Café com a Oficina: Sussurrofone e a professora genial

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O Banco Mundial, em fevereiro deste ano, divulgou um dado terrível: o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível de leitura dos países desenvolvidos e 75 anos para atingir esse nível em matemática. O cálculo foi baseado no desempenho dos estudantes brasileiros em todas as edições do PISA, que é a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
 
Esse é um dado que compromete não apenas a educação e cultura brasileiras, mas também a competência profissional brasileira, uma vez que os trabalhadores de todos os níveis têm desempenho inferior ao que poderiam ter, caso compreendessem melhor o português e a matemática.
 
Para servir como um fio de esperança nessa lama educacional em que estamos, a professora Adélia Muniz, da rede municipal de ensino do estado do Piauí, povoado de Cacimba Velha, zona rural de Teresina, criou um equipamento por apenas R$ 3,50 a unidade, feito manualmente com canos e joelhos de PVC.
 
É o “sussurrofone” que é um aparelho parecido com um telefone e que tem como objetivo incentivar a leitura em crianças do 4º e 5º anos. A criança fala no bocal e ouve a ela mesma com certa ampliação na voz, o que a ajuda a controlar o medo e a ansiedade em falar em público, a perceber os próprios erros e a reduzi-los, tanto na leitura, quanto na escrita.
 
Bom demais é que uma escola municipal de Ponta Grossa, no Paraná, gostou da ideia e também a adotou, percebendo ganhos, não apenas na leitura e escrita, mas também na matemática, pois os alunos conseguem se concentrar melhor na descrição do problema, compreendê-lo e achar mais facilmente a solução.
 
Soluções brilhantes não precisam ser caras, nem complexas. A simplicidade tem uma força de realização que permite com que testes sejam feitos rapidamente e as ideias cada vez mais aprimoradas. Você e sua empresa podem incentivar as escolas de primeiro grau a utilizarem o sussurrofone para abreviar o abismo em que estamos frente aos países desenvolvidos.
 
E, para soluções do seu dia-a-dia, busque o simples.
 
Assista: bit.ly/2MmET7e

Café com a Oficina: “Quem tem fome tem pressa”

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Ter iniciativa é uma das competências mais requeridas em todos os campos da vida. Gente que não se mexe cansa até a mãe e o pai, imagine no trabalho a dificuldade em se manter empregado aquele que é lento, desatento e desinteressado. Claro que a iniciativa tem de vir de mãos dadas com o conhecimento e com a habilidade, mas sem iniciativa, nada se faz, ou se faz a passos tão lentos que nem se percebe a ação.
 
Tenente Ossuci, diretora de uma escola em uma região de bastante necessidade, resolveu que uma boa ideia seria terem plantadas bananeiras ao redor de toda a escola. Isso embelezaria o local e também traria um nutritivo acréscimo à merenda escolar. Como dinheiro não é algo disponível nas escolas brasileiras, alguns apoiadores da ideia se embrenharam no mato e começaram a trazer mudas de bananeira para iniciarem o plantio. A diretora, quando viu as plantas tão pequenas ficou um tanto chateada e disse: “Mas quando é que isso vai dar cacho de banana, eu quero para logo!” Eles disseram que não é assim que funciona, que é preciso plantar a mudinha e esperar pacientemente ela crescer. Ela então conseguiu uma pickup emprestada, se embrenhou no mesmo mato e trouxe bananeiras enormes, algumas já com cacho, as plantou muito bem plantadas. Todas se desenvolveram e os cachos estão cada dia maiores.
 
Este é um pequeno exemplo da ação desta jovem mulher, que é, há apenas 3 anos, diretora de uma escola na cidade de Jaci-Paraná, estado de Rondônia. Ela está revolucionando a vida de mais de 800 jovens que têm a possibilidade de estudar no Colégio Tiradentes. A ação provocou uma reviravolta em um local onde o destino de muitas daquelas crianças era a prostituição, as drogas e o crime. Hoje é berço de pessoas elegantes em seus uniformes impecáveis, que sabem (e vários já até receberam prêmios) que existem possibilidades nas robótica, na música, na matemática e nos estudos.
 
