reflexão
Polinizando ideias: Ai Weiwei: arte e empatia

Polinizando ideias: Escolhas que fazem toda a diferença
Para nossa polinização de hoje, escolhemos um poema do americano Robert Frost que, se lido com a atenção e a escuta atentas, poderá produzir belos frutos.
A estrada não trilhada
Robert Frost (1874 – 1963)
Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia…
Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.
E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.
Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.
Tradução: Renato Suttana
Polinizando ideias: As crianças argentinas e o cinema
A Argentina tem um padrão cultural muito diferenciado, quando tomamos por base, por exemplo, a relação livrarias X habitantes de Buenos Aires em comparação com São Paulo, percebe-se nitidamente que são muitas páginas de distância. Em 2015, São Paulo tinha 390 livrarias, ou 3,5 livrarias por grupo de 100 mil habitantes, enquanto Buenos Aires tinha 734 ou seja, 25 livrarias a cada 100 mil habitantes. Interessante é, que as livrarias independentes têm um papel fundamental no mercado livreiro argentino, sendo poucas as redes, o que dá um caráter de maior proximidade e influência do livreiro no seu público leitor.
A arquitetura, a música, a ópera, o teatro, os museus também sempre foram grande marcos culturais, apesar das agruras políticas e econômicas que varreram o país nos últimos 50 anos, pelo menos. O tango e a milonga atraem turistas de todo o mundo e também bailarinos em importantes competições de dança locais e internacionais. Assim, a arte é pulsante na sociedade Argentina.
A prova definitiva de que eles sabem unir arte e educação é a nova estratégia que está sendo testada nas escolas primárias: As crianças terão o cinema como matéria curricular. A iniciativa é feita em parceria com a França, que já tem um programa parecido para as crianças na escola primária.
O que o programa prevê, é que as crianças assistirão filmes produzidos pela indústria cinematográfica argentina e aprenderão a analisá-los, sendo assim, o cinema para essa crianças, passará da categoria entretenimento para ser um elemento de desenvolvimento cultural e pessoal na vida dessas crianças.
O desejo é que esta iniciativa, que se chama “Escola vai ao cinema” e é apoiada pelo Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina (INCAA) e pela agência do cinema francês CNC, transforme-se em uma estratégia de longo prazo e passe a fazer parte da política de educação nacional.
Para fazer diferença, em qualquer campo de qualquer indústria e da vida é preciso traçar o futuro desejado e trilhar os caminhos necessários para se chegar lá. Buenos Aires é pioneira no desenvolvimento da indústria criativa na América Latina desde 2001, quando o governo municipal lançou um plano cultural estratégico com objetivo de reforçar o papel da cidade “como um centro regional para a criação, produção e difusão da cultura”. Em meio a esse fervilhar cultural, o cinema argentino têm impressionado o mundo com sua sensibilidade, simplicidade e criatividade.
Conhecer o cinema argentino seja para reflexão ou entretenimento é um bom uso para o tempo de todos que gostam de cinema.
Confira algumas títulos argentinos, que nós da Oficina adoramos:
Plata quemada
Ano: 2000
Argentina/Uruguai/Espanha/França
Direção: Marcelo Piñeyro
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
O Filho da Noiva
(El hijo de la novia)
Argentina/Espanha
2001
Direção: Juan José Campanella
Prêmio: Premio Ondas de Cine a la Mejor Actriz
Historias Mínimas
Direção: Carlos Sorín
Ano: 2002
Argentina/Espanha
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
Clube da Lua
(Luna de Avellaneda)
Ano: 2004
Argentina
Direção: Juan José Campanella
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
O Segredo dos Seus Olhos
(El Secreto de Sus Ojos)
Argentina/Espanha
Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
O Homem ao Lado
(El Hombre de al Lado)
Ano: 2011
Argentina
Direção: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Prêmio: Sundance Film Festival Excellence in Cinematography Award: World Cinema Dramatic
Las Acacias
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Pablo Giorgelli
Prêmio: Caméra d’Or – Cannes
Indicações: Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro
Medianeras
Ano: 2011
Argentina/Espanha/Alemanha
Direção: Gustavo Taretto
Um Conto Chinês
(Un cuento chino)
Ano: 2011
Argentina/Espanha
Direção: Sebastián Borensztein
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
Relatos Selvagens
(Relatos Salvajes)
Argentina/Espanha
Ano: 2014
Direção: Damián Szifron
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Satellite Award de Melhor Filme Estrangeiro, Critics’ Choice Award: Melhor Filme Estrangeiro
Indicações: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
Truman
Espanha/Argentina
2015
Direção: Cesc Gay
Prêmio: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
* Capa – arte sobre fotografia de:
Infância Clandestina
Argentina
2010
Direção: Benjamín Avila
Indicações: Prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano
Polinizando ideias: Los Carpinteros: Objeto Vital
Os três artistas que iniciaram em 1992, em Havana – Cuba, o coletivo Los Carpinteros, muito provavelmente não conhecem Marco Antônio, que trabalha como segurança em São Paulo, Brasil, mais especificamente no CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil.
