Café com a Oficina: Modelo Mental ofensivo

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Modelo mental é um pré conceito, isto significa que, sem conhecer de fato alguma pessoa ou grupo de pessoas, alguma questão, localidade ou produto alguém tem uma expectativa ou julgamento baseado em generalizações, que ele ou outros fizeram e acabaram por se tornar verdades para os incautos, preguiçosos ou ignorantes.

Por exemplo, dizer que “todas as mulheres dirigem mal” tira de boas motoristas possibilidades de trabalho, pois são rejeitadas ou nem mesmo consideradas. Ou, “a África é formada por um povo ignorante” é um julgamento em bloco que desconsidera, por exemplo, que a África do Sul já recebeu 4 prêmios Nobel, sendo um deles de literatura, além de ter a arrogância de definir o que é e o que não é ser ignorante.

Nesta semana Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, cidade sede das Olimpíadas 2016, despejou por falta de capacidade em assumir responsabilidades, o modelo mental chavão que pessoas preguiçosas têm sobre a Austrália.

O que aconteceu é que o Comitê Olímpico da Austrália encontrou e denunciou vários problemas na Vila Olímpica, desde vazamentos e entupimentos a teto caindo e fios desencapados, classificou a vila como “inabitável” e transferiu-se para um hotel. A resposta de Eduardo Paes foi jocosa e prepotente:

“O Brasil tem essa coisa de receber bem e de acolher, mas é uma mudança de muita gente ao mesmo tempo. É natural que você tenha algum tipo de ajuste a fazer, mas vamos fazer os australianos se sentirem em casa aqui. Estou quase botando um canguru na frente para pular na frente deles”, disse Paes na cerimônia de inauguração da Vila.

É de se refletir se o que significa receber bem para o Sr. prefeito é recepcionar os visitantes em uma casa, em que nem mesmo o banheiro funciona e se a visita não gostar disso, tratá-la com arrogância e preconceito.

A resposta da Austrália foi a correta: “Não queremos cangurus, queremos encanadores”.

Esse momento vergonhoso da nossa história é útil para que se possa pensar se os desastrosos modelos mentais direcionam nossas ações com outras áreas, com fornecedores, com clientes ou com qualquer pessoa que se enquadre em um rótulo que deixemos que seja transformado em uma injusta verdade.

Cuidado: Modelos Mentais podem ser muito ofensivos e trazer consequências de difícil solução.

Polinizando Ideias com a força das pessoas.

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Vejam só que belo. Duas mil pessoas compareceram na abertura do 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, que acontece no Memorial da América Latina, e assistiram a pré-estreia de “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert. Não acha grande coisa?

Gente bravíssima, que foram conferir algo gratuito, que não é um show pirotécnico, uma estrela musical ou algum enlatado comercial. Não há “vantagem” nenhuma de soberba, de alguma posse instantânea pelo valor do ingresso. Foram em pleno frio rasante paulistano, com o único intuito de se conectarem com a arte.

Volta e meia isso acontece em solo paulistano. Essa cidade é problemática, mas muitas e muitas pessoas almejam o diferente. São elas que levam esse negócio pra frente. Salve.

Algumas pessoas saudosistas repetem o mantra que “no tempo delas havia mais interesse cultural, havia mais qualidade nas obras.” Essas pessoas que tentam subjugar outras gerações, são as que menos fazem algo que estimule o pensamento de agora. Talvez nunca tenham feito em tempo algum.

Esse tipo de manifestação em prol da cidade é o cerne do progresso. Deveria ser exibida e comentada no jornal em horário “nobre” – seja lá o que for isso – para que se replique cada vez mais. Mas não, repetem os meandros políticos intermináveis, como se apenas eles, os dirigentes políticos, pudessem decidir o chão de amanhã. Há de se louvar os que tentam sair da mesmice, para que tenhamos menos ódio e mais reflexão.