O Mateus é um desses exemplos, de um menino que deixava a mãe e os professores sem saberem como agir, passou a ser o responsável pela fanfarra da escola e desempenha este papel com orgulho e qualidade.
 
Vale frisar que o Colégio Tiradentes é Militar. Antes de se arrepiar e torcer o nariz imaginando que as crianças estão sendo forjadas para a submissão, é bom ler sua missão, que realmente dita os rumos por ali: “Através do humanismo e por elevados padrões de exigência, disciplina e responsabilidade, que valoriza o conhecimento como condição de acesso ao mundo, prestar à comunidade um serviço educacional de excelência contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos. Capazes de atuar como agentes de mudança, num ambiente participativo, aberto e integrador.”
 
A frase título deste Café com a Oficina é de autoria de Betinho. Sim, quem tem fome tem pressa e não é somente a fome física, mas nas empresas, o reconhecimento por um trabalho bem feito, a alegria de ter desafios interessantes, a paz de estar fazendo o país crescer vivendo Valores, sendo Ético.
 
Para conhecer mais sobre o Colégio Tiradentes, sua Diretora-Tenente Ossuci e o Mateus: goo.gl/JJAAV3

Polinizando ideias: As crianças argentinas e o cinema

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A Argentina tem um padrão cultural muito diferenciado, quando tomamos por base, por exemplo, a relação livrarias X habitantes de Buenos Aires em comparação com São Paulo, percebe-se nitidamente que são muitas páginas de distância. Em 2015, São Paulo tinha 390 livrarias, ou 3,5 livrarias por grupo de 100 mil habitantes, enquanto Buenos Aires tinha 734 ou seja, 25 livrarias a cada 100 mil habitantes. Interessante é, que as livrarias independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro argentino, sendo poucas as redes, o que dá um caráter de maior proximidade e influência do livreiro no seu público leitor.

A arquitetura, a música, a ópera, o teatro, os museus também sempre foram grande marcos culturais, apesar das agruras políticas e econômicas que varreram o país nos últimos 50 anos, pelo menos. O tango e a milonga atraem turistas de todo o mundo e também bailarinos em importantes competições de dança locais e internacionais. Assim, a arte é pulsante na sociedade Argentina.

A prova definitiva de que eles sabem unir arte e educação é a nova estratégia que está sendo testada nas escolas primárias: As crianças terão o cinema como matéria curricular. A iniciativa é feita em parceria com a França, que já tem um programa parecido para as crianças na escola primária.

O que o programa prevê, é que as crianças assistirão filmes produzidos pela indústria cinematográfica argentina e aprenderão a analisá-los, sendo assim, o cinema para essa crianças, passará da categoria entretenimento para ser um elemento de desenvolvimento cultural e pessoal na vida dessas crianças.

O desejo é que esta iniciativa, que se chama “Escola vai ao cinema” e é apoiada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina (INCAA) e pela agência do cinema francês CNC, transforme-se em uma estratégia de longo prazo e passe a fazer parte da política de educação nacional.

Para fazer diferença, em qualquer campo de qualquer indústria e da vida é preciso traçar o futuro desejado e trilhar os caminhos necessários para se chegar lá. Buenos Aires é pioneira no desenvolvimento da indústria criativa na América Latina desde 2001, quando o governo municipal lançou um plano cultural estratégico com objetivo de reforçar o papel da cidade “como um centro regional para a criação, produção e difusão da cultura”. Em meio a esse fervilhar cultural, o cinema argentino têm impressionado o mundo com sua sensibilidade, simplicidade e criatividade.

Conhecer o cinema argentino seja para reflexão ou entretenimento é um bom uso para o tempo de todos que gostam de cinema.

