Polinizando ideias: Blade Runner 2049 e o poder de uma lembrança

BladeRunner2049
Blade Runner 2049 quase se chamou na tradução em português: “Blade Runner – Androides Sonham”, nome que se refere ao livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick e que inspirou o primeiro filme “Blade Runner” lançado há 30 anos.
A imaginação humana é capaz de alguns inusitados carinhos, como neste Blade Runner 2049, onde lembranças de infância, cuidadosamente imaginadas para parecerem verdadeiras, são implantadas nos replicantes (androides) que foram criados à imagem e semelhança de humanos adultos, para serem seus escravos em tarefas que não interessam aos homens e mulheres de uma terra imprópria para a vida.
A justificativa para as lembranças (que são vitais ao roteiro) é a de propiciar acalanto à dura vida dos replicantes.
Pequenos carinhos podem ser grandes diferenciais, por propiciar momentos de prazer e felicidade que, por vezes, grandes esforços seriam incapazes de proporcionar.
Uma toalha quente para higienizar as mãos em um restaurante japonês, um bombom de boa qualidade sobre o travesseiro de um hotel, um bilhete de boas vindas no trabalho na volta das férias, uma janelinha para a terra (dizem os astronautas), um atendente de padaria que já sabe o que você deseja e o prepara com cuidado, um desenho do seu filho te abraçando.
Se uma empresa consegue encontrar esse meio gentil, carinhoso e genuíno de propiciar um momento de felicidade ao seu cliente, ela se aproxima de uma relação de confiança que tem valor inestimável. Agora, se uma empresa consegue ter ações de carinho e cuidado genuíno com seus empregados, certamente fará com que seu produto, serviço e imagem sejam da melhor qualidade.
Blade Runner 2049
Direção: Denis Villeneuve
Com: Ryan Gosling, Harrison Ford, Robin Wright, Dave Bautista
Estados Unidos
2017

Polinizando Ideias: O Vendedor de Passados

passado

O autor angolano José Eduardo Agualusa, traz neste livro de apenas 200 páginas uma estimulante reflexão sobre a verdade e a interação entre um homem que vende passados e seu inusitado interlocutor.

A epígrafe do livro já faz pensar, pois é uma citação do escritor argentino Jorge Luís Borges: “Se tivesse de nascer outra vez escolheria algo totalmente diferente. Gostaria de ser norueguês. Talvez persa. Uruguaio não, porque seria como mudar de bairro.”

A leitura tem um ritmo ágil e os breves capítulos vão deixando atrás de si uma história tramada nos tecidos da vida humana. A revolução, que acabou com o domínio português em Angola e abriu caminho para uma tortuosa guerra civil que durou de 1975 a 2002, está levemente pincelada no ir e vir dos personagens, nos seus encontros, desencontros, sofrimentos e reflexões.

O autor reflete sobre a máxima de Martin Luther King: “Eu tive um sonho”. Ele diz que King deveria ter dito: “Eu fiz um sonho”.

Fazer um sonho. Talvez seja esse o motivo maior, embora não o único, de recomendarmos esta leitura aqui, no Polinizando Ideias. Se ideias forem realmente fortalecidas na mente, a ponto de fazer sonhos tornarem-se realidade, é possível que as empresas, as pessoas e o planeta possam ter uma vida melhor. Sem verdades construídas sobre molenga base de mentiras, mas sobre sólidas e concretas ações de transformação.

Livro: O vendedor de passados
Autor: José Eduardo Agualusa
Editora: Gryphus-RJ