Polinizando ideias: Blade Runner 2049 e o poder de uma lembrança

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Blade Runner 2049 quase se chamou na tradução em português: “Blade Runner – Androides Sonham”, nome que se refere ao livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick e que inspirou o primeiro filme “Blade Runner” lançado há 30 anos.
A imaginação humana é capaz de alguns inusitados carinhos, como neste Blade Runner 2049, onde lembranças de infância, cuidadosamente imaginadas para parecerem verdadeiras, são implantadas nos replicantes (androides) que foram criados à imagem e semelhança de humanos adultos, para serem seus escravos em tarefas que não interessam aos homens e mulheres de uma terra imprópria para a vida.
A justificativa para as lembranças (que são vitais ao roteiro) é a de propiciar acalanto à dura vida dos replicantes.
Pequenos carinhos podem ser grandes diferenciais, por propiciar momentos de prazer e felicidade que, por vezes, grandes esforços seriam incapazes de proporcionar.
Uma toalha quente para higienizar as mãos em um restaurante japonês, um bombom de boa qualidade sobre o travesseiro de um hotel, um bilhete de boas vindas no trabalho na volta das férias, uma janelinha para a terra (dizem os astronautas), um atendente de padaria que já sabe o que você deseja e o prepara com cuidado, um desenho do seu filho te abraçando.
Se uma empresa consegue encontrar esse meio gentil, carinhoso e genuíno de propiciar um momento de felicidade ao seu cliente, ela se aproxima de uma relação de confiança que tem valor inestimável. Agora, se uma empresa consegue ter ações de carinho e cuidado genuíno com seus empregados, certamente fará com que seu produto, serviço e imagem sejam da melhor qualidade.
Blade Runner 2049
Direção: Denis Villeneuve
Com: Ryan Gosling, Harrison Ford, Robin Wright, Dave Bautista
Estados Unidos
2017

Café com a Oficina: A Tesla e a criação do futuro

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Você conhece a Tesla? Seu CEO, Elon Musk, fazia parte de dois conselhos consultivos do governo americano e declarou esta semana em seu Twitter, momentos após Donald Trump anunciar que os EUA estavam deixando o acordo de Paris: “Estou abandonando os conselhos presidenciais. A mudança climática é real. Deixar o Acordo de Paris não é bom para a América ou para o mundo”. Após ele tomar essa decisão, vários CEOs de grandes empresas americanas o acompanharam.

 Sair na frente é o que a Tesla tem feito nos últimos tempos e os números acabam por antecipar um sucesso que possivelmente virá. Em abril/2017 a Tesla ultrapassou a centenária Ford em valor de mercado, passando a ser cotada em US$ 47,46 bilhões contra US$ 44,89 bilhões da Ford. O mais interessante dessa notícia é que a Ford produziu no primeiro trimestre do ano 1,7 milhão de carros e a Tesla apenas 25 mil carros.

 O que o mercado está valorizando é a visão privilegiada do futuro que a Tesla tem, com a produção exclusiva de carros elétricos e pensando inovações significativas, como pontos de recarga no meio das estradas e uma aplicação aos moldes do Uber, que eles já estão desenhando para o futuro.

 Elon Musk já tem dito a que veio. Além da Tesla Motors, foi criador do PayPal (que revolucionou os meios de pagamento) e da SpaceX (que está balançando os alicerces da conquista do espaço). Seu posicionamento em defesa do Acordo de Paris, que é um tratado que rege medidas de redução de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 e sua meta mais importante é tentar conter o aquecimento global, mostra a beleza e a força que tem um discurso alinhado com a prática.

 Empresas e suas pessoas, seus dirigentes, seus colaboradores não são desvinculados e mostram o que realmente se quer para o futuro. O mercado percebe e, por mais mercantilista (redundantemente falando) que seja, sabe que sem futuro não há possibilidades de ganhos para ninguém. Assim, investir em um futuro sustentável é dever e benefício de todos.

 O planeta e todas as suas demais criaturas agradecem.

Café com a Oficina: Dois pesos e duas medidas no feedback

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Estamos no fervor das Olímpiadas e atletas comprometidos e que dedicam cada minuto de sua vida ao esporte, dividem o espaço com jornalistas, alguns dedicados a retratar as histórias mais emocionantes e outros as mais vexatórias

A ginasta Daniele Hypólito é um dos pilares da ginástica olímpica brasileira e teve um bom desempenho na sua apresentação no aparelho conhecido por trave, e sofreu uma queda no exercício de solo da ginástica artística durante a fase classificatória. Ainda assim, suas performance ajudou o time brasileiro a se classificar para as finais. Com as câmeras das TVs mundiais com foco nela, enquanto aguardava que os juízes promulgassem suas notas, ela claramente pediu desculpas ao público. Assumir a responsabilidade é um ato nobre e de clara consciência e, quando isso acontece, quem cometeu algum erro, não por negligência, mas no auge da dedicação, não merece que seja relevado seu erro, por que ela mesma já o fez, mas sim os seus acertos, e a própria dedicação é um destes pontos muito positivos.

Um repórter do SporTV querendo relevar sua queda no solo, ouviu de Daniele: “Você só fala da queda, não da trave”. Seu desabafo teve grande repercussão nas redes sociais.

Seu irmão, o também ginasta Diego Hypólito, homenageou a irmã e publicou um desabafo:

“Parabéns guerreira! Você não tem que pedir desculpas! Pois você se dedica diariamente 27 anos consecutivos! Você me fez acreditar que a dedicação é uma vitória! Todos sonham em estar em uma olimpíada e você conseguiu 5 vezes! Abriu portas para a ginástica brasileira quando conquistou a primeira medalha da história em mundiais no ano de 2001 são 15 anos depois e você por seus méritos continua sendo titular da seleção brasileira! Nós que temos que te agradecer por mostrar que todos podemos ser campeões na vida se nos dedicarmos! Te amo”.

Muitas pessoas e muitas empresas não reconhecem o esforço, apenas a fria conquista do resultado. Esquecem que muitos se dedicaram muito antes que os necessários resultados sejam alcançados e não percebem que a falta de feedback positivo sobre os, por vezes pequenos pontos de conquista, pode levar ao desânimo e, aí sim, desnecessários recursos e energia terão que ser colocados para atingir resultados que viriam muito mais facilmente se os esforços fossem devidamente reconhecidos e valorizados.