Precisamos louvar todas as pessoas que tentam avançar pelo meio mais difícil, porém mais inteligente. Maquinando sua mente em prol de si e consequentemente facilitando o avanço do próximo. Niemeyer ficaria feliz com essa imagem.

11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo
20 a 27/07
Confira a programação completa:
www.festlatinosp.com.br/2016

Foto: Divulgação Memorial da América Latina

Polinizando ideias: A arquitetura de Paulo Mendes da Rocha

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Um homem que se inspira em andorinhas para planejar a reforma de um edifício histórico é aquele que segue uma das regras básicas e mais desprezadas da boa arquitetura: conversar com o entorno. Este homem é Paulo Mendes da Rocha, nascido em 1928, na cidade de Vitória-ES, morador da cidade de São Paulo desde 1940, e o mais premiado arquiteto brasileiro de todos os tempos. Ele já havia recebido em 2006 o prêmio de arquitetura de maior prestígio no mundo: o Pritzker e, em maio de 2016, recebeu o Leão de Ouro na 15ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, pelo conjunto de sua obra.
 
Seu caminho para o sucesso iniciou-se logo após sua formatura quando, em 1957, ganhou uma competição nacional para a construção do ginásio de esportes do Clube Atlético Paulistano. Este trabalho lhe trouxe reconhecimento público e, com ele, ganhou o Grande Prêmio Presidência da República na 6ª Bienal de São Paulo em 1961. É autor de projetos marcantes como o do MUBE-Museu Brasileiro da Escultura, a intervenção arquitetônica na Pinacoteca do Estado de São Paulo, intervenção e reforma da Estação da Luz e projeto do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e as novas instalações do Museu Nacional dos Coches em Lisboa, Portugal, dentre muitos outros.
 
Alguns de seus pensamentos:

“Todo o espaço deve ser ligado a um valor, a uma dimensão pública. Não há espaço privado. O único espaço privado que você pode imaginar é a mente humana.’’
 
“Uma cidade nasce do desejo de os homens estarem juntos.”
 
“O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação.”
 
“Condomínios são “os ovos da serpente”.
 
“A primeira e primordial arquitetura é a geografia”.
 
A arquitetura é invasiva. Ela destrói a natureza para abrigar o homem. Sobre a desolação ela constrói o belo. Ela destrói o belo e o histórico e constrói uma edificação horrenda e rentável, que terá obrigatoriamente que ser vista todos os dias por milhares, por vezes milhões de pessoas. Os profissionais da arquitetura, portanto, precisam ser éticos, precisam ter bom senso, precisam ser sensíveis, precisam ser artistas, precisam ser práticos para usar a menor quantidade de metros quadrados de destruição da natureza para satisfazer (e bem) as necessidades humanas.
 
Assim como o arquiteto, o profissional de todos os campos deve ser ético, para que sua intervenção no mundo cause o mínimo desgaste possível à natureza e aos demais seres viventes. Apoie sua empresa a realizar com ética. Seja você também um profissional que se inspira e conversa com a natureza para realizar seu trabalho, seja ele qual for.
Abaixo,  uma entrevista filmada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde ele conta como as andorinhas influenciaram seu projeto, outras boas histórias de sua jornada e sua relação com o urbano.

 

Café com a Oficina: Liderar já é um termo antigo?

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Desde que as empresas se instalaram no mundo assim como as conhecemos, a partir da Revolução Industrial, sempre se buscou a melhor pessoa para levar as demais a conseguir os melhores resultados possíveis.

O líder ideal já mudou de configuração muitas vezes. No início, como as organizações que inspiraram as empresas foram as milenares e bem sucedidas igreja e exército, o líder que se buscava era aquele que sabia comandar e moldar o comportamento dos subalternos de acordo com seus próprios interesses. O termo subalterno era usado normalmente e seu sentido era muito prático na equipe: um manda e outros obedecem. Pensar não era requerido ou permitido fora de quem tinha papel de liderança.