Confira algumas títulos argentinos, que nós da Oficina adoramos:

Plata quemada
Ano: 2000
Argentina/Uruguai/Espanha/França
Direção: Marcelo Piñeyro
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Filho da Noiva
(El hijo de la novia)
Argentina/Espanha
2001
Direção: Juan José Campanella
Prêmio: Premio Ondas de Cine a la Mejor Actriz

Historias Mínimas
Direção: Carlos Sorín
Ano: 2002
Argentina/Espanha
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Clube da Lua
(Luna de Avellaneda)
Ano: 2004
Argentina
Direção: Juan José Campanella
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Segredo dos Seus Olhos
(El Secreto de Sus Ojos)
Argentina/Espanha
Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

O Homem ao Lado
(El Hombre de al Lado)
Ano: 2011
Argentina
Direção: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Prêmio: Sundance Film Festival Excellence in Cinematography Award: World Cinema Dramatic

Las Acacias
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Pablo Giorgelli
Prêmio: Caméra d’Or – Cannes
Indicações: Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro

Medianeras
Ano: 2011
Argentina/Espanha/Alemanha
Direção: Gustavo Taretto

Um Conto Chinês
(Un cuento chino)
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Sebastián Borensztein
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes)
Argentina/Espanha
Ano: 2014
Direção: Damián Szifron
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro, Critics’ Choice Award: Melhor Filme Estrangeiro
Indicações: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Truman
Espanha/Argentina
2015
Direção: Cesc Gay
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

* Capa – arte sobre fotografia de:
Infância Clandestina
Argentina
2010
Direção: Benjamín Avila
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano

Polinizando ideias: Los Carpinteros: Objeto Vital

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Os três artistas que iniciaram em 1992, em Havana – Cuba, o coletivo Los Carpinteros, muito provavelmente não conhecem Marco Antônio, que trabalha como segurança em São Paulo, Brasil, mais especificamente no CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil.

Ele, no entanto, conhece parte da vasta obra e dela fala com paixão e propriedade aos que têm a sorte de demonstrarem interesse pelos significados da arte do coletivo quando não há nenhum monitor por perto e é horário de trabalho de Marco Antônio, que além de cuidar da segurança das obras, as protege da superficialidade, detalhando fatos e desejos dos seus autores e provocando admiração.

A exposição “Los Carpinteros: objeto vital” é composta por desenhos, aquarelas, esculturas, instalações, vídeos e obras que utilizam, de forma criativa, a arquitetura, a escultura e o design e aliam a competência artesanal ao pensamento crítico e conceitual que só a arte é capaz.

Podem ser apreciadas obras de todas as fases do coletivo, desde sua visão bastante entremeada com aspectos cubanos e sua crise econômica e política que teve seu auge no início do coletivo, passando pela ampliação da visão dos artistas que resultou em obras mais plurais, em sintonia não apenas com Cuba, mas com o mundo, até obras inéditas, feitas exclusivamente para esta exposição.

O belíssimo edifício do CCBB – SP faz uma boa acolhida à diversidade de obras do coletivo e ainda nos brinda com Marco Antônio, um segurança que, ao não se limitar à sua função, faz um espetáculo à parte e, ao mesmo tempo, interligado com os desejos dos artistas demonstrados em todas as suas obras, mas explicitado em “Marquilla Cigarrera Cubana”, obra que integra madeiras nobres encontradas em casarões abandonados por ricaços americanos com a pintura, e mostra a arte dessacralizada, onde dois dos artistas aparecem despidos, visitando uma sala de museu, como a dizer, “estamos aqui, nus apresentando autenticamente a nossa arte”.

Dois vídeos diametralmente distintos que a integram, mostram a pluralidade de alta qualidade de Los Carpinteros e convidam, a não perder a vontade de voltar a jogar.

Exposição: Los Carpinteros: Objeto Vital
Artistas: Alexandre Arrechea, Dagoberto Sánchez e Marco Valdes.
Local: CCBB São Paulo
Curadoria: Rodolfo de Athayde
Quando: 30/07 a 12/10/2016

Foto: Marli Gavioli

Café com a Oficina: Humilhação no trabalho

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Um supervisor avisa o gerente que um equipamento importante parou de funcionar. O gerente levanta gritando, bate na mesa, diz que aquilo é inadmissível, berra que o supervisor é um incompetente.

Uma reunião importante está acontecendo com vários gerentes há menos de 15 minutos. Um diretor adentra à sala sem bater, aponta acintosamente para um dos gerentes e grita: “Chega, saia já dessa sala agora! Vamos, eu quero falar com você agora!”

Um colaborador comete um erro em seu trabalho. Seu gestor chama a equipe toda e mostra o equívoco cometido e diz na frente de todos: “Você é muito incompetente, trate de melhorar, ou vai pra rua!