Ele, no entanto, conhece parte da vasta obra e dela fala com paixão e propriedade aos que têm a sorte de demonstrarem interesse pelos significados da arte do coletivo quando não há nenhum monitor por perto e é horário de trabalho de Marco Antônio, que além de cuidar da segurança das obras, as protege da superficialidade, detalhando fatos e desejos dos seus autores e provocando admiração.
A exposição “Los Carpinteros: objeto vital” é composta por desenhos, aquarelas, esculturas, instalações, vídeos e obras que utilizam, de forma criativa, a arquitetura, a escultura e o design e aliam a competência artesanal ao pensamento crítico e conceitual que só a arte é capaz.
Podem ser apreciadas obras de todas as fases do coletivo, desde sua visão bastante entremeada com aspectos cubanos e sua crise econômica e política que teve seu auge no início do coletivo, passando pela ampliação da visão dos artistas que resultou em obras mais plurais, em sintonia não apenas com Cuba, mas com o mundo, até obras inéditas, feitas exclusivamente para esta exposição.
O belíssimo edifício do CCBB – SP faz uma boa acolhida à diversidade de obras do coletivo e ainda nos brinda com Marco Antônio, um segurança que, ao não se limitar à sua função, faz um espetáculo à parte e, ao mesmo tempo, interligado com os desejos dos artistas demonstrados em todas as suas obras, mas explicitado em “Marquilla Cigarrera Cubana”, obra que integra madeiras nobres encontradas em casarões abandonados por ricaços americanos com a pintura, e mostra a arte dessacralizada, onde dois dos artistas aparecem despidos, visitando uma sala de museu, como a dizer, “estamos aqui, nus apresentando autenticamente a nossa arte”.
Dois vídeos diametralmente distintos que a integram, mostram a pluralidade de alta qualidade de Los Carpinteros e convidam, a não perder a vontade de voltar a jogar.
Exposição: Los Carpinteros: Objeto Vital
Artistas: Alexandre Arrechea, Dagoberto Sánchez e Marco Valdes.
Local: CCBB São Paulo
Curadoria: Rodolfo de Athayde
Quando: 30/07 a 12/10/2016
Foto: Marli Gavioli
Café com a Oficina: Humilhação no trabalho
Um supervisor avisa o gerente que um equipamento importante parou de funcionar. O gerente levanta gritando, bate na mesa, diz que aquilo é inadmissível, berra que o supervisor é um incompetente.
Uma reunião importante está acontecendo com vários gerentes há menos de 15 minutos. Um diretor adentra à sala sem bater, aponta acintosamente para um dos gerentes e grita: “Chega, saia já dessa sala agora! Vamos, eu quero falar com você agora!”
Um colaborador comete um erro em seu trabalho. Seu gestor chama a equipe toda e mostra o equívoco cometido e diz na frente de todos: “Você é muito incompetente, trate de melhorar, ou vai pra rua!
Um gerente de uma área encontra outro no meio do salão repleto de baias de trabalho e começa a dizer em altos brados: “Sua área é um lixo, vocês só fazem barbaridades.”
Um colaborador faz, com muito empenho e qualidade, um trabalho que lhe foi solicitado por seu gestor. Este lhe diz que o trabalho ainda não está muito bom e nunca mais fala do assunto. Meses depois o colaborador descobre que aquele trabalho foi apresentado à diretoria como sendo do gestor, sem menção alguma a seu nome.
Um novo colaborador é contratado. Sem motivo específico, os demais o rejeitam, não o convidam para nada, falam mal dele pelas costas, ou o colocam em situação vexatória.
Um excelente colaborador faz o trabalho para o qual foi contratado, mas exerce também há 2 anos função de gestão, sem receber por isso. Ao falar sobre o tema, lhe dizem que a empresa não comporta um cargo de gestão naquela área, que não tem condições de remunerar um gestor. O colaborador acaba por buscar oportunidades em outra empresa, joga super limpo com sua empresa atual e diz que treinará seu substituto antes de sair. Como a área de recrutamento e seleção não consegue ninguém do mesmo nível para substituí-lo, acabam por subir o salário e o nível do cargo – para poder contratar alguém de nível ainda inferior, mas satisfatório. O antigo colaborador, destruído em sua auto estima, mas rigoroso com seus valores, treina seu substituto.