O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), em sua obra Economia e Sociedade, provocou uma ruptura neste pensamento, introduzindo a noção de liderança carismática, isto é, aquela que não deriva do poder legal ou tradicional, mas da admiração conquistada por seu carisma pessoal. Com as lideranças fascistas e nazistas surgidas na segunda grande guerra, o conceito de líder carismático oscilou entre positivo e negativo, conforme o contexto, o que fez surgir a liderança situacional, que contingencia o líder às necessidades da situação.

No final dos anos 1970, o historiador americano James MacGregor Burns (1918-2014) retomou o conceito de que apenas uma pessoa com competências específicas seria capaz de liderar e realizar transformações nas empresas e nas sociedades.

Nos anos 1980, a teoria de identidade social, que é a sensação de pertencimento a um grupo, ganhou relevância com as pesquisas dos psicólogos ingleses Henri Taifel e John Turner. Segundo eles, é a percepção de identidade social que incentiva as pessoas a agirem como membros de uma coletividade, possibilitando o consenso sobre prioridades e ações coordenadas em busca de metas compartilhadas.

Passados já 16 anos deste novo milênio, causa algum estranhamento as pessoas, inundadas de informações por todos os lados, ainda necessitarem de um líder que lhes diga para onde caminhar.

O fato do time de Portugal vencer a Eurocopa sem sua figura tida como estrela guia da equipe, (Cristiano Ronaldo saiu de campo lesionado aos 16 minutos de jogo), é um bom momento para reflexão sobre se as equipes não podem ser melhores sem figuras resplandecendo à custa de outras e jogando sua sombra sobre estes mesmos que os fazem brilhar.

Já o time da pequena Islândia, transformou com sua garra e ineditismo ao bater o tradicional time da Inglaterra, em força que arrastou todo o país para um sentimento de pertencimento àquela equipe de futebol, tanto que 10% da população se deslocou para os estádios franceses para acompanhar a Eurocopa. Um aspecto que marcou sua unidade para o mundo foi o cumprimento viking, onde palmas ritmadas e coreografadas mostravam sua sintonia em ação. Os grupos unidos têm seus símbolos e tradições que os fortalecem e servem de amálgama às suas forças.

Se é que as organizações ainda necessitam de líderes, precisam daqueles que apoiam a cada um dos membros da equipe a se desenvolver e brilhar, para que os resultados tenham sentido para todos.

Polinizando Ideias: Saramago e A Caverna de Platão 

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Corria célere o ano de 1922. O pai chega ao cartório para registrar seu filho recém-nascido. Naturalmente o tabelião lhe pergunta qual nome dará ao seu menino. O pai lhe responde “José de Sousa”, que também é seu próprio nome. O tabelião pensa “Mas que falta de imaginação” e nada diz.

Passam-se sete anos e o menino José vai para a escola que lhe exige sua certidão de nascimento. Descobre então, atônito, que seu nome não é a simples repetição do nome de seu pai, mas sim chama-se José de Sousa Saramago. O tabelião inconformado com o triste destino do menino, acrescentou-lhe a alcunha pela qual a família do Sr. José de Sousa, um pobre camponês, era conhecida. Saramago, é nome de uma planta herbácea, que nascia espontaneamente nos campos da província do Ribatejo, em Portugal e que 76 anos depois, incorporou o significado do primeiro e único (até o momento) escritor em língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura.

O pequeno aluno mostrou-se brilhante, mas aos 15 anos precisou parar de ir ao Liceu e passou para a escola técnica em busca de uma profissão que pudesse auxiliar nas despesas da família. O ofício escolhido foi o de serralheiro mecânico. O inusitado é que foi na escola técnica que ele encontrou os livros, pois além das disciplinas técnicas havia aulas de francês, português e literatura. E foi nos livros didáticos de literatura, que descobriu a poesia. Somente aos 19 anos pode comprar um livro e com dinheiro emprestado de um amigo. A biblioteca pública de Lisboa passou a ser sua companheira nas noites após o trabalho de serralheiro em uma oficina mecânica, e sua curiosidade e vontade o guiavam nas escolhas de suas leituras. Aos 25 anos, já casado e pai de sua única filha, Violante, que nascera naquele ano, publicou seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas foi publicado como Terra do Pecado. Somente 19 anos depois, em 1966, teve outro romance publicado que se chamou Os Poemas Possíveis.