Um gerente de uma área encontra outro no meio do salão repleto de baias de trabalho e começa a dizer em altos brados: “Sua área é um lixo, vocês só fazem barbaridades.”

Um colaborador faz, com muito empenho e qualidade, um trabalho que lhe foi solicitado por seu gestor. Este lhe diz que o trabalho ainda não está muito bom e nunca mais fala do assunto. Meses depois o colaborador descobre que aquele trabalho foi apresentado à diretoria como sendo do gestor, sem menção alguma a seu nome.

Um novo colaborador é contratado. Sem motivo específico, os demais o rejeitam, não o convidam para nada, falam mal dele pelas costas, ou o colocam em situação vexatória.

Um excelente colaborador faz o trabalho para o qual foi contratado, mas exerce também há 2 anos função de gestão, sem receber por isso. Ao falar sobre o tema, lhe dizem que a empresa não comporta um cargo de gestão naquela área, que não tem condições de remunerar um gestor. O colaborador acaba por buscar oportunidades em outra empresa, joga super limpo com sua empresa atual e diz que treinará seu substituto antes de sair. Como a área de recrutamento e seleção não consegue ninguém do mesmo nível para substituí-lo, acabam por subir o salário e o nível do cargo – para poder contratar alguém de nível ainda inferior, mas satisfatório. O antigo colaborador, destruído em sua auto estima, mas rigoroso com seus valores, treina seu substituto.

Estes 7 relatos são retratos de fatos reais e recentes. A violência psicológica é uma triste, dura e feia realidade dentro de muitas empresas. Não contribua com este sofrimento sendo opressor, ou assistindo de cadeira a humilhação sofrida por quem não tem forças ou coragem para reagir. O trabalho não deve ser fonte de sofrimento, mas de prazer e realização.

Café com a Oficina: 1000 Super Heróis

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Quem nunca passou por uma situação onde uma prótese poderia ajudá-lo a realizar as ações do cotidiano, pode não ter a percepção do quanto investir nesta área pode ajudar milhares de crianças desabilitadas. Este não foi o caso do argentino de apenas 20 anos, Gino Tubaro, que tornou-se o criador de um projeto que se chama 1000 Super-Herois e que já produziu mais de mil próteses para crianças, coloridas com inspiração nas roupas dos super heróis. 

Sua trajetória começou desde criança, mostrando interesse por engenharia e mecatrônica desmontando todos os equipamentos da sua casa, de máquinas de lavar a tábua de passar roupa.

Aos 13 anos ganhou o prêmio de melhor inventor jovem da Organização Mundial de Propriedade Intelectual. Aos 18, fundou sua primeira startup, dedicada a estudar e fazer experimentos sobre os avanços da impressão 3D.

A mãe de um menino, Felipe, que nascera sem a mão esquerda, pediu que a startup fizesse uma prótese para seu filho. Após seis meses de trabalho conseguiram uma prótese que fez o menino Felipe feliz e, então, a equipe de Gino passou a liderar o programa governamental argentino em 3D, que começou a entregar próteses em apenas duas semanas.

O projeto 1000 Super Heróis, nasceu de sua segunda startup, a Atomic Lab. Este projeto produziu 1000 próteses para reverter a deficiência física e fazendo as crianças se sentirem como donas de um super poder.

Estabelecer metas além do próprio umbigo, estudar dedicadamente, experimentar a tecnologia a favor da humanidade são imprescindíveis elementos para conquistar apoio e verbas para realizar boas ideias.

atomiclab.org

Café com a Oficina: Medalha! Medalha!

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O desejo de ganhar medalhas marcou definitivamente o personagem Cão Muttley, do desenho Corrida Maluca da Hanna Barbera e, nos jogos olímpicos mostra a força de sua atração. A medalha é o ápice do reconhecimento e a grande marca de um trabalho bem feito. Um medalhista olímpico é um símbolo de luta, de extrema dedicação, de superação.

O esporte é sempre muito claro em mostrar vencedores e vencidos, mas algo que nem todos sabem, é também pródigo em valorizar o esforço, sem o qual não haveria atletas, não haveria avanço, não apenas no esporte, mas nos mais diversos campos da humanidade. Muitas vezes, o que separa um campeão de um quarto lugar – que não leva medalha – são apenas alguns segundos, ou até centésimos em algumas modalidades.

