Café com a Oficina: Valores para inglês ver

valores
O show de horrores pelo qual o Brasil está passando têm como protagonistas algumas das maiores empresas deste país, como financiadoras de ações nada republicanas e crescendo desmedidamente usando de forma acintosa o dinheiro do BNDES, em seguida repassado em doses cavalares a políticos de todos os naipes.

Se analisarmos as cartas de Valores destas empresas podemos ver que a Ética e seus necessários agregados como o Respeito, a Honestidade, o Cuidado com o cliente e com o meio ambiente são lugares comuns, alguns escritos com o mais alto grau de técnica para a formulação de Valores empresariais.


Palavras, por mais bonitas e fortes que sejam, não bastam. É preciso que as ações sejam retrato fiel desta sopa de letras, que vimos, foi feita por estas empresas para descer amarga nas entranhas do povo brasileiro e aumentar o profundo abismo que separa os poucos ricos dos milhões de pobres deste país.

Analise a carta de Valores de sua empresa. As relações internas mostram alinhamento a estes Valores? Ou o “manda quem pode, obedece quem tem juízo” é a verdadeira regra vigente? Você está respeitando seus Valores, ou sendo obediente a pessoas sem escrúpulos?

Nestes tempos bicudos, com milhões de desempregados, as relações internas são dominadas pelo medo e este é o primeiro e perigoso passo para o agir sem ética.

Importante sempre refletir e ajudar a manter viva a necessária estreita relação entre os atos e os Valores, afinal, o sucesso a qualquer custo não traz a maior das riquezas, que é fazer o certo, mesmo quando ninguém esteja por perto para ver. Sentir a beleza de poder olhar no espelho e se orgulhar de suas ações e poder contar sua vida para filhos, netos ou quem lhe importe sem ter que usar óleo de peroba para isso.

Imagem:
Leo Gestel
(1891 – 1941)
Rijksmuseum
Amsterdam

Café com a Oficina: Humilhação no trabalho

assedio.jpg

Um supervisor avisa o gerente que um equipamento importante parou de funcionar. O gerente levanta gritando, bate na mesa, diz que aquilo é inadmissível, berra que o supervisor é um incompetente.

Uma reunião importante está acontecendo com vários gerentes há menos de 15 minutos. Um diretor adentra à sala sem bater, aponta acintosamente para um dos gerentes e grita: “Chega, saia já dessa sala agora! Vamos, eu quero falar com você agora!”

Um colaborador comete um erro em seu trabalho. Seu gestor chama a equipe toda e mostra o equívoco cometido e diz na frente de todos: “Você é muito incompetente, trate de melhorar, ou vai pra rua!

Um gerente de uma área encontra outro no meio do salão repleto de baias de trabalho e começa a dizer em altos brados: “Sua área é um lixo, vocês só fazem barbaridades.”

Um colaborador faz, com muito empenho e qualidade, um trabalho que lhe foi solicitado por seu gestor. Este lhe diz que o trabalho ainda não está muito bom e nunca mais fala do assunto. Meses depois o colaborador descobre que aquele trabalho foi apresentado à diretoria como sendo do gestor, sem menção alguma a seu nome.

Um novo colaborador é contratado. Sem motivo específico, os demais o rejeitam, não o convidam para nada, falam mal dele pelas costas, ou o colocam em situação vexatória.

Um excelente colaborador faz o trabalho para o qual foi contratado, mas exerce também há 2 anos função de gestão, sem receber por isso. Ao falar sobre o tema, lhe dizem que a empresa não comporta um cargo de gestão naquela área, que não tem condições de remunerar um gestor. O colaborador acaba por buscar oportunidades em outra empresa, joga super limpo com sua empresa atual e diz que treinará seu substituto antes de sair. Como a área de recrutamento e seleção não consegue ninguém do mesmo nível para substituí-lo, acabam por subir o salário e o nível do cargo – para poder contratar alguém de nível ainda inferior, mas satisfatório. O antigo colaborador, destruído em sua auto estima, mas rigoroso com seus valores, treina seu substituto.

Estes 7 relatos são retratos de fatos reais e recentes. A violência psicológica é uma triste, dura e feia realidade dentro de muitas empresas. Não contribua com este sofrimento sendo opressor, ou assistindo de cadeira a humilhação sofrida por quem não tem forças ou coragem para reagir. O trabalho não deve ser fonte de sofrimento, mas de prazer e realização.

Café com a Oficina: Não terceirize o feedback

feedback

Nada é tão capaz de contribuir tanto para a mudança de comportamento quanto um feedback bem dado e bem recebido.