Estes 7 relatos são retratos de fatos reais e recentes. A violência psicológica é uma triste, dura e feia realidade dentro de muitas empresas. Não contribua com este sofrimento sendo opressor, ou assistindo de cadeira a humilhação sofrida por quem não tem forças ou coragem para reagir. O trabalho não deve ser fonte de sofrimento, mas de prazer e realização.
Café com a Oficina: Medalha! Medalha!
O desejo de ganhar medalhas marcou definitivamente o personagem Cão Muttley, do desenho Corrida Maluca da Hanna Barbera e, nos jogos olímpicos mostra a força de sua atração. A medalha é o ápice do reconhecimento e a grande marca de um trabalho bem feito. Um medalhista olímpico é um símbolo de luta, de extrema dedicação, de superação.
O esporte é sempre muito claro em mostrar vencedores e vencidos, mas algo que nem todos sabem, é também pródigo em valorizar o esforço, sem o qual não haveria atletas, não haveria avanço, não apenas no esporte, mas nos mais diversos campos da humanidade. Muitas vezes, o que separa um campeão de um quarto lugar – que não leva medalha – são apenas alguns segundos, ou até centésimos em algumas modalidades.
Desde os Jogos Olímpicos de 1948, em Londres, o Comitê Olímpico Internacional passou a reconhecer, com um diploma olímpico, os atletas que chegam em quarto, quinto e sextos lugares. Desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, os diplomas passaram a ser dados também aos sétimos e oitavos colocados.
Para a Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro, foram confeccionados pela Casa da Moeda do Brasil 37.347 diplomas de premiação feitos com papel filigranado, feito com madeira extraída legalmente. Os medalhistas também recebem o diploma, que tem tamanho A3 (29,7cm x 42 cm), com selos dourado, prateado e bronze para refletir o prêmio ganho. Para os atletas que ficam da quarta à oitava posição, o selo no diploma é verde.
Somente chegar a ser um atleta olímpico já é um feito maravilhoso e para muito poucos, considerando a população mundial. Chegar até a oitava colocação é extraordinário e merece reconhecimento, pois estes seres humanos de extrema dedicação proporcionam emoções inimagináveis não apenas a seus companheiros, técnicos e familiares, mas a um país, ou ao mundo todo, quando mostram atitudes impressionantes, no desempenho de seus esportes, ou escolhendo ser realmente olímpico e apontar falhas do juiz ou do próprio concorrente, o que facilitaria injustamente sua vida.
Precisamos nos inspirar nestes exemplo de reconhecimento do Comitê Olímpico e aprender a reconhecer não apenas os resultados, mas os esforços de quem está à nossa volta, seja um colega, um gestor, um parente, um amigo.
Grandes resultados vêm com pequenos esforços de reconhecimento.
Café com a Oficina: Dois pesos e duas medidas no feedback
Estamos no fervor das Olímpiadas e atletas comprometidos e que dedicam cada minuto de sua vida ao esporte, dividem o espaço com jornalistas, alguns dedicados a retratar as histórias mais emocionantes e outros as mais vexatórias
A ginasta Daniele Hypólito é um dos pilares da ginástica olímpica brasileira e teve um bom desempenho na sua apresentação no aparelho conhecido por trave, e sofreu uma queda no exercício de solo da ginástica artística durante a fase classificatória. Ainda assim, suas performance ajudou o time brasileiro a se classificar para as finais. Com as câmeras das TVs mundiais com foco nela, enquanto aguardava que os juízes promulgassem suas notas, ela claramente pediu desculpas ao público. Assumir a responsabilidade é um ato nobre e de clara consciência e, quando isso acontece, quem cometeu algum erro, não por negligência, mas no auge da dedicação, não merece que seja relevado seu erro, por que ela mesma já o fez, mas sim os seus acertos, e a própria dedicação é um destes pontos muito positivos.
Um repórter do SporTV querendo relevar sua queda no solo, ouviu de Daniele: “Você só fala da queda, não da trave”. Seu desabafo teve grande repercussão nas redes sociais.
Seu irmão, o também ginasta Diego Hypólito, homenageou a irmã e publicou um desabafo:
“Parabéns guerreira! Você não tem que pedir desculpas! Pois você se dedica diariamente 27 anos consecutivos! Você me fez acreditar que a dedicação é uma vitória! Todos sonham em estar em uma olimpíada e você conseguiu 5 vezes! Abriu portas para a ginástica brasileira quando conquistou a primeira medalha da história em mundiais no ano de 2001 são 15 anos depois e você por seus méritos continua sendo titular da seleção brasileira! Nós que temos que te agradecer por mostrar que todos podemos ser campeões na vida se nos dedicarmos! Te amo”.