Desde os Jogos Olímpicos de 1948, em Londres, o Comitê Olímpico Internacional passou a reconhecer, com um diploma olímpico, os atletas que chegam em quarto, quinto e sextos lugares. Desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, os diplomas passaram a ser dados também aos sétimos e oitavos colocados.

Para a Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro, foram confeccionados pela Casa da Moeda do Brasil 37.347 diplomas de premiação feitos com papel filigranado, feito com madeira extraída legalmente. Os medalhistas também recebem o diploma, que tem tamanho A3 (29,7cm x 42 cm), com selos dourado, prateado e bronze para refletir o prêmio ganho. Para os atletas que ficam da quarta à oitava posição, o selo no diploma é verde.

Somente chegar a ser um atleta olímpico já é um feito maravilhoso e para muito poucos, considerando a população mundial. Chegar até a oitava colocação é extraordinário e merece reconhecimento, pois estes seres humanos de extrema dedicação proporcionam emoções inimagináveis não apenas a seus companheiros, técnicos e familiares, mas a um país, ou ao mundo todo, quando mostram atitudes impressionantes, no desempenho de seus esportes, ou escolhendo ser realmente olímpico e apontar falhas do juiz ou do próprio concorrente, o que facilitaria injustamente sua vida.

Precisamos nos inspirar nestes exemplo de reconhecimento do Comitê Olímpico e aprender a reconhecer não apenas os resultados, mas os esforços de quem está à nossa volta, seja um colega, um gestor, um parente, um amigo.

Grandes resultados vêm com pequenos esforços de reconhecimento.

Polinizando ideias: Instituto Reação: Qual a sua luta?

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A primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro veio da luta. Uma luta que começou desde a descoberta do Brasil e que, infelizmente, ainda está muito longe de terminar. É a luta contra a desigualdade, contra as injustiças, contra o racismo, contra a falta de perspectiva de futuro.

A dona da medalha é Rafaela Silva e sua fala, logo após sua conquista, mostra um pouco desta dura realidade: “Uma criança que cresce dentro da comunidade não tem muito objetivo. Mas eu sou uma criança que começou a treinar aos cinco anos por brincadeira e agora sou campeã olímpica.” 

O judô chegou ao Brasil no início do século XX, com os primeiros imigrantes japoneses, aqui encontrou adeptos dentro e fora da colônia e se transformou no esporte individual que mais trouxe medalhas olímpicas para o Brasil.

Talvez Rafaela pudesse não ter se encontrado com o judô e traçado este caminho para a glória de ser a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016, se não tivesse existido uma pessoa como Flávio Canto, medalha de bronze na Olimpíada de Atenas, que idealizou o Instituto Reação, que é uma organização que promove o desenvolvimento humano por meio do judô e da educação, desde a iniciação esportiva até o alto-rendimento.

Flávio Canto observa que no judô se aprende primeiro a cair e só então a derrubar e esta metáfora, a necessidade de se levantar a cada queda, tem um poder muito grande na hora dos tombos da vida. Além disso, o Instituto Reação promove o desenvolvimento interdisciplinar, o aprendizado como uma forma de alegria e, principalmente, o gosto por praticar valores que vão além da coragem e determinação necessários à prática do esporte, já que o programa educativo desenvolve a disciplina, o compromisso, a responsabilidade e a autonomia.

Uma missão do Instituto Reação é reduzir as distâncias sociais gigantescas e pensa fazer isso trazendo quem está acima social e economicamente a conhecer, interagir e ajudar a mudar a realidade, a dura realidade de quem está nas camadas historicamente desfavorecidas da população.

O maior desafio autoimposto pelo Instituto Reação é que cada uma das crianças que ali chegam acreditem que possam ter sonhos e que estes possam se realizar. A menina Rafaela não tinha sonho. Seu entorno era pobre demais para possibilitar isso, mas chegou ao Instituto acompanhando a irmã, lá descobriu seu sonho: ser campeã olímpica. Impossível? Ela e o Instituto Reação mostraram que não.

