Café com a Oficina: Dois pesos e duas medidas no feedback

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Estamos no fervor das Olímpiadas e atletas comprometidos e que dedicam cada minuto de sua vida ao esporte, dividem o espaço com jornalistas, alguns dedicados a retratar as histórias mais emocionantes e outros as mais vexatórias

A ginasta Daniele Hypólito é um dos pilares da ginástica olímpica brasileira e teve um bom desempenho na sua apresentação no aparelho conhecido por trave, e sofreu uma queda no exercício de solo da ginástica artística durante a fase classificatória. Ainda assim, suas performance ajudou o time brasileiro a se classificar para as finais. Com as câmeras das TVs mundiais com foco nela, enquanto aguardava que os juízes promulgassem suas notas, ela claramente pediu desculpas ao público. Assumir a responsabilidade é um ato nobre e de clara consciência e, quando isso acontece, quem cometeu algum erro, não por negligência, mas no auge da dedicação, não merece que seja relevado seu erro, por que ela mesma já o fez, mas sim os seus acertos, e a própria dedicação é um destes pontos muito positivos.

Um repórter do SporTV querendo relevar sua queda no solo, ouviu de Daniele: “Você só fala da queda, não da trave”. Seu desabafo teve grande repercussão nas redes sociais.

Seu irmão, o também ginasta Diego Hypólito, homenageou a irmã e publicou um desabafo:

“Parabéns guerreira! Você não tem que pedir desculpas! Pois você se dedica diariamente 27 anos consecutivos! Você me fez acreditar que a dedicação é uma vitória! Todos sonham em estar em uma olimpíada e você conseguiu 5 vezes! Abriu portas para a ginástica brasileira quando conquistou a primeira medalha da história em mundiais no ano de 2001 são 15 anos depois e você por seus méritos continua sendo titular da seleção brasileira! Nós que temos que te agradecer por mostrar que todos podemos ser campeões na vida se nos dedicarmos! Te amo”.

Muitas pessoas e muitas empresas não reconhecem o esforço, apenas a fria conquista do resultado. Esquecem que muitos se dedicaram muito antes que os necessários resultados sejam alcançados e não percebem que a falta de feedback positivo sobre os, por vezes pequenos pontos de conquista, pode levar ao desânimo e, aí sim, desnecessários recursos e energia terão que ser colocados para atingir resultados que viriam muito mais facilmente se os esforços fossem devidamente reconhecidos e valorizados.

Café com a Oficina: Modelo Mental ofensivo

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Modelo mental é um pré conceito, isto significa que, sem conhecer de fato alguma pessoa ou grupo de pessoas, alguma questão, localidade ou produto alguém tem uma expectativa ou julgamento baseado em generalizações, que ele ou outros fizeram e acabaram por se tornar verdades para os incautos, preguiçosos ou ignorantes.

Por exemplo, dizer que “todas as mulheres dirigem mal” tira de boas motoristas possibilidades de trabalho, pois são rejeitadas ou nem mesmo consideradas. Ou, “a África é formada por um povo ignorante” é um julgamento em bloco que desconsidera, por exemplo, que a África do Sul já recebeu 4 prêmios Nobel, sendo um deles de literatura, além de ter a arrogância de definir o que é e o que não é ser ignorante.

Nesta semana Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, cidade sede das Olimpíadas 2016, despejou por falta de capacidade em assumir responsabilidades, o modelo mental chavão que pessoas preguiçosas têm sobre a Austrália.

O que aconteceu é que o Comitê Olímpico da Austrália encontrou e denunciou vários problemas na Vila Olímpica, desde vazamentos e entupimentos a teto caindo e fios desencapados, classificou a vila como “inabitável” e transferiu-se para um hotel. A resposta de Eduardo Paes foi jocosa e prepotente:

“O Brasil tem essa coisa de receber bem e de acolher, mas é uma mudança de muita gente ao mesmo tempo. É natural que você tenha algum tipo de ajuste a fazer, mas vamos fazer os australianos se sentirem em casa aqui. Estou quase botando um canguru na frente para pular na frente deles”, disse Paes na cerimônia de inauguração da Vila.

É de se refletir se o que significa receber bem para o Sr. prefeito é recepcionar os visitantes em uma casa, em que nem mesmo o banheiro funciona e se a visita não gostar disso, tratá-la com arrogância e preconceito.

A resposta da Austrália foi a correta: “Não queremos cangurus, queremos encanadores”.

Esse momento vergonhoso da nossa história é útil para que se possa pensar se os desastrosos modelos mentais direcionam nossas ações com outras áreas, com fornecedores, com clientes ou com qualquer pessoa que se enquadre em um rótulo que deixemos que seja transformado em uma injusta verdade.

Cuidado: Modelos Mentais podem ser muito ofensivos e trazer consequências de difícil solução.