
Desde tempos imemoriais mulheres, homens e crianças têm se reunido em torno do fogo, para contar e ouvir histórias. Uma boa história aguça os sentidos, provoca a imaginação, inicia desejos, planta a semente de sonhos, amalgama a cultura.
Com o passar dos milênios chegamos a um estágio onde as histórias são contadas em tela grande, comtécnicas que querem fazê-la envolver a plateia quase que à força, 3D, 4D, XTREME e outras tantas. Mas um bom enredo ainda é insuperável para que a história seja inesquecível e não um amontoado de belas imagens e sons da mais alta tecnologia.
De uns tempos para cá o termo storytelling, que é mais um dos anglicismos que tenta entrar nos dicionários da língua portuguesa, está invadindo a área empresarial. Deixando de lado a briga linguística, contar boas histórias pode mesmo ser um meio muito favorável de provocar aprendizado, envolver para resultados e muito mais. Assim como uma boa história cativa públicos da literatura, do cinema, da televisão, do teatro, dos videogames, das propagandas, ela também pode ser um belo elemento para ajudar a estabelecer ligações interpessoais e vínculos duradouros com conceitos, facilitando o aprendizado.
Um exemplo da força que pode ter uma história:
Se você quiser explicar a alguém o conceito de resiliência, este poderá ser um momento enfadonho ou de baixa compreensão. Mas se você contar uma história pode ser que tudo fique mais claro e envolvente. Era uma vez uma moça, muito bonita, bem nascida e estudiosa que aos 25 anos de idade sofreu um acidente de carro, ficou 5 meses internada, 2 deles com respirador artificial. Deixou o hospital sem nenhum movimento do pescoço para baixo, e, mesmo assim, três anos depois começou uma ONG que depois de 20 anos continua viva como um Instituto que apoia pesquisas para cura de paralisias e faz projetos de inclusão social para atletas e outras pessoas com deficiência.
O fato de passar à condição de ser uma pessoa tetraplégica não minou seus sonhos. Foi a primeira titular da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da cidade de São Paulo e com isso, a cidade que tinha 300 elevou para 3 mil o número de ônibus acessíveis com bancos largos para obesos e piso baixo para cadeirantes. Conquistou muitas outras coisas, movendo apenas o pescoço, mas deixando muito ativo seu cérebro e cuidando sempre e sempre de seu corpo paralisado. Há doze anos é colunista da Revista TRIP e suas 50 melhores crônicas foram reunidas no livro Íntima Desordem e também tem colunas em vários jornais e portais da internet onde conta histórias de pessoas com deficiência que superam seus limites.
Foi eleita vereadora e depois reeleita como a mulher mais votada do Brasil. Foi eleita e agora reeleita deputada federal – e, lembrando que apenas os músculos de seu pescoço para cima estão ativos – faz cada dia mais diferença na vida de 30 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência que existem no Brasil.
Depois de 21 anos de seu acidente, ela conseguiu com esforço contínuo em exercícios, fisioterapia e muita força pessoal, recuperar parte dos movimentos do braço e conseguiu conduzir sua cadeira de rodas sozinha, pela primeira vez. Resiliência? Na história dela tem muito mais exemplos, que este pequeno extrato não trouxe.
Conte histórias, como esta sobre a Mara Gabrilli, que envolvem, fazem aprender, refletir e mudar!
Para saber mais: http://maragabrilli.com.br/
Foto: divulgação