Muitos livros vieram depois desse, mas queremos dedicar algumas poucas linhas a um de seus livros, publicado no ano 2000, que se chama A Caverna. Trata-se de uma versão moderna do mito de Platão. Platão colocou seus prisioneiros mitológicos em uma caverna de onde tinham uma visão do mundo apenas por meio de sombras projetadas de pessoas e estátuas do mundo exterior, e concluíram que as sombras é que eram a verdade e quando um deles conseguiu fugir e voltou contando do mundo como ele realmente era, foi morto, pois ninguém queria sair do “conforto” de um mundo conhecido, apesar de muito pior que o real. Saramago instala seus personagens como “prisioneiros” em um edifício – o Centro – de onde ninguém sai, pois tudo o que é necessário lá está. Ali as pessoas moram, trabalham, comem e se divertem sem ver a luz do sol ou da lua.

Tanto Platão quanto Saramago nos chamam a refletir sobre o ser humano e seu próprio pensamento, que pode aprisionar em mundos paralelos, cruéis e pouco sensíveis e a suportar situações e pessoas que distorcem a realidade. É sempre bom lembrar que o ambiente de trabalho, no qual se despende tanto tempo de vida, não precisa ser um ambiente de tortura ou de tristeza, mas pode e deve, ser um ambiente de respeito, criatividade e realização para todos.

Foto: Divulgação

Café com a Oficina: Finlândia – repensando o sentido da educação

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A República da Finlândia, país nórdico que faz divisa com a Rússia e a Suécia, com pouco mais de 5 milhões de habitantes, tem atraído as atenções do mundo pela qualidade de sua educação.

A sociedade finlandesa valoriza a educação. O ensino é obrigatório dos 7 aos 16 anos, mas apenas 1% dos estudantes não continuam os estudos após isso. Atualmente, 75% dos adultos entre 25 e 64 anos têm diploma de ensino superior.

Há não muito tempo, por volta de cem anos, havia muita pobreza e quem tinha um diploma era tratado como uma pessoa especial. Hoje em dia, o professor ainda é tratado com muito respeito e trata-se de uma profissão desejada como carreira para os filhos. O professor tem autonomia para escolher os métodos, livros e didática para cumprir o currículo básico.

Na Finlândia, antes de aprenderem os conteúdos, os alunos têm experiências práticas que auxiliarão no seu entendimento futuro. Assim, têm aulas de culinária, poesia, música, línguas, matemática aplicada. O currículo é focado no que os alunos precisam aprender e não no que o professor tem que ensinar.

O cineasta Michael Moore realizou um documentário onde compara a educação nos Estados Unidos com a educação na Finlândia. Ele traz dados surpreendentes: A carga horária dos estudantes é pequena – 20 horas semanais – eles não têm lição de casa e nem testes de múltipla escolha. Não existe escola privada no nível básico, assim, quem tem dinheiro estuda com quem não têm uma condição de vida tão boa e os vínculos futuros tornam-se bem estruturados. E interessa a todos que a escola tenha qualidade.

Os alunos sentem-se tratados como seres pensantes e isso os torna mais responsáveis pelo próprio desenvolvimento. É interessante ver a expressão da Ministra da Educação quando Michael Moore diz que o ensino americano aboliu a dedicação à poesia por não interessar ao mundo corporativo.

Olhe ao redor na sua empresa e verifique se o ambiente é de respeito, desafios ao desenvolvimento e se tempo é utilizado para aquilo que realmente interessa. Sim, ou não?

