Polinizando ideias: Blade Runner 2049 e o poder de uma lembrança

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Blade Runner 2049 quase se chamou na tradução em português: “Blade Runner – Androides Sonham”, nome que se refere ao livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick e que inspirou o primeiro filme “Blade Runner” lançado há 30 anos.
A imaginação humana é capaz de alguns inusitados carinhos, como neste Blade Runner 2049, onde lembranças de infância, cuidadosamente imaginadas para parecerem verdadeiras, são implantadas nos replicantes (androides) que foram criados à imagem e semelhança de humanos adultos, para serem seus escravos em tarefas que não interessam aos homens e mulheres de uma terra imprópria para a vida.
A justificativa para as lembranças (que são vitais ao roteiro) é a de propiciar acalanto à dura vida dos replicantes.
Pequenos carinhos podem ser grandes diferenciais, por propiciar momentos de prazer e felicidade que, por vezes, grandes esforços seriam incapazes de proporcionar.
Uma toalha quente para higienizar as mãos em um restaurante japonês, um bombom de boa qualidade sobre o travesseiro de um hotel, um bilhete de boas vindas no trabalho na volta das férias, uma janelinha para a terra (dizem os astronautas), um atendente de padaria que já sabe o que você deseja e o prepara com cuidado, um desenho do seu filho te abraçando.
Se uma empresa consegue encontrar esse meio gentil, carinhoso e genuíno de propiciar um momento de felicidade ao seu cliente, ela se aproxima de uma relação de confiança que tem valor inestimável. Agora, se uma empresa consegue ter ações de carinho e cuidado genuíno com seus empregados, certamente fará com que seu produto, serviço e imagem sejam da melhor qualidade.
Blade Runner 2049
Direção: Denis Villeneuve
Com: Ryan Gosling, Harrison Ford, Robin Wright, Dave Bautista
Estados Unidos
2017

Café com a Oficina: Educação japonesa inspirando empresas no Brasil

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A estrutura escolar japonesa difere bastante da brasileira e pode inspirar as empresas a conquistar maior confiança e autoconfiança de seus empregados. Vejamos:

No Japão todos os grandes eventos têm ligação com a natureza. Assim, o ano escolar inicia em abril que é a época mágica da floração das cerejeiras. A cerejeira simboliza para os japoneses o amor, a felicidade, a renovação e a esperança e essa relação é transportada para o início do ano letivo, dando ainda mais significado às aulas.

E o que as empresas poderiam fazer em relação à ligação com a natureza? O cuidado com o meio ambiente é um dos elementos que, além de contribuir eficazmente com a sustentabilidade da empresa e do mundo, provoca vínculo e dá a tão buscada sensação de se estar fazendo algo com propósito. Além de suas obrigações de cuidado sério com insumos e resíduos, as empresas podem fazer grandes e pequenas coisas que aumentem esse vínculo. Algumas empresas já o fazem e têm muitos bons resultados. Uma ideia simples, mas bonita e já duradoura, é a da Alumar-Alumínio do Maranhão que pertence ao Grupo Alcoa. Cada novo empregado planta uma árvore em um bosque e este momento fica registrado com uma placa em seu nome. Algumas empresas estendem esta prática à visitantes e clientes.

As escolas japonesas colocam uma grande ênfase nas boas maneiras, antes mesmo de testarem conhecimentos, assim os estudantes só fazem prova após a quarta série, mas são responsabilizados desde o primeiro dia pelos cuidados com a sala e todo o ambiente escolar. Algo que seria visto como radical no Brasil é que a maioria das escolas japonesas não contrata faxineiros, a organização e limpeza é feita pelos próprios alunos e um dos objetivos é desenvolver a ajuda mútua e o trabalho em equipe.

Grandes empresas no Brasil ainda têm sérios problemas de destruição de bens comuns como mobiliário, ferramentas e, principalmente, banheiros, pois ficam longe da possibilidade de fiscalização. O Valor disciplina precisa ser deixado claro a todos desde o momento em que deseja fazer parte da empresa até nas menores ocorrências do dia a dia. E isso não apenas porque gera menos custos, mas porque todos sentem-se melhores em fazer parte de um ambiente limpo, organizado e cuidado por todos.

A alimentação equilibrada é um item importante da vida japonesa e é apoiado pelas escolas que contratam chefs para desenvolverem cardápios saudáveis.

Muitas empresas brasileiras têm cardápios que incluem açúcar em doses excessivas (em refrigerantes ou “sucos”), cardápio abarrotadas de carboidratos pobres e poucas opções saudáveis e acabam por ter empregados com baixa energia e que adoecem muito. É possível ter alimentação saudável, apetitosa e a custos competitivos. Todos saem ganhando.

O que a empresa faz para aumentar a qualidade de vida, resulta em cidadãos melhores e um país mais pronto para um futuro com o qual todos se sentem responsáveis.

Imagem:
Excerto de “The Little Mermaid Thinking of the Prince”
Chihiro Iwasaki
1967
Chihiro Art Museum
Japão