próprio negócio é sempre uma decisão que requer muita vontade e coragem, mas quando se é discriminado pelo mercado de trabalho, por vezes, a única alternativa é empreender.

Quatro amigos com Síndrome de Down, repetidamente rejeitados em vagas de empregos, tiveram um apoio que os fez mostrar sua garra e capacidade. O professor Telam Lopez, que já havia alertado aos pais dos meninos sobre as dificuldades que seus filhos passariam e, ao mesmo tempo, sabia que tinham muito potencial, resolveu incentivá-los voluntariamente em um projeto de trabalho, que está a cada dia fazendo maior sucesso.

Em San Isidro, um distrito de Buenos Aires – Argentina, eles abriram uma empresa que se chama “Los Perejiles”. Eles são uma pizzaria, mas o forte da turma são os eventos programados. O cliente liga, eles preparam as iguarias, vão até o evento e deixam tudo limpo e arrumado no final. Com apenas dois meses de vida, a empresa já tinha 25 eventos agendados. Até o momento desta postagem já batiam quase 130 eventos.

Na página dos ‘Los Perejiles é possível ver a boa educação que deve pontuar um negócio. Os meninos agradecem nominalmente a oportunidade que lhes deu cada um dos contratantes de seus serviços. Com naturalidade, eles nos ensinam que dentro ou fora das empresas, precisamos buscar uma forma de trazer à tona o nosso próprio potencial e daqueles com quem eventualmente convivemos. Afinal, o trabalho ainda pode ser uma bela fonte de realização e felicidade.

Não deixem de conferir e se encantar com a página no facebook destes meninos. Lições gratuitas de empreendedorismo, alegria e civilidade.

http://www.facebook.com/Losperejileseventos/

Café com a Oficina: Os bebês Finlandeses e o pensamento enxuto

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Desde a década de 1930 a Finlândia distribui aos futuros papais uma caixa contendo presentes para o bebê. Vem com roupinhas adequadas ao clima finlandês, fraldas, produtos de banho e até um álbum para as fotografias da primeira fase da vida, mas o mais surpreendente é que a própria caixa é o principal presente, pois vem com um colchãozinho e pode ser usada como o primeiro berço. Em meados do século passado, a taxa de mortalidade infantil na Finlândia era de 65 a cada mil bebês, uma das piores da Europa. No ranking da UNICEF de 2013, a Finlândia tem uma das melhores taxas de mortalidade infantil de todo o mundo: até os 5 anos, é de 2 a cada 1000 nascimentos. Para comparação, o pior índice de 2013 é de 167, pertencente à Angola.

Vários países estão imitando a simpática e útil caixa finlandesa, adaptando o conteúdo às necessidades e características locais, pois percebeu-se que ela tem o ganho direto de manter a proximidade do bebê com os pais sem o risco de dormir na mesma cama e também é um atrativo para que as gestantes frequentem regularmente as importantes consultas de pré-natal.

Uma boa relação que podemos fazer com essa ideia finlandesa e uma boa prática que se pode incentivar nas empresas, nas casas, no planejamento de férias, nas cidades é a técnica do pensamento enxuto (lean thinking), que é a realização do que precisa ser realizado, sem perda de qualidade, porém evitando desperdícios. O desperdício aumenta  custo, reduz o lucro, aumenta a carga de tempo para se realizar algo e é extremamente prejudicial ao meio ambiente, por utilizar materiais que não precisariam fazer parte do processo.

Passos do Pensamento Enxuto:

  1. Identifique o que é valor para o cliente interno ou externo, a partir do ponto de vista dele.
  2. Localize os desperdícios no processo produtivo.
  3. Garanta que os fluxos sejam contínuos.
  4. Atenda a demanda (de forma a evitar estoques).
  5. Melhore continuamente o processo.

O pensamento enxuto na caixa finlandesa para bebês:

1. Valor: A caixa finlandesa é vista pelos papais clientes como tendo alto valor, não apenas pelo conteúdo adequado, mas pelo carinho e qualidade nela contidos.

2. Desperdícios: Quando a caixa, além de conter presentes adequados, é o próprio e principal presente, além de que é reciclável, é certo que não há desperdícios.

3. Fluxos contínuos: Quando a ideia teve início, o foco eram apenas as famílias com baixo rendimento. Mas desde 1949, a ideia mudou, passando a abranger qualquer família, desde que as mães começassem a frequentar uma clínica pré-natal antes do quarto mês de gravidez. Isso aumentou o fluxo das gestantes ao pré-natal e a produção das caixas ganhou fluidez.

4. Atenda a demanda: Não há relatos de nenhuma família que ficou sem a caixa. Os países que estão entrando nesse programa precisam cuidar de atender a demanda, pois este momento especial de nascimento de um filho aumenta a sensibilidade de qualquer pessoa. O pensamento enxuto ensina a não produzir o que não é necessário e não deixar faltar o que é necessário.

