
Café com a Oficina: Sussurrofone e a professora genial

O jardim de infância foi imaginado há mais ou menos 200 anos. Antes disso, as escolas que existiam admitiam somente crianças a partir dos 7 anos, eram focadas no professor e não no aluno e o método de ensino era a repetição. As crianças ficavam sentadas esperando o professor falar algo, que seria repetido em voz alta pela classe.
O alemão Friedrich Fröbel imaginou, por volta de 1840, um centro de atividades e jogos para crianças, que mais tarde chamou de Jardim de Infância e que teria como foco ser “uma instituição para a autoinstrução, auto-educação, e auto-desenvolvimento do gênero humano, por meio do brincar, da atividade criativa, e da auto instrução espontânea”. Tudo o que se quer hoje em dia nas empresas e nas escolas. Ele percebeu cedo que o aprendizado é muito mais rápido e prazeroso por meio dos jogos e das atividades práticas.
A idéia se espalhou pelo mundo. Os objetos imaginados e criados por ele para que as crianças pudessem experimentar, jogar, construir e se desenvolverem, tais como bolas, blocos coloridos, ladrilhos geométricos e bastões de diversos tamanhos e cores, bem como a utilização da poesia e do canto estão presentes até hoje nas escolas para crianças. No Brasil o primeiro Jardim de Infância inspirado em Fröbel foi implantado pela professora Emília Erichsen na cidade de Castro, Paraná, em 1862.
O professor do MIT-Massachusetts Institute of Technology, Mitchel Resnick, considerou a invenção de Friedrich Fröbel, o Jardim de Infância, como a mais importante dos últimos 1000 anos superando, em sua opinião, a imprensa, o motor a vapor e a consequente revolução industrial, o computador e todas as tantas invenções ocorridas no último milênio.
Por quê? Porque o aprendizado, por meio da experimentação, libera uma chama criativa que permite ao cérebro encontrar outros caminhos, propor novos entendimentos, criar, criar, criar.
Assim, o Jardim de Infância, imaginado por Friedrich Fröbel incentivou as crianças a imaginar e a concretizar sua imaginação por meio dos castelos construídos com os blocos, das florestas mágicas vindas dos pincéis, das fadas e gnomos vindos das histórias.
Esse processo de imaginação e criação passa a formar um saber real de como realizar coisas concretas e importantes. A imaginação é a porta do futuro e a forma como funciona o jardim da infância é mais útil hoje do que nunca. Para as crianças. Para os adultos. Para os idosos. Para os artistas. Para os profissionais que querem gerar novas ideias, brincar com essas ideias, gerar algo novo a partir delas e precisam desenvolver seus cérebros para isso. E também para estarem preparados para lidar de um jeito bom com situações novas e incertas.
O problema: a maioria dos sistemas de ensino e das estratégias criativas das empresas estão bem distantes do sistema empregado no jardim de infância. Pense nisso.
O multiartista japonês Kohei Nawa tem uma reflexão sobre a arte no Século XXI em contraponto com a arte do Século XX, que merece ser compartilhada.
Ele diz que o artista do Século XX expressava na sua arte todas as suas angústias, suas dores, sua raiva, o seu eu interior, o seu sentimento menos visível.
Hoje, um grande número de pessoas expressa a todo momento seus sentimentos não por meio da pintura, da escultura, da música ou da literatura, mas por meio das diversas mídias sociais.
O artista então, segundo Nawa, tem agora o papel de utilizar o que já existe fora dele, seja a gravidade, ou os pixels, ou a natureza, ou seja o que for já existente e ser um agente transformador para uma nova e multifacetada obra, que provoque o olhar, aguce a imaginação, a sensibilidade.
Convidado a dar aula na universidade disse que preferia que os alunos fossem a seu estúdio para aprender na prática e assim foi feito, com ganho muito maior para alunos e artista.
Suas esculturas, arquiteturas e outras modificações do existente para outra e admirável existência, estão em museus de diversas partes do mundo.
Qualquer profissional pode aproveitar essa reflexão e fazer melhor uso do que o cerca em sua casa, em seu trabalho, em sua comunidade. A questão é aguçar o olhar e colocar mãos à obra, para um mundo com mais significado.
Explore: kohei-nawa.net
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