E você, qual a sua luta? Qual o seu sonho?

Conheça um pouco do Instituto Reação:
Qual a sua luta: https://goo.gl/8xIr3A
Site: www.institutoreacao.org.br

Foto: Divulgação

Café com a Oficina: Dois pesos e duas medidas no feedback

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Estamos no fervor das Olímpiadas e atletas comprometidos e que dedicam cada minuto de sua vida ao esporte, dividem o espaço com jornalistas, alguns dedicados a retratar as histórias mais emocionantes e outros as mais vexatórias

A ginasta Daniele Hypólito é um dos pilares da ginástica olímpica brasileira e teve um bom desempenho na sua apresentação no aparelho conhecido por trave, e sofreu uma queda no exercício de solo da ginástica artística durante a fase classificatória. Ainda assim, suas performance ajudou o time brasileiro a se classificar para as finais. Com as câmeras das TVs mundiais com foco nela, enquanto aguardava que os juízes promulgassem suas notas, ela claramente pediu desculpas ao público. Assumir a responsabilidade é um ato nobre e de clara consciência e, quando isso acontece, quem cometeu algum erro, não por negligência, mas no auge da dedicação, não merece que seja relevado seu erro, por que ela mesma já o fez, mas sim os seus acertos, e a própria dedicação é um destes pontos muito positivos.

Um repórter do SporTV querendo relevar sua queda no solo, ouviu de Daniele: “Você só fala da queda, não da trave”. Seu desabafo teve grande repercussão nas redes sociais.

Seu irmão, o também ginasta Diego Hypólito, homenageou a irmã e publicou um desabafo:

“Parabéns guerreira! Você não tem que pedir desculpas! Pois você se dedica diariamente 27 anos consecutivos! Você me fez acreditar que a dedicação é uma vitória! Todos sonham em estar em uma olimpíada e você conseguiu 5 vezes! Abriu portas para a ginástica brasileira quando conquistou a primeira medalha da história em mundiais no ano de 2001 são 15 anos depois e você por seus méritos continua sendo titular da seleção brasileira! Nós que temos que te agradecer por mostrar que todos podemos ser campeões na vida se nos dedicarmos! Te amo”.

Muitas pessoas e muitas empresas não reconhecem o esforço, apenas a fria conquista do resultado. Esquecem que muitos se dedicaram muito antes que os necessários resultados sejam alcançados e não percebem que a falta de feedback positivo sobre os, por vezes pequenos pontos de conquista, pode levar ao desânimo e, aí sim, desnecessários recursos e energia terão que ser colocados para atingir resultados que viriam muito mais facilmente se os esforços fossem devidamente reconhecidos e valorizados.

Café com a Oficina: Não terceirize o feedback

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Nada é tão capaz de contribuir tanto para a mudança de comportamento quanto um feedback bem dado e bem recebido.

Se você viu alguma ação concreta de alguém e percebe que pode ajudá-lo a ser melhor, diga-lhe! Com os cuidados básicos de não ter essa conversa na frente de outras pessoas, e nem você, nem quem irá receber o feedback, estarem comprometidos emocionalmente para uma reflexão saudável.

Não imagine que essa recomendação é válida apenas se você é um gestor e quer desenvolver um membro de sua equipe. O profissional contemporâneo deve estar preocupado e contribuindo com uma corrente contínua de desenvolvimento que inclui seus colegas, seus gestores, fornecedores e clientes internos e externos.

O que não tem validade é um feedback terceirizado, isto é, João vai reclamar de uma conduta de Pedro para Maria e Maria procura João e lhe dá um feedback sem nenhuma propriedade, já que não viu o ato e, caso visse, poderia ter tido uma opinião muito distinta da de Pedro.

Se você é gestor, não tenha informantes, isto é uma tática ditatorial e destruidora de equipes. Ao invés disso, saia de sua sala ou posto de trabalho, interaja com as pessoas e processos e tenha os próprios elementos para dar bons feedbacks desenvolvimentistas. Se você é membro de equipe não seja informante. Diga diretamente o que pensa a seu colega e o ajude a ser melhor. Este é o melhor meio de você desenvolver a si mesmo. Abaixo a fofoca no ambiente de trabalho!