
Polinizando ideias: Ferida desenhada

Imagem: Wikipedia
Primeiro a pedra: O Egito antigo, com suas pirâmides, faraós e história milenar era um grande mistério, pois não havia ninguém no planeta capaz de decifrar a antiga linguagem dos egípcios, os hieróglifos. Em 1799, o exército de Napoleão encontrou uma grande pedra de granito pesando mais de 700 quilos. Na pedra estava escrito em baixo relevo três vezes o mesmo texto em três línguas: grego antigo, demótico-que era uma língua egípcia já conhecida na época, e os indecifráveis hieróglifos.
O texto, que era um decreto do rei egípcio Ptolomeu V, promulgado em 196 a.C. possibilitou que estudiosos finalmente decifrassem os hieróglifos e adentrassem à milenar cultura egípcia. Um elo perdido foi restaurado por meio da linguagem e a história da humanidade ficou mais clara e completa. O termo Pedra de Rosetta é utilizado hoje em dia em outros contextos, para se referir a alguma informação essencial de um campo novo de conhecimento.
Agora a Nave: Hoje, 30/09/2016, às 8:20h horário de Brasília, a sonda Rosetta aterrissou no cometa 67P e finalizou com sucesso, há 850 milhões de quilômetros da Terra, sua missão que começou a ser planejada na década de 1990, em projeto conjunto entre a NASA e a ESA (Agência Espacial Européia).
A missão que buscou compreender o surgimento do Sistema Solar foi lançada em março de 2004 com o objetivo de alcançar o 67P e soltar sobre ele o módulo robótico Philae (Philae é o nome de um obelisco egípcio que também ajudou a traduzir a Pedra de Rosetta). O robozinho conseguiu realizar um feito inédito, que emocionou o mundo, em novembro de 2014, pousou no cometa, no entanto o robô ficou em uma área de sombra, sua bateria não pode ser recarregada, mas mesmo assim, cumpriu 80% das análises que lhe cabiam.
A viagem espacial de 12 anos da sonda ofereceu dados que ampliaram o que se sabia sobre o aparecimento da vida na Terra. A missão histórica buscou compreender o surgimento do Sistema Solar, já que os cometas são vestígios da sua matéria primitiva. As últimas imagens da Rosetta enviadas hoje à Terra mostraram o solo do cometa dez segundos e cinco segundos antes do impacto.
A arte, na imaginação de pintores, escultores, escritores e poetas muitas vezes antecipa a ciência. Guilherme Arantes, na década de 1980 compôs a música “Lindo Balão Azul”, com o marcante refrão “Pegar carona nessa cauda de cometa, ver a via Láctea, estrada tão bonita…”
Aproveite a incrível e única capacidade do ser humano de relacionar os vários saberes, eternizados pela linguagem, imaginados pela arte, concretizados pela ciência e vivenciados pela capacidade de sentir de cada um de nós.
Pouso da Roseta com narração do cientista brasileiro Lucas Fonseca, que participou da missão: https://goo.gl/nXw0l1
Para saber mais sobre o pouso do Philae: https://goo.gl/YoWv5x
Não existe certeza se a história deste Papagaio é verdadeira ou não, mas isso aqui não importa e sim uma reflexão, essa muito verdadeira, do próprio naturalista alemão Alexander von Humboldt que dizia que deveria haver “unidade entre a arte e a ciência”.
Mas vamos à história do papagaio: No final do século 18, Humboldt percorreu os territórios ainda desconhecidos dos europeus como Colômbia, Equador, Peru, Cuba e México. Na Venezuela, na selva do rio Orinoco, Humboldt ganhou de presente um papagaio do chefe da tribo indígena Caribe. O bicho falava muito, o tempo todo. Na medida em que foram convivendo, Humboldt percebeu que seu papagaio não falava a língua da tribo Caribe e, sim, o idioma de uma tribo totalmente exterminada anos antes, os Maipuré. Na verdade, o papagaio era o único falante vivo da língua maipuré, extinta junto com a tribo.
Bem, nestes dias a Oficina de Liderança foi convidada por uma empresa sua cliente a participar de um encontro anual que já é feito há oito anos e o Papagaio de Humboldt pode nos ajudar em uma importante reflexão. Esta empresa tem o cuidado de não “exterminar” o conhecimento e vem, ao longo dos anos, realizando um processo de desenvolvimento e não uma série de eventos desconexos ou só para cumprir tabela, Com isso, vem reduzindo desperdícios, aumentando nitidamente o saber instalado e sua capacidade de inovar.
Nos dias atuais, não são muitas as empresas que retém seus colaboradores por muitos anos e, muitas vezes, importantes fatias do conhecimento são jogadas fora sem que ninguém perceba que estão tendo altos custos de reinvenção da roda que não seriam necessários se tivessem cuidado de não deixar exterminar o conhecimento, o saber instalado.
Para utilizar a reflexão de Humboldt, é preciso integrar arte e ciência. Que aprendamos, nas empresas e na vida, a preservar o saber e a história, para então construir com menor esforço e melhores resultados o que ainda está por vir.
Em tempos tão digitalmente conectados como os que vivemos, por vezes é bom mergulhar em um bom livro e refletir sobre a antevéspera destas conexões, num mundo que mal tinha inventado o telefone e no qual o rádio de ondas curtas ainda estava em lenta gestação.
Este belo livro desvela uma expedição inglesa ao Polo Sul realizada em plena primeira guerra mundial, no ano de 1915 e que por contar com o fotógrafo Frank Hurley a bordo, possibilitou que incríveis imagens em preto e branco façam deste livro um programa duplo. As fotos foram também uma das fontes de recursos para esta custosa expedição, pois os direitos sobre notícias e imagens foram vendidos antecipadamente à viagem para o jornal londrino Daily Chronicle.
A expedição e seus impressionantes problemas, sempre comandados com plena liderança de seu capitão Sir Ernest Shackleton, é narrada de forma contundente logo na página inicial do primeiro capítulo, em trecho retirado do Diário de Bordo do Endurance, descrevendo a situação após o navio ficar preso no gelo antártico na latitude 74° Sul:
“Está quase no fim… O navio não vai aguentar esta vida, comandante. É melhor se preparar, pois é só uma questão de tempo. Ainda pode levar meses, só algumas semanas, ou mesmo dias… mas quando o gelo prende, o gelo não larga mais.”
É um livro que permite refletir sobre liderança em situações extremamente difíceis e, ao mesmo tempo, vislumbrar uma história verdadeira de homens e imagens impressionantes.
Livro: Endurance – A lendária expedição de Shackleton à Antártida
Autora: Caroline Alexander
Editora: Companhia das Letras
Foto: Frank Hurley
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