Se você viu alguma ação concreta de alguém e percebe que pode ajudá-lo a ser melhor, diga-lhe! Com os cuidados básicos de não ter essa conversa na frente de outras pessoas, e nem você, nem quem irá receber o feedback, estarem comprometidos emocionalmente para uma reflexão saudável.

Não imagine que essa recomendação é válida apenas se você é um gestor e quer desenvolver um membro de sua equipe. O profissional contemporâneo deve estar preocupado e contribuindo com uma corrente contínua de desenvolvimento que inclui seus colegas, seus gestores, fornecedores e clientes internos e externos.

O que não tem validade é um feedback terceirizado, isto é, João vai reclamar de uma conduta de Pedro para Maria e Maria procura João e lhe dá um feedback sem nenhuma propriedade, já que não viu o ato e, caso visse, poderia ter tido uma opinião muito distinta da de Pedro.

Se você é gestor, não tenha informantes, isto é uma tática ditatorial e destruidora de equipes. Ao invés disso, saia de sua sala ou posto de trabalho, interaja com as pessoas e processos e tenha os próprios elementos para dar bons feedbacks desenvolvimentistas. Se você é membro de equipe não seja informante. Diga diretamente o que pensa a seu colega e o ajude a ser melhor. Este é o melhor meio de você desenvolver a si mesmo. Abaixo a fofoca no ambiente de trabalho!

Café com a Oficina: Modelo Mental ofensivo

modelo

Modelo mental é um pré conceito, isto significa que, sem conhecer de fato alguma pessoa ou grupo de pessoas, alguma questão, localidade ou produto alguém tem uma expectativa ou julgamento baseado em generalizações, que ele ou outros fizeram e acabaram por se tornar verdades para os incautos, preguiçosos ou ignorantes.

Por exemplo, dizer que “todas as mulheres dirigem mal” tira de boas motoristas possibilidades de trabalho, pois são rejeitadas ou nem mesmo consideradas. Ou, “a África é formada por um povo ignorante” é um julgamento em bloco que desconsidera, por exemplo, que a África do Sul já recebeu 4 prêmios Nobel, sendo um deles de literatura, além de ter a arrogância de definir o que é e o que não é ser ignorante.

Nesta semana Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, cidade sede das Olimpíadas 2016, despejou por falta de capacidade em assumir responsabilidades, o modelo mental chavão que pessoas preguiçosas têm sobre a Austrália.

O que aconteceu é que o Comitê Olímpico da Austrália encontrou e denunciou vários problemas na Vila Olímpica, desde vazamentos e entupimentos a teto caindo e fios desencapados, classificou a vila como “inabitável” e transferiu-se para um hotel. A resposta de Eduardo Paes foi jocosa e prepotente:

“O Brasil tem essa coisa de receber bem e de acolher, mas é uma mudança de muita gente ao mesmo tempo. É natural que você tenha algum tipo de ajuste a fazer, mas vamos fazer os australianos se sentirem em casa aqui. Estou quase botando um canguru na frente para pular na frente deles”, disse Paes na cerimônia de inauguração da Vila.

É de se refletir se o que significa receber bem para o Sr. prefeito é recepcionar os visitantes em uma casa, em que nem mesmo o banheiro funciona e se a visita não gostar disso, tratá-la com arrogância e preconceito.

A resposta da Austrália foi a correta: “Não queremos cangurus, queremos encanadores”.

Esse momento vergonhoso da nossa história é útil para que se possa pensar se os desastrosos modelos mentais direcionam nossas ações com outras áreas, com fornecedores, com clientes ou com qualquer pessoa que se enquadre em um rótulo que deixemos que seja transformado em uma injusta verdade.

Cuidado: Modelos Mentais podem ser muito ofensivos e trazer consequências de difícil solução.

Polinizando ideias: A arquitetura de Paulo Mendes da Rocha

Post_IdeiasOficina.jpg
 
Um homem que se inspira em andorinhas para planejar a reforma de um edifício histórico é aquele que segue uma das regras básicas e mais desprezadas da boa arquitetura: conversar com o entorno. Este homem é Paulo Mendes da Rocha, nascido em 1928, na cidade de Vitória-ES, morador da cidade de São Paulo desde 1940, e o mais premiado arquiteto brasileiro de todos os tempos. Ele já havia recebido em 2006 o prêmio de arquitetura de maior prestígio no mundo: o Pritzker e, em maio de 2016, recebeu o Leão de Ouro na 15ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, pelo conjunto de sua obra.
 
