Café com a Oficina: Uma ideia de ouro

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O Japão está planejando a preparação dos Jogos Olímpicos 2020 e está cuidando de que o legado não seja apenas esportivo, mas especialmente o de influenciar para a mudança do pensamento que leve a um mundo melhor.
 
Um exemplo vem vestido de ouro, prata e bronze: Todas as 5.000 medalhas olímpicas e paralímpicas serão feitas, por incrível que possa parecer, de material reciclado. O Comitê Olímpico solicitou que celulares que seriam descartados, sejam doados para que deles sejam extraídas as pequenas quantidades de ouro, prata, platina e níquel e transformadas nos desejados símbolos do esforço e dedicação da vida de atletas e suas equipes. Para isso, será necessário recolher 8 toneladas de metal extraído dos celulares descartados advindos de um milhão de aparelhos doados.
 
Kohei Uchimura, ginasta japonês dono de três ouros em Jogos Olímpicos, declarou: “As medalhas olímpicas e paralímpicas de Tóquio 2020 serão feitas a partir do pensamento e apreço das pessoas em evitar o desperdício. Acredito que há uma mensagem importante nisso para as gerações futuras”.
 
Abranger mais VALOR além de cumprir com perfeição as metas, cuidando de transformar o presente em um futuro que seja melhor é uma possibilidade real, para a qual as belas e recicladas medalhas japonesas nos impulsionam.

Polinizando ideias: O legado de Canaletto

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Muitas vezes se ouve a pergunta que cutuca e alavanca: Qual o seu legado? Poucos profissionais têm o legado tão explícito quanto os grandes pintores. Nas telas deixam seu espírito e seu coração prontos a tocar, inspirar e sacudir as emoções de quem lhes dedica o olhar atencioso e a alma revolta.

O pintor italiano Canaletto (Giovanni Antonio Canale), nascido e morto em Veneza (1697-1768) é um desses grandes ícones da pintura mundial e deixou como legado a vida pulsante de Veneza, Roma e Londres em pinturas que são como retratos precisos e fortes, antecipando o que somente foi possível no próximo século, com o advento da fotografia.

Seus detalhes, que tendem à reprodução perfeita, permitem vislumbrar não apenas a arquitetura da época, mas também a moda, os costumes e as festas de forma vivaz. Observar uma de suas obras é um exercício sensorial intenso e único, que nos convida a mergulhar naquele que é um antigo e um novo mundo pincelado em cada uma de suas nuances.

A tela de Canaletto recebe as paisagens urbanas em um movimento da pintura chamado de vedutismo, já que em italiano “La Veduta” significa “A vista da cidade”. Essa era uma forma de pintar que era novidade para os tempos do Século XVIII, especialmente nos aspectos de perspectiva, pois mostrava as cidades de ângulos até então inusitados e com uma profundidade ainda não experimentada nesse grau de qualidade até então. Em uma tela plana, 2D, vemos a realidade com tanta profundidade quanto se estivéssemos a contemplá-la no ambiente real. Se hoje em dia colocamos uma pintura de Canaletto contraposta a uma fotografia de um local retratado por ele e que se manteve preservado, como o Arco de Constantino de Roma, por exemplo, podemos ver que a paixão por detalhes, apesar de passados 3 séculos, é de impressionar qualquer retina e suas formas, luzes e cores fazem vibrar o coração.

A arte tem poder de expandir o pensamento, de fazer ver novas perspectivas, de nos fazer verdadeiramente humanos, já que é o verdadeiro e necessário diferencial desta nossa raça tão conturbada.