5. Melhoria contínua: A Finlândia deu prova de cuidar de melhorar continuamente este programa. Uma região da Ásia que ofertará esta caixa já pretende colocar um véu para impedir a transmissão da malária. Um país africano pretende fazer uma caixa impermeável para possibilitar usá-la como banheira para o bebê, pois essa é uma grande necessidade por lá.

+ sobre a caixa finlandesa: goo.gl/8qHP6d

+ sobre Pensamento Enxuto: http://trilhaprojetos.com.br/home/sites/default/files/plean.pdf

Polinizando ideias: As crianças argentinas e o cinema

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A Argentina tem um padrão cultural muito diferenciado, quando tomamos por base, por exemplo, a relação livrarias X habitantes de Buenos Aires em comparação com São Paulo, percebe-se nitidamente que são muitas páginas de distância. Em 2015, São Paulo tinha 390 livrarias, ou 3,5 livrarias por grupo de 100 mil habitantes, enquanto Buenos Aires tinha 734 ou seja, 25 livrarias a cada 100 mil habitantes. Interessante é, que as livrarias independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro argentino, sendo poucas as redes, o que dá um caráter de maior proximidade e influência do livreiro no seu público leitor.

A arquitetura, a música, a ópera, o teatro, os museus também sempre foram grande marcos culturais, apesar das agruras políticas e econômicas que varreram o país nos últimos 50 anos, pelo menos. O tango e a milonga atraem turistas de todo o mundo e também bailarinos em importantes competições de dança locais e internacionais. Assim, a arte é pulsante na sociedade Argentina.

A prova definitiva de que eles sabem unir arte e educação é a nova estratégia que está sendo testada nas escolas primárias: As crianças terão o cinema como matéria curricular. A iniciativa é feita em parceria com a França, que já tem um programa parecido para as crianças na escola primária.

O que o programa prevê, é que as crianças assistirão filmes produzidos pela indústria cinematográfica argentina e aprenderão a analisá-los, sendo assim, o cinema para essa crianças, passará da categoria entretenimento para ser um elemento de desenvolvimento cultural e pessoal na vida dessas crianças.

O desejo é que esta iniciativa, que se chama “Escola vai ao cinema” e é apoiada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina (INCAA) e pela agência do cinema francês CNC, transforme-se em uma estratégia de longo prazo e passe a fazer parte da política de educação nacional.

Para fazer diferença, em qualquer campo de qualquer indústria e da vida é preciso traçar o futuro desejado e trilhar os caminhos necessários para se chegar lá. Buenos Aires é pioneira no desenvolvimento da indústria criativa na América Latina desde 2001, quando o governo municipal lançou um plano cultural estratégico com objetivo de reforçar o papel da cidade “como um centro regional para a criação, produção e difusão da cultura”. Em meio a esse fervilhar cultural, o cinema argentino têm impressionado o mundo com sua sensibilidade, simplicidade e criatividade.

Conhecer o cinema argentino seja para reflexão ou entretenimento é um bom uso para o tempo de todos que gostam de cinema.

Confira algumas títulos argentinos, que nós da Oficina adoramos:

Plata quemada
Ano: 2000
Argentina/Uruguai/Espanha/França
Direção: Marcelo Piñeyro
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Filho da Noiva
(El hijo de la novia)
Argentina/Espanha
2001
Direção: Juan José Campanella
Prêmio: Premio Ondas de Cine a la Mejor Actriz

Historias Mínimas
Direção: Carlos Sorín
Ano: 2002
Argentina/Espanha
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Clube da Lua
(Luna de Avellaneda)
Ano: 2004
Argentina
Direção: Juan José Campanella
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Segredo dos Seus Olhos
(El Secreto de Sus Ojos)
Argentina/Espanha
Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Homem ao Lado
(El Hombre de al Lado)
Ano: 2011
Argentina
Direção: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Prêmio: Sundance Film Festival Excellence in Cinematography Award: World Cinema Dramatic

Las Acacias
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Pablo Giorgelli
Prêmio: Caméra d’Or – Cannes
Indicações: Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro

Medianeras
Ano: 2011
Argentina/Espanha/Alemanha
Direção: Gustavo Taretto

Um Conto Chinês
(Un cuento chino)
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Sebastián Borensztein
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes)
Argentina/Espanha
Ano: 2014
Direção: Damián Szifron
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro, Critics’ Choice Award: Melhor Filme Estrangeiro
Indicações: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Truman
Espanha/Argentina
2015
Direção: Cesc Gay
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

* Capa – arte sobre fotografia de:
Infância Clandestina
Argentina
2010
Direção: Benjamín Avila
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Café com a Oficina: Humilhação no trabalho

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Um supervisor avisa o gerente que um equipamento importante parou de funcionar. O gerente levanta gritando, bate na mesa, diz que aquilo é inadmissível, berra que o supervisor é um incompetente.