Seu caminho para o sucesso iniciou-se logo após sua formatura quando, em 1957, ganhou uma competição nacional para a construção do ginásio de esportes do Clube Atlético Paulistano. Este trabalho lhe trouxe reconhecimento público e, com ele, ganhou o Grande Prêmio Presidência da República na 6ª Bienal de São Paulo em 1961. É autor de projetos marcantes como o do MUBE-Museu Brasileiro da Escultura, a intervenção arquitetônica na Pinacoteca do Estado de São Paulo, intervenção e reforma da Estação da Luz e projeto do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e as novas instalações do Museu Nacional dos Coches em Lisboa, Portugal, dentre muitos outros.
 
Alguns de seus pensamentos:

“Todo o espaço deve ser ligado a um valor, a uma dimensão pública. Não há espaço privado. O único espaço privado que você pode imaginar é a mente humana.’’
 
“Uma cidade nasce do desejo de os homens estarem juntos.”
 
“O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação.”
 
“Condomínios são “os ovos da serpente”.
 
“A primeira e primordial arquitetura é a geografia”.
 
A arquitetura é invasiva. Ela destrói a natureza para abrigar o homem. Sobre a desolação ela constrói o belo. Ela destrói o belo e o histórico e constrói uma edificação horrenda e rentável, que terá obrigatoriamente que ser vista todos os dias por milhares, por vezes milhões de pessoas. Os profissionais da arquitetura, portanto, precisam ser éticos, precisam ter bom senso, precisam ser sensíveis, precisam ser artistas, precisam ser práticos para usar a menor quantidade de metros quadrados de destruição da natureza para satisfazer (e bem) as necessidades humanas.
 
Assim como o arquiteto, o profissional de todos os campos deve ser ético, para que sua intervenção no mundo cause o mínimo desgaste possível à natureza e aos demais seres viventes. Apoie sua empresa a realizar com ética. Seja você também um profissional que se inspira e conversa com a natureza para realizar seu trabalho, seja ele qual for.
Abaixo,  uma entrevista filmada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde ele conta como as andorinhas influenciaram seu projeto, outras boas histórias de sua jornada e sua relação com o urbano.

 

Café com a Oficina: Cobrando metas a pauladas 

pauladas

Um gerente chinês virou manchete nos últimos dias e provocou a demissão de dois diretores, após um vídeo ter circulado na internet mostrando a forma como puniam os funcionários que não atingiam as metas impostas pelo banco: com pauladas nas pernas.

A cena faz pensar em quanto às relações de trabalho ainda estão muito grosseiras, pois se a maioria das empresas não castiga fisicamente seus colaboradores, alguns gestores o fazem de várias outras formas:

– Desprezando trabalhos previamente solicitados, sem ao menos avaliá-los.
– Colocando pessoas com desempenho diferente do esperado em situação vexatória.
– Sendo injusto nas avaliações, por incompetência, preguiça ou por colocar as pessoas na última de suas prioridades.
– Jogando as pessoas nas tarefas, sem o mínimo preparo para isso.
– Sendo competitivo de forma predatória com seus pares e obrigando o mesmo comportamento de sua equipe.
– Tendo medo da concorrência que está abaixo dele e, por isso, impedindo as pessoas de crescer.
– Endeusando-se e dificultando o acesso, apenas por que está em um cargo de direção ou gerência.

Esta lista infelizmente ainda tem outros tantos comportamentos agressivos e tão ou mais doloridos que pauladas. Pena que não sejam tão visíveis. Pena que algumas pessoas suportam os maus-tratos.

Veja as pauladas e reflita: http://goo.gl/4tNZAa

Arte: Excerto de “Discontinuity”
Li, Set Byul
2010
Óleo sobre tela
Korean Art Museum Association

Café com a Oficina: Tudo para mim X Ubuntu

ubuntu

Por vezes as pessoas confundem ESTAR com o SER. Quem está diretor de qualquer coisa, é uma pessoa que merece o mesmo respeito que aquele que tem o menor cargo na empresa. Quem está em um cargo público em uma democracia, assim está temporariamente, para fazer o melhor para todos e não para alguns e, muito menos, para ele próprio.

Existe uma belíssima filosofia de alguns povos africanos que se denomina Ubuntu. Ela trata da humanidade com os outros, de como se comportar em sociedade. Sua essência é a generosidade, a solidariedade e a compaixão com os necessitados, que se traduz em ação concreta que faz compartilhar o que se sabe e o que se tem.

