Café com a Oficina: Sussurrofone e a professora genial

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O Banco Mundial, em fevereiro deste ano, divulgou um dado terrível: o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível de leitura dos países desenvolvidos e 75 anos para atingir esse nível em matemática. O cálculo foi baseado no desempenho dos estudantes brasileiros em todas as edições do PISA, que é a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
 
Esse é um dado que compromete não apenas a educação e cultura brasileiras, mas também a competência profissional brasileira, uma vez que os trabalhadores de todos os níveis têm desempenho inferior ao que poderiam ter, caso compreendessem melhor o português e a matemática.
 
Para servir como um fio de esperança nessa lama educacional em que estamos, a professora Adélia Muniz, da rede municipal de ensino do estado do Piauí, povoado de Cacimba Velha, zona rural de Teresina, criou um equipamento por apenas R$ 3,50 a unidade, feito manualmente com canos e joelhos de PVC.
 
É o “sussurrofone” que é um aparelho parecido com um telefone e que tem como objetivo incentivar a leitura em crianças do 4º e 5º anos. A criança fala no bocal e ouve a ela mesma com certa ampliação na voz, o que a ajuda a controlar o medo e a ansiedade em falar em público, a perceber os próprios erros e a reduzi-los, tanto na leitura, quanto na escrita.
 
Bom demais é que uma escola municipal de Ponta Grossa, no Paraná, gostou da ideia e também a adotou, percebendo ganhos, não apenas na leitura e escrita, mas também na matemática, pois os alunos conseguem se concentrar melhor na descrição do problema, compreendê-lo e achar mais facilmente a solução.
 
Soluções brilhantes não precisam ser caras, nem complexas. A simplicidade tem uma força de realização que permite com que testes sejam feitos rapidamente e as ideias cada vez mais aprimoradas. Você e sua empresa podem incentivar as escolas de primeiro grau a utilizarem o sussurrofone para abreviar o abismo em que estamos frente aos países desenvolvidos.
 
E, para soluções do seu dia-a-dia, busque o simples.
 
Assista: bit.ly/2MmET7e

Café com a Oficina: A invenção do Jardim de Infância e a criatividade

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O jardim de infância foi imaginado há mais ou menos 200 anos. Antes disso, as escolas que existiam admitiam somente crianças a partir dos 7 anos, eram focadas no professor e não no aluno e o método de ensino era a repetição. As crianças ficavam sentadas esperando o professor falar algo, que seria repetido em voz alta pela classe.

O alemão Friedrich Fröbel imaginou, por volta de 1840, um centro de atividades e jogos para crianças, que mais tarde chamou de Jardim de Infância e que teria como foco ser “uma instituição para a autoinstrução, auto-educação, e auto-desenvolvimento do gênero humano, por meio do brincar, da atividade criativa, e da auto instrução espontânea”. Tudo o que se quer hoje em dia nas empresas e nas escolas. Ele percebeu cedo que o aprendizado é muito mais rápido e prazeroso por meio dos jogos e das atividades práticas.

A idéia se espalhou pelo mundo. Os objetos imaginados e criados por ele para que as crianças pudessem experimentar, jogar, construir e se desenvolverem, tais como bolas, blocos coloridos, ladrilhos geométricos e bastões de diversos tamanhos e cores, bem como a utilização da poesia e do canto estão presentes até hoje nas escolas para crianças. No Brasil o primeiro Jardim de Infância inspirado em Fröbel foi implantado pela professora Emília Erichsen na cidade de Castro, Paraná, em 1862.

O professor do MIT-Massachusetts Institute of Technology, Mitchel Resnick, considerou a invenção de Friedrich Fröbel, o Jardim de Infância, como a mais importante dos últimos 1000 anos superando, em sua opinião, a imprensa, o motor a vapor e a consequente revolução industrial, o computador e todas as tantas invenções ocorridas no último milênio.

Por quê? Porque o aprendizado, por meio da experimentação, libera uma chama criativa que permite ao cérebro encontrar outros caminhos, propor novos entendimentos, criar, criar, criar.

Assim, o Jardim de Infância, imaginado por Friedrich Fröbel incentivou as crianças a imaginar e a concretizar sua imaginação por meio dos castelos construídos com os blocos, das florestas mágicas vindas dos pincéis, das fadas e gnomos vindos das histórias.

Esse processo de imaginação e criação passa a formar um saber real de como realizar coisas concretas e importantes. A imaginação é a porta do futuro e a forma como funciona o jardim da infância é mais útil hoje do que nunca. Para as crianças. Para os adultos. Para os idosos. Para os artistas. Para os profissionais que querem gerar novas ideias, brincar com essas ideias, gerar algo novo a partir delas e precisam desenvolver seus cérebros para isso. E também para estarem preparados para lidar de um jeito bom com situações novas e incertas.