Uma reunião importante está acontecendo com vários gerentes há menos de 15 minutos. Um diretor adentra à sala sem bater, aponta acintosamente para um dos gerentes e grita: “Chega, saia já dessa sala agora! Vamos, eu quero falar com você agora!”

Um colaborador comete um erro em seu trabalho. Seu gestor chama a equipe toda e mostra o equívoco cometido e diz na frente de todos: “Você é muito incompetente, trate de melhorar, ou vai pra rua!

Um gerente de uma área encontra outro no meio do salão repleto de baias de trabalho e começa a dizer em altos brados: “Sua área é um lixo, vocês só fazem barbaridades.”

Um colaborador faz, com muito empenho e qualidade, um trabalho que lhe foi solicitado por seu gestor. Este lhe diz que o trabalho ainda não está muito bom e nunca mais fala do assunto. Meses depois o colaborador descobre que aquele trabalho foi apresentado à diretoria como sendo do gestor, sem menção alguma a seu nome.

Um novo colaborador é contratado. Sem motivo específico, os demais o rejeitam, não o convidam para nada, falam mal dele pelas costas, ou o colocam em situação vexatória.

Um excelente colaborador faz o trabalho para o qual foi contratado, mas exerce também há 2 anos função de gestão, sem receber por isso. Ao falar sobre o tema, lhe dizem que a empresa não comporta um cargo de gestão naquela área, que não tem condições de remunerar um gestor. O colaborador acaba por buscar oportunidades em outra empresa, joga super limpo com sua empresa atual e diz que treinará seu substituto antes de sair. Como a área de recrutamento e seleção não consegue ninguém do mesmo nível para substituí-lo, acabam por subir o salário e o nível do cargo – para poder contratar alguém de nível ainda inferior, mas satisfatório. O antigo colaborador, destruído em sua auto estima, mas rigoroso com seus valores, treina seu substituto.

Estes 7 relatos são retratos de fatos reais e recentes. A violência psicológica é uma triste, dura e feia realidade dentro de muitas empresas. Não contribua com este sofrimento sendo opressor, ou assistindo de cadeira a humilhação sofrida por quem não tem forças ou coragem para reagir. O trabalho não deve ser fonte de sofrimento, mas de prazer e realização.

Café com a Oficina: Medalha! Medalha!

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O desejo de ganhar medalhas marcou definitivamente o personagem Cão Muttley, do desenho Corrida Maluca da Hanna Barbera e, nos jogos olímpicos mostra a força de sua atração. A medalha é o ápice do reconhecimento e a grande marca de um trabalho bem feito. Um medalhista olímpico é um símbolo de luta, de extrema dedicação, de superação.

O esporte é sempre muito claro em mostrar vencedores e vencidos, mas algo que nem todos sabem, é também pródigo em valorizar o esforço, sem o qual não haveria atletas, não haveria avanço, não apenas no esporte, mas nos mais diversos campos da humanidade. Muitas vezes, o que separa um campeão de um quarto lugar – que não leva medalha – são apenas alguns segundos, ou até centésimos em algumas modalidades.

Desde os Jogos Olímpicos de 1948, em Londres, o Comitê Olímpico Internacional passou a reconhecer, com um diploma olímpico, os atletas que chegam em quarto, quinto e sextos lugares. Desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, os diplomas passaram a ser dados também aos sétimos e oitavos colocados.

Para a Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro, foram confeccionados pela Casa da Moeda do Brasil 37.347 diplomas de premiação feitos com papel filigranado, feito com madeira extraída legalmente. Os medalhistas também recebem o diploma, que tem tamanho A3 (29,7cm x 42 cm), com selos dourado, prateado e bronze para refletir o prêmio ganho. Para os atletas que ficam da quarta à oitava posição, o selo no diploma é verde.

Somente chegar a ser um atleta olímpico já é um feito maravilhoso e para muito poucos, considerando a população mundial. Chegar até a oitava colocação é extraordinário e merece reconhecimento, pois estes seres humanos de extrema dedicação proporcionam emoções inimagináveis não apenas a seus companheiros, técnicos e familiares, mas a um país, ou ao mundo todo, quando mostram atitudes impressionantes, no desempenho de seus esportes, ou escolhendo ser realmente olímpico e apontar falhas do juiz ou do próprio concorrente, o que facilitaria injustamente sua vida.

Precisamos nos inspirar nestes exemplo de reconhecimento do Comitê Olímpico e aprender a reconhecer não apenas os resultados, mas os esforços de quem está à nossa volta, seja um colega, um gestor, um parente, um amigo.

Grandes resultados vêm com pequenos esforços de reconhecimento.