Polinizando Ideias com a força das pessoas.

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Vejam só que belo. Duas mil pessoas compareceram na abertura do 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, que acontece no Memorial da América Latina, e assistiram a pré-estreia de “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert. Não acha grande coisa?

Gente bravíssima, que foram conferir algo gratuito, que não é um show pirotécnico, uma estrela musical ou algum enlatado comercial. Não há “vantagem” nenhuma de soberba, de alguma posse instantânea pelo valor do ingresso. Foram em pleno frio rasante paulistano, com o único intuito de se conectarem com a arte.

Volta e meia isso acontece em solo paulistano. Essa cidade é problemática, mas muitas e muitas pessoas almejam o diferente. São elas que levam esse negócio pra frente. Salve.

Algumas pessoas saudosistas repetem o mantra que “no tempo delas havia mais interesse cultural, havia mais qualidade nas obras.” Essas pessoas que tentam subjugar outras gerações, são as que menos fazem algo que estimule o pensamento de agora. Talvez nunca tenham feito em tempo algum.

Esse tipo de manifestação em prol da cidade é o cerne do progresso. Deveria ser exibida e comentada no jornal em horário “nobre” – seja lá o que for isso – para que se replique cada vez mais. Mas não, repetem os meandros políticos intermináveis, como se apenas eles, os dirigentes políticos, pudessem decidir o chão de amanhã. Há de se louvar os que tentam sair da mesmice, para que tenhamos menos ódio e mais reflexão.

Precisamos louvar todas as pessoas que tentam avançar pelo meio mais difícil, porém mais inteligente. Maquinando sua mente em prol de si e consequentemente facilitando o avanço do próximo. Niemeyer ficaria feliz com essa imagem.

11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo
20 a 27/07
Confira a programação completa:
www.festlatinosp.com.br/2016

Foto: Divulgação Memorial da América Latina

Polinizando Ideias: Malangatana, a alma do seu povo em suas obras.

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Malangatana Ngwenya é um artista do mundo, nascido em Moçambique (1936-2011). Ele é reconhecido mais fortemente por suas pinturas, mas enveredou também por outros campos da arte como a música, o teatro, o cinema, a poesia, a escultura, a cerâmica, a tapeçaria e a dança.

Quando criança, sua mãe afiava dentes para os adolescentes, o que era moda naquela época e seu pai era mineiro na África do Sul. Recebeu sua primeira aula de pintura em um clube onde trabalhava como pegador de bolinhas de tênis em Maputo – capital de Moçambique. Seu mestre não foi um pintor profissional, mas sim um biólogo português, que lhe ofereceu materiais para que experimentasse pintar e, ao perceber o talento do menino, decidiu ajudá-lo a vender seus primeiros quadros. Em seguida, o arquiteto também português, Pancho Guedes, lhe disponibilizou um espaço adequado à pintura na garagem da sua casa.

Em 1960, Malangatana levou sua família para morar com ele em uma casa que comprara com o dinheiro dos primeiros quadros vendidos.

Sua arte interliga pessoas com a natureza e conta a história de sua gente, de sua terra. Mostra a opressão que sofriam por serem colônia de Portugal e, depois, os horrores da guerra civil. A paz também é refletida em seus momentos mais otimistas.

Suas obras correu o mundo e estão em países como: Portugal, Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Brasil, Angola, Cuba, Estados Unidos, Índia, entre outros. Malangatana produziu ainda murais em Moçambique, na África do Sul, Suazilândia, Suécia e Colômbia.

Ajudou a criar muitas das instituições culturais que ainda estão em ação em Moçambique. Usou seu sucesso na arte em prol do desenvolvimento das crianças e do povo. Em 1984 a ONU-Organização das Nações Unidas o convidou para fazer parte do movimento “Artistas do Mundo contra o Apartheid”, em 1990 foi um dos fundadores do “Movimento Moçambicano para a Paz”. Patrocinou a escola “Vamos Brincar”, para que as crianças aprendessem a pintar e, por esse empenho com uma vida melhor para as crianças, foi nomeado Artista pela Paz pela Unesco, em 1997. Ele foi também um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique e do Centro Cultura Malatana, cidade onde nasceu.

O poder transformador da arte foi utilizado na totalidade por Malangatana, que conseguiu movimentos, ações e obras que estão praticamente no campo do impossível, se consideradas as condições econômicas de seu país natal. Ele é referendado e não apenas por suas características artísticas e intelectuais, mas por nunca ter perdido o dom da simplicidade.

Para saber mais: http://noticias.sapo.mz/especial/malangatana/