Corre por aí uma história, que pela filosofia Ubuntu pode mesmo ser verdadeira, que diz que um antropólogo que estudava os usos e costumes de um povo africano, em seu tempo livre resolveu brincar com as crianças, e pensou em uma brincadeira que achou inofensiva: colocou ao pé de uma árvore uma bela cesta com doces e guloseimas e avisou as crianças que a seu sinal, deveriam correr e quem chegasse primeiro seria o vencedor e ganharia a cesta com todos os doces. Ele demarcou uma linha, as crianças se posicionaram ali e quando ele deu o sinal, instantaneamente elas deram-se as mãos, correram juntas até a árvore e distribuíram os doces entre si. O antropólogo, muito admirado, perguntou por que agiram assim e elas responderam: “Ubuntu. Como um de nós poderia ficar feliz se todos os outros estivessem tristes?” Ele descobriu então a essência do Ubuntu: Sou quem sou, porque somos todos nós!

Essa atitude ocorreu naturalmente sem a necessidade de uma lei obrigar as crianças a agir assim. Empresas têm seus códigos de ética e países têm suas leis, mas por melhor que sejam, servem para quase nada se as pessoas não tiverem valores pessoais e confundam o ESTAR com o SER.

Para ficar em um pequeno exemplo, se uma pessoa ganha brindes no exercício do seu cargo é justo e direito destinar esses brindes à instituição que a pessoa ESTÁ representando, já que ela não É a instituição. Existem leis para regular isso, mas realmente elas não seriam necessárias se as pessoas pensassem com a filosofia Ubuntu ou, pelo menos, tivessem vergonha de usufruir o que não é seu. E esses brindes poderiam fazer bela diferença em museus, bibliotecas, escolas. Ou, se estes não forem bons destinos, poderiam ser leiloados e com o dinheiro arrecadado comprar ao menos um equipamento de radioterapia e dar uma força para cerca de 120 brasileirinhos (ou mais) por mês, que fazem uso do equipamento.

Muitos problemas acontecem e acontecerão não apenas porque algumas pessoas levam vantagens que não deveriam ser para elas, mas para todos. Acontecem porque muitas pessoas, que não levam vantagem alguma, nem se apropriam de nada que não é seu, não denunciam quem o faz. E por que não denunciam? Por medo. Medo de perder o emprego, medo de não ser querido, medo de não ser promovido.

Os bons precisam se rebelar, e rápido. Se não, as empresas e instituições deste país vão desmoronar e seus destroços atingirão a todos. E não é esse tipo de compartilhamento que a filosofia Ubuntu prega.

Para saber mais, esta é a regra para o recebimento de brindes na presidência do Brasil: http://goo.gl/9QuCke

Café com a Oficina: Integridade vale a pena

leproso

O ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato da polícia federal, disse em entrevista ao jornalista Mário César Carvalho: “Virei um leproso. Esse foi um ano de lepra. As pessoas fugiam de mim e continuam fugindo…”.

Esse momento da história do Brasil demonstra ao vivo e em cores o quanto viver uma vida íntegra é o que no fim é realmente valorizado e não a superficialidade de ter a qualquer custo uma vida de aparências, com carros de luxo e roupas de grife usurpadas do outro.

É importante e bonito ver que as pessoas (a grande maioria delas pelo menos) percebem e valorizam o comportamento ético, correto. E é isso o que os torna claramente corruptos como que portadores de uma doença altamente contagiosa, de quem as demais querem se afastar, de quem ninguém se orgulha de ser amigo, filho, irmão, pai…

Cada pessoa enfrenta muitas situações durante a vida que a colocam frente à decisão: “Ganho dinheiro ilícito e tenho possibilidades de ter muitas e muitas coisas ou vivo de forma íntegra e tenho orgulho de mim mesmo?”. Esta é uma decisão individual, cada um escolhe seu caminho.

A certeza é que o caminho ético é, perante a sociedade, a família e a própria pessoa, aquele que não se tem vergonha de contar todos detalhes à luz do dia sem perder respeito.

Café com a Oficina: O ridículo PRÉ-conceito

12182925_1230016603691983_7387925661660733924_o

É dever de todos os gestores (e de cada um de nós) serem vigilantes contra o PRÉ-conceito. O preconceito ocorre, quando previamente à ação, a pessoa é julgada por sua cor, sua orientação sexual, seu gênero, sua condição econômica, sua idade, sua altura, sua gordura, sua magreza, sua nacionalidade…

Inúmeros casos acontecem a cada dia e são tratados sem seriedade, causando dor, raiva ou desânimo aos discriminados.