Trecho do documentário de Michael Moore “Where to Invade Next”:

https://www.youtube.com/watch?v=CLhxOufPH6E

Café com a Oficina: Cobrando metas a pauladas 

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Um gerente chinês virou manchete nos últimos dias e provocou a demissão de dois diretores, após um vídeo ter circulado na internet mostrando a forma como puniam os funcionários que não atingiam as metas impostas pelo banco: com pauladas nas pernas.

A cena faz pensar em quanto às relações de trabalho ainda estão muito grosseiras, pois se a maioria das empresas não castiga fisicamente seus colaboradores, alguns gestores o fazem de várias outras formas:

– Desprezando trabalhos previamente solicitados, sem ao menos avaliá-los.
– Colocando pessoas com desempenho diferente do esperado em situação vexatória.
– Sendo injusto nas avaliações, por incompetência, preguiça ou por colocar as pessoas na última de suas prioridades.
– Jogando as pessoas nas tarefas, sem o mínimo preparo para isso.
– Sendo competitivo de forma predatória com seus pares e obrigando o mesmo comportamento de sua equipe.
– Tendo medo da concorrência que está abaixo dele e, por isso, impedindo as pessoas de crescer.
– Endeusando-se e dificultando o acesso, apenas por que está em um cargo de direção ou gerência.

Esta lista infelizmente ainda tem outros tantos comportamentos agressivos e tão ou mais doloridos que pauladas. Pena que não sejam tão visíveis. Pena que algumas pessoas suportam os maus-tratos.

Veja as pauladas e reflita: http://goo.gl/4tNZAa

Arte: Excerto de “Discontinuity”
Li, Set Byul
2010
Óleo sobre tela
Korean Art Museum Association

Café com a Oficina: Treinando muito, vivendo bem!

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Vivemos cada vez mais. A expectativa de vida do ser humano vem se elevando em todo o planeta, até mesmo em países pobres, como por exemplo na Etiópia, onde a expectativa passou de 45 para 64 anos ou no Camboja que foi de 54 para 72 anos. Os homens japoneses têm uma expectativa média de vida de 80,5 anos e as mulheres japonesas de 86,8 anos. Mesmo aqui no Brasil onde a expectativa média é de 75,2 anos, já é comum ter alguém quase centenário no círculo de parentes ou amigos e a pergunta é: o que fazer para envelhecer sem perder a vitalidade, tão necessária neste nosso país que não é um primor em cuidado com os idosos?

A resposta não é simples, mas neste ano olímpico os exemplos do esporte sempre iluminam os caminhos da perseverança, valor tão importante em todos os campos de ação. O exemplo do americano Bill Guilfoil, um avô que, aos 93 anos, decidiu tentar uma vaga no tênis de mesa para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, tem este dom especial de nos fazer endireitar o corpo, levantar a cabeça, respirar fundo e conseguir energia para lidar com as questões do nosso dia-a-dia com disposição, coragem e alegria.

Ele pratica tênis de mesa há 80 anos. Já foi aluno, jogador profissional e é professor há 38 anos. Além disso, joga tênis de quadra para se divertir. No clube ele é sempre atento e acolhedor com os iniciantes. Uma de suas frases: “Você tem que seguir adiante e pensar no próximo passo, o próximo capítulo é sempre o mais importante”. Sua filha diz que ele sempre faz o máximo e se diverte ao máximo.

Um bom conselho dele e que serve bem para dar leveza e melhor aproveitamento do tempo no cotidiano do trabalho: “Não dá para ficar se preocupando com tudo. Tem coisa que nunca vai acontecer. Será um desperdício de energia”.

Assista a reportagem com o simpático Bill: http://glo.bo/1Y2FoY0

Café com a oficina: Quando uma pequena palavra muda tudo

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Na Inglaterra do século XVIII, a invenção do motor possibilitou a revolução industrial, que mudou completamente as formas de produção e organização do trabalho.

