Café com a Oficina: Mandela e os Seis Prêmios Nobel da África do Sul

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O Waterfront fica no porto de Cape Town e é um dos lugares mais visitados da África do Sul. Lá turistas e moradores locais encontram muito a desfrutar como restaurantes, cafés, hotéis, condomínios residenciais, prédios comerciais, shopping center, marina, estaleiro, mercado de artesanatos, museus e áreas de lazer e entretenimento. Neste local Nelson Mandela recebeu mais uma de suas inúmeras homenagens, mas desta vez ele não está sozinho. Está acompanhado de mais três cidadãos africanos que, negros como ele, receberam o Nobel da Paz. As esculturas dos quatro pacifistas estão em destaque, tendo por trás, o mar e a Table Mountain, como a representar a possibilidade de liberdade e estabilidade que estes homens trouxeram à África do Sul.

Dos quatro, o primeiro a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1960, foi John Luthuli. Chamado de Gandhi africano, pela sua obstinada prática dos princípios da não violência, nasceu no Zimbabwe, mas ainda criança migrou com a família para a África do Sul, onde se transformou em prestigiado dirigente negro e, em 1959, conseguiu acalmar multidões, recomendando-lhes resistência passiva contra o apartheid. Quando, em 1960, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, o governo da África do Sul não permitiu que ele fosse à Oslo. Foi necessária grande pressão internacional, o que fez com que ele pudesse finalmente receber o prêmio no ano seguinte. Sua declaração ao receber o Nobel da Paz foi: “Esta é uma homenagem à mãe África e a todos os seus povos, sem distinção de raça, cor ou credo».

O segundo sul-africano a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1984, foi o sacerdote anglicano Desmond Tutu. Nasceu em um dos bairros mais pobres de Joanesburgo e quando já ordenado trabalhou no bairro negro do Soweto, num momento em que a polícia sul-africana fez violentas repressões contra estudantes negros. Tutu apoiou os jovens despertando-lhes a consciência de seus direitos e o orgulho de serem negros. Quando já era Bispo, a África do Sul vivia um de seus momentos de maior repressão no apartheird. Tomaram seu passaporte, foi preso com a acusação de ser subversivo e, no meio de clima de alta turbulência política e social, lhe foi concedido o Prêmio Nobel da Paz pelo seu papel de líder e por sua capacidade de aglutinar esforços para resolver o problema do apartheid.

Nelson Mandela e Frederik De Klerk receberam juntos, em 1993, o Prêmio Nobel da Paz.

Mandela foi o primeiro advogado negro da África do Sul. Foi condenado à prisão perpétua pelo governo branco, pelo crime de alta traição por ser contrário à segregação imposta pelo apartheid. Mesmo enquanto ainda prisioneiro, Mandela recebeu inúmeros prêmios por sua luta pelos direitos humanos. Foi libertado em 1990, após ter passado 27 anos preso. Quando tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul, teve força e clareza para unir o país, buscando a força dos brancos e dos negros, o que possibilitou um caminho de paz.

Frederik De Klerk foi deputado pelo Partido Nacional e em 1989 foi eleito para a presidência do Partido Nacional. Após a demissão do presidente P.W. Botha, De Klerk assumiu a presidência da África do Sul, de setembro de 1989 a maio de 1994, tendo sido o último branco a ocupar o cargo e abrindo caminho à democracia e eliminação do apartheid. Legalizou os partidos políticos e libertou Mandela da prisão.

Além desses quatro ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, a África do Sul ainda detém um Prêmio Nobel de Literatura ganho em 1991 por Nadine Gordimer, que foi chamada a consciência social da África do Sul e a cronista do apartheid. A Academia Sueca, ao conceder-lhe o Prêmio Nobel ressaltou: “Gordimer escreve com surpreendente facilidade sobre as extremamente difíceis relações pessoais e sociais que a rodeiam”.

Finalmente, a África do Sul detém um Prêmio Nobel de Medicina, conferido a Max Theiler, que foi um microbiologista sul-africano. Ele fez, nos EUA, importantes estudos sobre disenteria tropical e leptospirose. Especializou-se no estudo da febre amarela e seu trabalho levou à descoberta da vacina contra a febre amarela, o que lhe valeu, em 1951, a concessão do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.

Tudo isso para refletirmos o quanto é importante conhecer a história de outros países, como a África do Sul, que mesmo passando por grandes dificuldades está sendo capaz de trilhar um caminho que se vislumbra melhor para todos. E a maior marca e conquista deste caminho é a educação.

Quanto você e sua empresa têm se empenhado em desenvolver a educação, a consciência de direitos e deveres e a capacidade de sonhar? Os resultados, em todos os aspectos, sem dúvida compensam os investimentos no campo do desenvolvimento humano.

Café com a Oficina: A leitura pode revelar um tesouro escondido

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Os benefícios da leitura são aclamados em prosa e verso a cada dia, desde que o homem inventou a escrita, e um aspecto interessante destes benefícios, que é o de aumentar o poder pessoal, foi trazido à luz pela reflexão de um ex-presidiário americano, Nick Yarris, que foi inocentado após 23 anos de prisão.

Sua pena de morte por matar uma jovem foi anulada, quando os avanços das técnicas de análise do DNA puderam provar que ele era inocente e estava injustamente na prisão.

Ele relata que, em seus primeiros anos de confinamento, sentia-se tão desesperado que dava cabeçadas na parede com raiva e desespero e queria morrer. Foi preso com apenas 20 anos e com baixíssima educação básica, o que fez com que não pudesse ajudar a si mesmo, reagindo sempre com palavrões e com falta de clareza. Segundo sua análise, por não ter educação, por não saber se expressar, além da espera pela morte em uma cela solitária pela morte, ele sofreu agressões físicas e morais.

Tudo começou a mudar quando um carcereiro se apiedou dele e não apenas lhe emprestou alguns livros, mas o ensinou a como ler. Yarris diz que, a partir daí, deixou de ser amargo e passou a se educar. Acabou usando o tempo na prisão para melhorar sua educação, seu vocabulário e seu domínio da língua. Nos anos em que ficou preso leu 10.000 livros.

Ele foi tema de um documentário que se chama Fear of 13 (“Medo do 13”). O nome do documentário vem de uma das palavras que aprendeu com a leitura em seu projeto pessoal de saber mais na prisão, é a palavra triscaidecafobia – medo irracional do número 13. Hoje mora na Inglaterra, escreveu dois livros de memórias e dá palestras falando sobre a importância da leitura e educação no empoderamento dos jovens e de como a passagem pelo sistema carcerário o ajudou a ser uma pessoa melhor. Ele diz que o tesouro que levou da prisão foi o belíssimo conhecimento que adquiriu sobre ele mesmo e uma educação maravilhosa.

O líder Nelson Mandela, também relatou o quanto a leitura o tornou capaz de conhecer aqueles que eram seus inimigos de então, os africaners (brancos que dominavam seu país de maioria negra) para tornar-se o presidente de todos, brancos e negros da África do Sul. Em seus 27 anos de prisão (sua condenação era de prisão perpétua) ele aprendeu a língua, leu seus livros, refletiu sobre sua poesia, para finalmente triunfar e fazer história.

A leitura contribui para aumentar a compreensão do mundo, para entender pessoas de diferentes personalidades e capacidades e para ampliar as análises sobre as situações complexas do cotidiano. E, mais que tudo, para que cada um de nós entenda melhor a si mesmo, como fez Nick Yarris descobrindo possibilidades que nem mesmo imaginava existirem dentro de si.