Os programas humorísticos, de modo geral, ajudam a disseminar estes pensamentos discriminatórios, mas o ambiente de trabalho não deve ser conivente com estas atitudes, que inclusive devem se punidas segundo a lei. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) na Convenção n. 111 de 1958 (isso mesmo, há quase 60 anos), ratificada pelo Brasil em 1968, traz um conceito de discriminação especificamente nas relações de trabalho em seu art. 1º. Esta Convenção define discriminação como:

“[…] distinção, exclusão ou preferência fundada em raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional, origem social ou outra distinção, exclusão ou preferência especificada pelo Estado-Membro interessado, qualquer que seja sua origem jurídica ou prática e que tenha por fim anular ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento no emprego ou profissão”.

Não tenha dúvida que a postura discriminatória, mesmo a dissimulada, altera a igualdade de oportunidades e priva ou dificulta pessoas talentosas de exprimirem e serem reconhecidas por seu real potencial.

Algumas poucas empresas têm tomado atitude séria para prevenir e punir as ações discriminatórias, mas ainda estamos muito longe de um ambiente de trabalho justo para a grande maioria dos brasileiros.

Olhe no espelho e reflita se você tem sido discriminado. Se sim, busque seus direitos sem agressividade desnecessária e sem se confundir com o agressor. Muna-se da legislação e de fatos e dados concretos que o ajudem a mudar a atitude das pessoas e a minimizar a injustiça contra você e contra muitas outras pessoas.

Olhe no espelho e reflita se você tem sido preconceituoso. Se sim, mude (sim, é possível) e você se sentirá uma pessoa muito melhor do que você mesmo era até ontem. Com isso, fará diferença para muitas pessoas e para o resultado de sua empresa e deste abatido país.

Café com: O diálogo merece o Nobel e também a sua paz

12113300_1219126634780980_205388470320646689_o.jpg

 

O Prêmio Nobel da Paz de 2015 foi conferido ao “Quarteto do Diálogo Nacional Tunisiano”, formado em 2013 por 4 organizações: a UGTT (União Geral Tunisiana do Trabalho), que é um sindicato histórico da Tunísia e símbolo da independência, a UTICA (União Tunisiana da Indústria, do Comércio e do Artesanato) que é uma organização patronal, a ONAT (Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia) e pela LTDH (Liga Tunisiana de Direitos Humanos).

O quarteto recebeu o Nobel “por sua contribuição decisiva à construção de uma democracia pluralista”, segundo o comitê Nobel norueguês, que afirmou que o quarteto “estabeleceu uma alternativa, um processo político pacífico em um período no qual o país estava à beira de uma guerra civil” e foi “instrumental ao permitir que a Tunísia, em um espaço de alguns anos, estabelecesse um sistema de governo constitucional”.

Se comparamos a Tunísia com a situação de alguns países vizinhos como a Síria, a Líbia, o Egito, podemos analisar a relevância da ação do Quarteto. Por meio de ousado diálogo, conseguiram iniciar o caminho para a democratização do país e sair da dura realidade de confrontos ferozes e lutas pelo poder cheias de violência odiosa. Com essa coalizão conseguiram aprovação de 93% da Assembleia Constituinte eleita pelo próprio povo para a nova constituição, que é uma das mais modernas do mundo. Eles têm muitos e enormes desafios pela frente, mas conseguiram uma força invejável para enfrentá-los.

Trazendo esse assunto para as organizações, é muito difícil passar pela vida de trabalho sem perceber ou participar de desavenças, disputas entre áreas ou pessoas, ódios, rivalidades. Visto com algum distanciamento, este cenário organizacional pode parecer ridículo. O exemplo do premiado Quarteto Tunisiano é uma luz sobre a força do diálogo e da transformação.

A vida só tem sentido, se o que fazemos traz desenvolvimento real para as pessoas, para a sociedade e para o meio ambiente e o único caminho para isso é o diálogo, mesmo e principalmente, com pessoas que pensam muito diferente.

Viver o valor respeito faz com que o diálogo seja mais natural, produtivo e motivo para orgulho. Experimente ser ousado e conquistar aliados onde antes havia inimigos. Mesmo que nem tudo sejam flores, é uma iniciativa que trará muitos ganhos a todos. Comece pelos pontos em comum e avance sem levantar barreiras, e sim procurando alcançar o que realmente importa. É bom começar então por definir, em conjunto composto por forças opostas que se tornam complementares, o que é que realmente importa.

Bom diálogo, boa vida!