Grandes massas de trabalhadores começaram a trabalhar no mesmo ambiente, sujo, mal iluminado e tão apertado, que crianças eram recrutadas para trabalhar no exíguo espaço entre máquinas.

A hierarquia foi imitada das grandes organizações então existentes, que eram a igreja e o exército e desse modo hierarquizado, do “manda quem pode e obedece que tem juízo” chegamos ao século XX.

As condições na maior parte do mundo já não são tão insalubres e as crianças já não fazem mais parte do mundo das fábricas, felizmente.

O século XXI ainda pega as organizações com muito por fazer em termos de relações humanas, mas por vezes um bom vento sopra e boas discussões acontecem para arejar estes ares, ainda sombrios em muitas empresas.

A diretoria de uma empresa nossa cliente, ao discutir conosco sobre as competências desejadas, resolveu mudar a competência Gestão de Pessoas, para Gestão com Pessoas.

Este pequeno sinal de um grande avanço na forma de pensar ilumina de possibilidades este mundo das organizações, tão importante para produzir bens e serviços necessários, mas ainda tão desnecessariamente hierarquizado e hostil.

Gestão com pessoas! É uma promissora diferença de pensamento nestes quase 300 anos pós revolução industrial, onde a hierarquia sempre esteve acima do pensar junto. Hoje todos têm acesso à informação, todos querem fazer parte de algo que tenha sentido, todos podem gerir juntos para que resultados que valham a pena não apenas para os acionistas, mas para os clientes, colaboradores e para o planeta sejam alcançados.

Café com a Oficina: A música que salva

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Lauriceia Rodrigues tinha 34 anos, em 2007. Ela usava a garagem de sua casa na Paraíba, em uma pequena localidade que se chama Mandacaru e fica na periferia de João Pessoa, para servir sopa aos necessitados de sua região.

Uma tragédia familiar a fez perceber que, nas palavras dela, “estava enxugando gelo com o sopão, não resolvendo um problema”. Um sobrinho seu morreu devido ao consumo de crack. Ela que não tinha nenhum contato com o mundo das drogas e achava que já fazia a sua parte para ajudar a humanidade, ficou perdida.

Rapidamente observou o óbvio não tratado pelo governo ou parte da sociedade: “Criança fora da escola precisa de atividade.” Em 2010, começou um “trabalho de formiguinha”. Com o dinheiro de uma rifa, comprou violões e começou a ensinar música à crianças. Em 2012, criou na garagem de sua casa, a ONG “Uma nota musical que salva”.

Hoje ela atende por volta de 60 alunos de 4 a 17 anos e a única obrigação é estarem no ensino fundamental. As crianças se alimentam na ONG e se alguém chega sem calçados, ela dá um jeito de arrumar um tênis. Sua família relutou inicialmente em dividir seu espaço privado e recursos com outras crianças, mas hoje sua filha de 10 anos toca saxofone e seu marido apoia a iniciativa da esposa.

A ONG consegue algumas doações de empresas e da comunidade, mas ela usa parte de seu salário como fiscal de limpeza urbana e da venda de trufas para pagar as despesas. Conseguiu também outros apoios, como o Sargento Edilson da PM, que dedica um parte de suas horas de folga para ensinar música no Projeto.

Após 5 anos de trabalho, a ONG já colhe os frutos de seu precioso trabalho: “Você não sabe a felicidade que é ver um garoto que estudou música com a gente trabalhando com carteira assinada”.

Transformar uma tragédia pessoal em energia para apoiar outras pessoas e fazer da música um instrumento de vida, mostra que aqueles que têm seu olhar localizado além do próprio umbigo, podem fazer grandes e rápidas transformações no seu ambiente social ou de trabalho. Viva o trabalho destas fortes “formiguinhas”.

Cenas do projeto: https://goo.gl/JKY5JB