O problema: a maioria dos sistemas de ensino e das estratégias criativas das empresas estão bem distantes do sistema empregado no jardim de infância. Pense nisso.

Café com a Oficina: “Quem tem fome tem pressa”

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Ter iniciativa é uma das competências mais requeridas em todos os campos da vida. Gente que não se mexe cansa até a mãe e o pai, imagine no trabalho a dificuldade em se manter empregado aquele que é lento, desatento e desinteressado. Claro que a iniciativa tem de vir de mãos dadas com o conhecimento e com a habilidade, mas sem iniciativa, nada se faz, ou se faz a passos tão lentos que nem se percebe a ação.
 
Tenente Ossuci, diretora de uma escola em uma região de bastante necessidade, resolveu que uma boa ideia seria terem plantadas bananeiras ao redor de toda a escola. Isso embelezaria o local e também traria um nutritivo acréscimo à merenda escolar. Como dinheiro não é algo disponível nas escolas brasileiras, alguns apoiadores da ideia se embrenharam no mato e começaram a trazer mudas de bananeira para iniciarem o plantio. A diretora, quando viu as plantas tão pequenas ficou um tanto chateada e disse: “Mas quando é que isso vai dar cacho de banana, eu quero para logo!” Eles disseram que não é assim que funciona, que é preciso plantar a mudinha e esperar pacientemente ela crescer. Ela então conseguiu uma pickup emprestada, se embrenhou no mesmo mato e trouxe bananeiras enormes, algumas já com cacho, as plantou muito bem plantadas. Todas se desenvolveram e os cachos estão cada dia maiores.
 
Este é um pequeno exemplo da ação desta jovem mulher, que é, há apenas 3 anos, diretora de uma escola na cidade de Jaci-Paraná, estado de Rondônia. Ela está revolucionando a vida de mais de 800 jovens que têm a possibilidade de estudar no Colégio Tiradentes. A ação provocou uma reviravolta em um local onde o destino de muitas daquelas crianças era a prostituição, as drogas e o crime. Hoje é berço de pessoas elegantes em seus uniformes impecáveis, que sabem (e vários já até receberam prêmios) que existem possibilidades nas robótica, na música, na matemática e nos estudos.
 
O Mateus é um desses exemplos, de um menino que deixava a mãe e os professores sem saberem como agir, passou a ser o responsável pela fanfarra da escola e desempenha este papel com orgulho e qualidade.
 
Vale frisar que o Colégio Tiradentes é Militar. Antes de se arrepiar e torcer o nariz imaginando que as crianças estão sendo forjadas para a submissão, é bom ler sua missão, que realmente dita os rumos por ali: “Através do humanismo e por elevados padrões de exigência, disciplina e responsabilidade, que valoriza o conhecimento como condição de acesso ao mundo, prestar à comunidade um serviço educacional de excelência contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos. Capazes de atuar como agentes de mudança, num ambiente participativo, aberto e integrador.”
 
A frase título deste Café com a Oficina é de autoria de Betinho. Sim, quem tem fome tem pressa e não é somente a fome física, mas nas empresas, o reconhecimento por um trabalho bem feito, a alegria de ter desafios interessantes, a paz de estar fazendo o país crescer vivendo Valores, sendo Ético.
 
Para conhecer mais sobre o Colégio Tiradentes, sua Diretora-Tenente Ossuci e o Mateus: goo.gl/JJAAV3

Polinizando ideias: A arte do século XXI

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O multiartista japonês Kohei Nawa tem uma reflexão sobre a arte no Século XXI em contraponto com a arte do Século XX, que merece ser compartilhada.

Ele diz que o artista do Século XX expressava na sua arte todas as suas angústias, suas dores, sua raiva, o seu eu interior, o seu sentimento menos visível.

Hoje, um grande número de pessoas expressa a todo momento seus sentimentos não por meio da pintura, da escultura, da música ou da literatura, mas por meio das diversas mídias sociais.


O artista então, segundo Nawa, tem agora o papel de utilizar o que já existe fora dele, seja a gravidade, ou os pixels, ou a natureza, ou seja o que for já existente e ser um agente transformador para uma nova e multifacetada obra, que provoque o olhar, aguce a imaginação, a sensibilidade.

Convidado a dar aula na universidade disse que preferia que os alunos fossem a seu estúdio para aprender na prática e assim foi feito, com ganho muito maior para alunos e artista.

Suas esculturas, arquiteturas e outras modificações do existente para outra e admirável existência, estão em museus de diversas partes do mundo.

Qualquer profissional pode aproveitar essa reflexão e fazer melhor uso do que o cerca em sua casa, em seu trabalho, em sua comunidade. A questão é aguçar o olhar e colocar mãos à obra, para um mundo com mais significado.

Explore: kohei-nawa.net