Muitas pessoas e muitas empresas não reconhecem o esforço, apenas a fria conquista do resultado. Esquecem que muitos se dedicaram muito antes que os necessários resultados sejam alcançados e não percebem que a falta de feedback positivo sobre os, por vezes pequenos pontos de conquista, pode levar ao desânimo e, aí sim, desnecessários recursos e energia terão que ser colocados para atingir resultados que viriam muito mais facilmente se os esforços fossem devidamente reconhecidos e valorizados.
Café com a Oficina: Modelo Mental ofensivo
Modelo mental é um pré conceito, isto significa que, sem conhecer de fato alguma pessoa ou grupo de pessoas, alguma questão, localidade ou produto alguém tem uma expectativa ou julgamento baseado em generalizações, que ele ou outros fizeram e acabaram por se tornar verdades para os incautos, preguiçosos ou ignorantes.
Por exemplo, dizer que “todas as mulheres dirigem mal” tira de boas motoristas possibilidades de trabalho, pois são rejeitadas ou nem mesmo consideradas. Ou, “a África é formada por um povo ignorante” é um julgamento em bloco que desconsidera, por exemplo, que a África do Sul já recebeu 4 prêmios Nobel, sendo um deles de literatura, além de ter a arrogância de definir o que é e o que não é ser ignorante.
Nesta semana Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, cidade sede das Olimpíadas 2016, despejou por falta de capacidade em assumir responsabilidades, o modelo mental chavão que pessoas preguiçosas têm sobre a Austrália.
O que aconteceu é que o Comitê Olímpico da Austrália encontrou e denunciou vários problemas na Vila Olímpica, desde vazamentos e entupimentos a teto caindo e fios desencapados, classificou a vila como “inabitável” e transferiu-se para um hotel. A resposta de Eduardo Paes foi jocosa e prepotente:
“O Brasil tem essa coisa de receber bem e de acolher, mas é uma mudança de muita gente ao mesmo tempo. É natural que você tenha algum tipo de ajuste a fazer, mas vamos fazer os australianos se sentirem em casa aqui. Estou quase botando um canguru na frente para pular na frente deles”, disse Paes na cerimônia de inauguração da Vila.
É de se refletir se o que significa receber bem para o Sr. prefeito é recepcionar os visitantes em uma casa, em que nem mesmo o banheiro funciona e se a visita não gostar disso, tratá-la com arrogância e preconceito.
A resposta da Austrália foi a correta: “Não queremos cangurus, queremos encanadores”.
Esse momento vergonhoso da nossa história é útil para que se possa pensar se os desastrosos modelos mentais direcionam nossas ações com outras áreas, com fornecedores, com clientes ou com qualquer pessoa que se enquadre em um rótulo que deixemos que seja transformado em uma injusta verdade.
Cuidado: Modelos Mentais podem ser muito ofensivos e trazer consequências de difícil solução.
Polinizando Ideias com a força das pessoas.
Vejam só que belo. Duas mil pessoas compareceram na abertura do 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, que acontece no Memorial da América Latina, e assistiram a pré-estreia de “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert. Não acha grande coisa?
Gente bravíssima, que foram conferir algo gratuito, que não é um show pirotécnico, uma estrela musical ou algum enlatado comercial. Não há “vantagem” nenhuma de soberba, de alguma posse instantânea pelo valor do ingresso. Foram em pleno frio rasante paulistano, com o único intuito de se conectarem com a arte.
Volta e meia isso acontece em solo paulistano. Essa cidade é problemática, mas muitas e muitas pessoas almejam o diferente. São elas que levam esse negócio pra frente. Salve.
Algumas pessoas saudosistas repetem o mantra que “no tempo delas havia mais interesse cultural, havia mais qualidade nas obras.” Essas pessoas que tentam subjugar outras gerações, são as que menos fazem algo que estimule o pensamento de agora. Talvez nunca tenham feito em tempo algum.
Esse tipo de manifestação em prol da cidade é o cerne do progresso. Deveria ser exibida e comentada no jornal em horário “nobre” – seja lá o que for isso – para que se replique cada vez mais. Mas não, repetem os meandros políticos intermináveis, como se apenas eles, os dirigentes políticos, pudessem decidir o chão de amanhã. Há de se louvar os que tentam sair da mesmice, para que tenhamos menos ódio e mais reflexão.
Precisamos louvar todas as pessoas que tentam avançar pelo meio mais difícil, porém mais inteligente. Maquinando sua mente em prol de si e consequentemente facilitando o avanço do próximo. Niemeyer ficaria feliz com essa imagem.
11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo
20 a 27/07
Confira a programação completa:
www.festlatinosp.com.br/2016
Foto: Divulgação Memorial da América Latina